Seis meses depois do acidente de Jules Bianchi em Suzuka, o seu pai, Philippe, falou sobre o estado de saúde do seu filho, que hoje está numa clinica de reabilitação em Nice, a sua terra natal. E pelas suas declarações, faz-nos deixar de coração partido, ao ouvir a angustia que ele e a sua mulher, a mãe de Jules, estão a passar agora.
A entrevista foi publicada esta manhã no jornal "Nice-Matin", e Bianchi sénior fala de um modo cândido sobre o que está a passar desde o momento que chegou à clinica onde está instalado, às angustias que passaram no Japão nos dias a seguir ao seu acidente, e desabafou sobre o que está a ser a sua vida desde o dia 5 de outubro de 2014.
"Nosso universo desabou em 5 de outubro de 2014", começou por dizer Philippe na entrevista ao periódico francês. "As perguntas que ninguém quer responder agora são sobre as perspectivas de vida: 'Ele vai conseguir? Se sim, ele será incapaz ou poderá ter uma vida normal?' Eu acho que esse tipo de acidente causa mais choque do que uma morte real. A dor é infinita. É uma tortura diária. Para as pessoas que ainda pensam nele, eu apenas quero agradecer e dizer que vamos dar notícias assim que as tivermos, sejam boas ou más", completou o gaulês.
"A única coisa que podemos dizer é que ele está lutando ferozmente como sempre. Todos os dias, Jules parece que está a correr uma maratona. Do ponto de vista médico, a sua condição é estável. E ele é bastante independente, sempre sem qualquer problema físico. Todos os órgãos estão funcionando sem assistência, mas, por agora, permanece inconsciente", explicou.
Questionado sobre se os neurocirurgiões que cuidam dele notaram alguma melhora na sua condição, Philippe afirmou: "Com esse tipo de trauma, nós sabemos que a evolução é lenta. Porém, comparado ao médico que operou Jules no Japão, agora a situação é outra. Quando chegamos ao Japão para vê-lo, não havia esperança. Falaram em lesões irreversíveis. Foi dito que não poderíamos transferi-lo antes de um ano, mas foi feito sete semanas depois, quando Jules rapidamente começou a respirar por conta própria de novo."
"Agora, os médicos dizem que não há uma intervenção específica que possa ser feita. A coisa mais importante é estimular Jules para que ele sinta a nossa presença ao seu lado. Então, nós nos revezamos a cada dia: sua mãe, seu irmão, sua irmã e eu. Também tem sua namorada, a Gina, que mora aqui agora. Às vezes, ele está mais ativo", contou.
Contudo, ele aponta alguma esperança: "Tendo estado ao seu lado na cama durante todo esse tempo, nós já vimos muitas coisas acontecerem. Às vezes, ele está mais ativo, ele se move, aperta a nossa mão, mas se isso é um mero reflexo é impossível saber. Jules é jovem. Tem apenas 25 anos e é muito forte fisicamente, mas ele sobreviveu a uma pancada de 93G's. Na verdade, eu tenho orgulho dele, sempre tive, mas agora ele está fazendo um enorme trabalho. Ele está progredindo, e nós esperamos uma nova evolução. E a próxima seria sair do coma", concluiu.
Lendo as declarações de Philippe Bianchi, vemos que é um homem cheio de esperança de que o seu filho saia do coma do qual está mergulhado há bastante tempo. Parece ter vivido o pior, mas a sua grande angustia é saber quando - e se é que vai despertar. Mas há alguma esperança, quando fala que respira por ele mesmo, não tem problemas em termos de órgãos internos, não há pneumonias ou outras doenças que normalmente aparecem em pessoas acamadas.
Contudo, a tal lesão axonal difusa, do qual Bianchi sofreu em Suzuka, é uma das piores lesões do qual se pode ter, não tanto por causa da sua gravidade, como pela sua incerteza. O cérebro, como explica pessoal como o Dr. Gary Hartstein, é um órgão ainda misterioso do qual só agora é que se está a descobrir convenientemente o seu funcionamento. Mas enquanto há vida, haverá sempre esperança.
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