Um século separam estas duas imagens. E o que têm em comum? A nacionalidade dos pilotos. Demorou cem anos entre René Thomas e Simon Pagenaud, mas a França tem de novo um "poleman" no Brickyard americano.
Pouca gente sabe, mas a França dominou o automobilismo americano nos seus primeiros tempos. Marcas como a Peugeot, a Ballot e a Delage participavam frequentemente nas 500 Milhas de Indianápolis, porque tinham os prémios mais chorudos do automobilismo - mesmo naquela altura - e vencer ali, especialmente vindo de uma nação pioneira no automóvel e no automobilismo, era um feito prestigioso. E ter carros franceses era garantia de competitividade.
Thomas era mais um dos muitos franceses que competiam nesses dias em paragens americanas. Outros como Georges Boillot, Jules Goux, Jean Chassagne, estavam em paragens americanas para tentarem a sua sorte como pilotos oficiais das equipas francesas. Thomas venceu em 1914, praticamente a penúltima prova onde participou antes de rebentar a I Guerra Mundial, onde esteve presente, mas depois foi dispensado para poder participar no desenvolvimento dos automóveis e na competição.
Em 1919, com o final da guerra, Thomas voltou com o seu Ballot, para tentar de novo a sua sorte. E começou bem quando conseguiu a pole-position, a uma média de 162 km/hora, um feito numa oval cheia de paralelepípedos como aquela. Acabou por não conseguir mais que o 11º posto final, numa corrida vencida por um americano, Howdy Wilcox, o primeiro a vencer desde 1912.
A vida de Thomas foi cheia. Também foi um pioneiro da aviação, voando pela Antoinette em várias demonstrações um pouco por toda a Europa, e em 1924, com um carro da Delage, ele estabeleceu um recorde de velocidade na localidade de Arpajon, deixando-o a 230 km/hora. Depois, reformou-se e teve uma vida longa. Dois anos antes de morrer, em 1975, aos 89 anos de idade, voltou a Indianápolis, onde foi ovacionado, dando umas voltas no carro que venceu a prova de 1914.
Os franceses esqueceram Indianápolis por duas gerações até aparecerem com Sebastien Bourdais e Simon Pagenaud. E por fim, precisamente um século depois da última vez, o piloto da Penske, e campeão em 2017, conseguiu a pole-positon para a prova mais importante do calendário. E o seu feito calhou em boa altura, porque venceu aqui no Indy GP, e numa altura em que parecia que a sua estrela estava a empalidecer, ao ponto de se questionar a sua presença na Penske.
Contudo, o mês de maio está a ser um sucesso para Pagenaud. Espera-se que não fique por aqui.
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