Neste período de Grupo B, entre 1982 e 1986, várias marcas tentaram a sua sorte, umas com mais sucesso do que outras. Se Audi, Lancia e Peugeot foram bem sucedidas neste quesito, outras não tiveram tanto sucesso assim, apesar de alguns resultados interessantes, como a Toyota, que apostava nas provas africanas para se destacar. Mas houve outras marcas cuja participação foi demasiado curta e fez o suficiente para que fosse considerada como um fracasso. Isso, e as circunstâncias alheias à vontade das marcas e dos pilotos, especialmente na temporada de 1986. E foi nessa altura que surgiu um dos projetos de maior fracasso: o Citroen BX 4TC.
Com o sucesso da Peugeot, com o 205, a Citroen queria aproveitar o embalo para construir o seu próprio modelo, para poder competir com as marcas presentes. Contudo, sem um modelo pequeno o suficiente para ser ágil, optou por um carro longo, o BX. E a versão que foi construída era ainda mais longa, o que lhe dava problemas de agilidade.
O BX 4TC era um pouco maior do que o convencional por causa do seu turbocompressor. Com um motor de 2.2 litros baseado no Matra-Simca, tinha de ser montado em termos longitudinais, o que lhe dava um aspecto maior do que o normal. Com tração integral construído pela Heuliez, a suspensão era hidropneumática e a caixa de velocidade era proveninente do modelo SM, que tinha sido deixado de fabricar doze anos antes, porque era o único que aguentava a potência que o carro tinha, a rondar os 360 cavalos.
O carro fica pronto para correr no final de 1985, e é logo nos primeiros testes que se vêm os problemas do modelo: demasiado pesado, pouco potente e subvirador em curva, pois ao contrário de outros modelos, que Têm um motor central-traseiro, aqui, o seu motor está na frente. E para piorar as coisas, a suspensão hidropneumática não funciona tão bem quanto se esperava.
Mesmo assim, a marca inscreve dois carros para o Rali de Monte Carlo, para os franceses Jean-Claude Andruet e Philippe Wambergue. O seu andamento é modesto até que ambos abandonam devido a quebras na caixa de velocidades.
Ambos correm no rali seguinte, na Suécia, onde Andruet consegue o sexto lugar final, enquanto que Wambergue não chega ao fim. Eles só voltariam a correr no Rali da Acrópole, com mais um piloto, Maurice Chomat, mas nenhum dos três chega ao fim do rali. No final da temporada, o Grupo B é abolido, mas a marca já se tinha retirado da competição, não pensando mais nos ralis até ao final do século, com o Xsara de duas rodas motrizes.
Para piorar as coisas, em termos de vendas, os modelos de estrada do 4TC eram um fracasso. Dos 200 produzidos, apenas 62 foram vendidos. Caros e não muito eficientes, a marca decidiu alguns anos depois mandar os exemplares que nunca foram vendidos para a sucata. Hoje em dia, os exemplares sobreviventes são dos mais procurados no mercado dos clássicos.
No final, ficou a lição. Nos anos seguintes, a Citroen decidiu ir para os rally-raid, mais concretamente para o Dakar, desenvolver o ZX, dominador no inicio dos anos 90, e apenas regressar aos ralis no inicio do século, primeiro com o pequeno Saxo e depois com o Xsara, acompanhados um jovem vindo da Alsácia…
Ficha Técnica:
Modelo: Citroen BX 4TC
Motor: Citroen de 2.2 litros
Pneus: Michelin
Estreia: Rali de Monte Carlo 1986
Pilotos: Jean-Calude Andruet, Philippe Wambergue e Maurice Chomat
Ralis: 3
Vitórias: 0
Pontos: 6 (Andruet 6)
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