Estamos entre dois Grandes Prémios, a uma semana de um agosto totalmente dedicado às férias. Mas quando o "paddock" regressar para correr no circuito de Spa-Francochamps, uma das coisas do qual ainda terá de resolver é algo chamado Acordo (ou Pacto) de Concordia. É um assunto do qual muito pouco se sabe, mas que tem de ser resolvido este ano, sob pena da situação se complicar para construtores, promotores e a própria FIA.
Segundo diz Joe Saward esta quarta-feira, o grande obstáculo por estes tempos é a relutância da Mercedes em assinar o Pacto devido a várias coisas. Uma delas é a percentagem extra que Red Bull e Ferrari irão receber por parte de Bernie Ecclestone, devido à sua antiguidade e palmarés. A Mercedes quer uma parte semelhante, não tanto por si mas pelo passado das equipas anteriormente encarnadas como a Brawn GP, Honda, BAR e Tyrrell. Mas também surgiu novo obstáculo na forma do "caso Gribowsky", no qual se provou que o financeiro alemão Gerhard Gribowsky recebeu um suborno de mais de 40 milhões de dólares por parte de Bernie Ecclestone, em 2002, quando o Grupo Kirch foi à falência. Como é sabido, Ecclestone alega que foi chantageado, mas a Procuradoria de Munique não cai nessa justificação e a partir de agora, tenta evitar solo alemão com medo de ser detido para interrogatório.
Só este novo obstáculo poderá fazer com que a Mercedes, num caso extremo, decida que o melhor é não assinar o acordo, para que tenha as "mãos livres" para poder ir embora da Formula 1 quando quiser e bem lhe apetecer, e sem ter de pagar qualquer tipo de penalização. Nada mais justo para a marca de Estugarda.
Este exemplo serve para demonstrar que, ao contrário daquilo que Bernie Ecclestone anda a falar pelos quatro cantos da Terra, as coisas andam muito longe da realidade. E quando ouves Martin Withmarsh, o patrão da McLaren (e presidente da FOTA), a falar na CNN que as equipas se devem unir, é mais um sinal para fora de que no mundo hereméticamente fechado da Formula 1, há algo de podre se passa por estes tempos.
É sabido que existem muitas "guerras surdas" neste momento. Do muito pouco que se sabe, mesmo por parte dos "insiders", nota-se que existe por ali muita "guerra fria". As equipas, que querem um pedaço maior das receitas. A FIA, na figura de Jean Todt, que quer recuperar algum do domínio que teve no passado, e Ecclestone, claro, que quer manter o seu pulso de ferro sobre um negócio que lhe rende centenas de milhões de dólares por ano. Só que, claro, Ecclestone vai a caminho dos 82 anos, tem agora este caso com o Gerhard Gribowsky entre mãos - e que agora faz com que evite a Alemanha como se Adolf Hitler e o partido nazi ainda estivesse no poder - e a crise mundial contiunua a moer as finanças de toda a gente, e não é só na Europa.
No final, creio que o Acordo será assinado, com ou sem a Mercedes pelo caminho. Mas como este será muito provavelmente o último durante a existência de Bernie Ecclestone, pode significar que a tempestade será adiada por mais alguns anos. Com as equipas historicamente desunidas - apesar de ter aparecido a FOTA - do qual Ecclestone soube aproveitar essa desunião para levar sempre a melhor, quando haver novas reuniões com vista a novo Acordo, as hipóteses de tudo isto acabar numa tempestade que abalará as fundações da Formula 1 são reais.
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