quarta-feira, 12 de setembro de 2018

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É a chegada mais espectacular da história da Formula 1, sejamos honestos. E podemos dizer isso porque não houve más consequências, e tudo não passou de um susto. A parte chata é que foi entre companheiros de equipa, que lutavam por um lugar que na altura... não era pontuável. E claro, é um dos episódios mais insólitos da história da Minardi. E faz hoje 25 anos.

O incidente envolveu os dois pilotos da marca, o brasileiro Christian Fitipaldi e o italiano Pierluigi Martini. Ambos iriam cortar a meta fora dos pontos - sétimo e oitavo - quando isto aconteceu. Lembro-me bem desse dia: as câmaras seguiam o vencedor, Damon Hill, quando cortaram de repente para a reta da meta, apanhando a fase final da queda do filho de Wilson Fittipaldi Jr, felizmente caindo de pé, como os gatos. "Queria que ele caísse nos meus braços!", desabafou Wilsinho, quando viu tudo aquilo na sua frente.

Hoje, o site da Globo Esporte entrevistou Christian - que vai largar o volante no final do ano, depois de mais de 30 anos de carreira - e ele lembrou dessa tarde de setembro, em Monza, ao jornalista Fred Sabino:

"No momento em que [o carro] levantou, a única coisa que passou na minha cabeça foi um filminho da vida inteira, dos momentos importantes da minha vida. O primeiro dia de escola, momento legais com meu pai, minha mãe. Acredite se quiser, pensei: 'Se o carro não cair nas quatro rodas, com certeza estarei em uma situação extremamente delicada.' Em termos práticos, eu não estaria aqui se o carro tivesse caído de cabeça para baixo.", contou.

"Cruzei a linha de chegada, soltei o cinto, desci do carro como se não tivesse acontecido nada. Eu não tinha nenhum arranhão, absolutamente nada, mas estava assustado evidentemente. Voltei para o motorhome e encontrei o Pier [Pierluigi Martini] lá dentro. O Giancarlo [Minardi] colocou a gente para conversar. Ele pediu desculpas, mas eu estava tão feliz em estar vivo que olhei para ele e falei: 'Deixa para lá, esquece, não vamos nem entrar no mérito da questão. Vamos virar a página e bora para a próxima corrida'".

Martini e Fittipaldi correram juntos por mais uma corrida no Estoril, antes que Jean-Marc Gounon ter dado dinheiro a Minardi para correr nas provas do Japão e da Austrália, e Fittipaldi ter aproveitado e saído da equipa, rumando depois para a Footwork-Arrows, naquela que viria a ser a sua última temporada na Formula 1, antes de rumar aos Estados Unidos e para uma carreira primeiro na CART, depois na Endurance americana, ao lado de pilotos como João Barbosa, Sebastien Bourdais e Filipe Albuquerque, vencendo provas em Daytona e Sebring. 

Mas na sua longa carreira, aquela tarde de Monza deve ter um lugar especial na sua memória.

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