quinta-feira, 2 de agosto de 2012

5ª Coluna: A arte de manter os pés na terra

O homem do momento na GP3 fala português: Antonio Felix da Costa venceu no fim de semana que passou as duas corridas do fim de semana húngaro, sendo muito inteligente quando tinha de ser, e sendo imperial quando tinha de demonstrar que era o mais rápido na pista. O melhor piloto de uma equipa experimentada como a Carlin, com esta dupla vitória, relançou-se no campeonato e demonstrou que a Red Bull fez muito bem em apostar nele para a sua equipa de jovens pilotos, rumo à Formula 1. 

Que foi um fim de semana de sonho, foi. Afinal de contas, numa competição artificialmente equilibrada como a GP3 - onde os oito primeiros tem a grelha invertida na segunda corrida - ter um piloto a vencer as duas corridas do fim de semana é de facto um grande feito. Nesse aspecto, Felix da Costa entrou na história e mostrou que está no caminho certo para chegar à Formula 1. E claro, mostrou também que a aposta que a Red Bull fez nele foi acertada. Ele está motivado e conseguiu dar a volta depois de um fim de semana anterior, na Alemanha, onde não conseguiu qualquer ponto. 

Contudo, como diziam os romanos, "sic transit gloria mundi". Pode-se ter relançado na luta pelo título na GP3, e pode também ter conseguido um lugar para o "rookie test" am Abu Dhabi, lá mais para o final do ano, a bordo de um Red Bull ou de um Toro Rosso. Mas Jaime Alguersuari, Sebastien Buemi, Jean-Eric Vergne e Daniel Ricciardo também conseguiram vencer títulos nas categorias inferiores - pilotos patrocinados pelos energéticos venceram as três últimas edições da Formula 3 britânica - e lutaram para conseguir algo na Toro Rosso, quando chegaram à Formula 1. 

Não sei também se vai a tempo de vencer este campeonato. O líder é o neozelandês Mitch Evans, piloto que é apoiado por... Mark Webber (a MW Arden é parcialmente propriedade do piloto australiano) já tem um avanço suficiente para poder controlar - apesar de ter tantas vitórias como Felix da costa: três - e somente faltam quatro corridas, ou dois fins de semana, para o fim do campeonato de GP3. Numa competição em que a regularidade é arma, aquele fim de semana "a zeros" em Hockenheim faz-lhe mossa, apesar de ser um piloto veloz. Para o título, acho que já vai tarde, mas nunca se sabe.

Mas a Red Bull, nesse aspecto, não olha muito o resultado nas categorias de acesso. Sebastian Vettel estava em 2007 a lutar com Alvaro Parente pelo título na World Series by Renault quando a Red Bull o chamou para substituir Scott Speed na Toro Rosso, e não foi por aí que Vettel deixou de ser o piloto veloz que é.

De facto, Antonio Felix da Costa está no bom caminho. Mas continuo a manter a minha prudência neste aspecto, e até acredito que em 2014 voltaremos a ter um português na categoria máxima do automobilismo. Mas chegar lá é uma coisa, manter-se é outra. Acho que ele é bom no que faz, mas temo a máquina da Red Bull, que é tão boa a triturar talentos...

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