Quando soube que a Liberty Media tinha feito um acordo com o dono dos Miami Dolphins para construir nos seus terrenos um circuito para acolher aquilo que poderá ser o Grande Prémio de Miami, disse que entre o papel a a realidade ia uma longa caminhada, e que as coisas poderiam ficar pelo caminho. Até discuti esse meu cepticismo com o João Carlos Costa, o narrador da Formula 1 na Eleven Sports, dando como exemplo o inferno que foi ao Inter Miami, o clube de futebol do David Beckham anda a construir para a Major League Soccer, de arranjar um lugar onde ele poderia construir o seu estádio de futebol.
Pois bem, o meu cepticismo tem fundamentos bem fortes. E a ajudar isso foi este artigo da Jalopnik, datado de quarta-feira, onde se fala da polémica entre moradores, que não estão a favor desta corrida nas ruas da cidade mais populosa do estado da Florida, e o pessoal da Liberty Media, que chegaram a propor uma petição... a favor da prova! Tudo isto para saber se em maio de 2021 iremos ou ter os carros de Formula 1 à volta do estádio dos Miami Dolphins.
Como todos sabem, o acordo está feito, mas está sujeito a aprovação do Miami-Dade County Comission, que dirá se ambas as partes cumprem com os requisitos. Mas alguns moradores já lançaram uma petição a pedir o chumbo do acordo, que tem agora... uma contra-petição, da parte dos Miami Dolphins, para permitir que a Formula 1 venha para o seu local, que se pode encontrar no site oficial do Hard Rock Stadium.
Nesse site, existem algumas cartas já escritas, do qual só tem de preencher o nome do interessado, cujo conteúdo é algo como este:
A carta para a Miami Gardens, onde está situado o Hard Rock Stadium.
Caro [coloque nome do receptor]
"Residentes como eu elegem nossos funcionários para fazer o melhor para toda a [nossa] comunidade. No momento, temos o Super Bowl do automobilismo pronto para entrar na nossa comunidade - Fórmula 1. Mas alguns moradores que serão afetados por um curto período de tempo estão tentando pará-lo. Por favor, trabalhe para encontrar uma solução. Recusar grandes eventos como a Fórmula 1 é terrível para a nossa comunidade como um todo. Somos uma comunidade de classe mundial e devemos ser capazes de sediar eventos de classe mundial. Por favor, trabalhe e aprove a Fórmula 1. Vamos precisar desses empregos e do dinheiro [proveniente] do turismo."
E uma semelhante para o Conselho Municipal de Miami-Dade.
"Caro [posição do destinatário vai aqui] [sobrenome do destinatário vai aqui],
Música ao vivo, entretenimento e eventos desportivos oferecem boas oportunidades para nós no sector de hospitalidade (motoristas de Uber para hotéis), obtemos uma renda adicional, pois esses eventos criam uma enorme procura nos serviços de partilhamento de viagens. Durante a semana que antecede um grande evento como o Art Basel ou o Super Bowl, os táxis e os motoristas da Uber serão capazes de ganhar o que normalmente levaria quase um mês para entrar. Como o Grande Prémio de Fórmula 1 em Miami será uma oportunidade incrível para todos nós ganharmos mais dinheiro com mais visitantes na cidade, exorto fortemente que você faça da Fórmula 1 uma realidade para Miami-Dade!"
Sinceramente
As cartas são relativamente agressivas em termos de "defender a sua dama" porque o outro lado também está a levar a sua adiante da mesma forma. De acordo com o jornal "Miami Times", eles irão protestar em todos os jogos da equipa até fevereiro, alturas do Super Bowl, que vai acontecer... em Miami, no Hard Rock Stadium.
Pode-se pensar que tudo isso é uma tempestade num copo de água, especialmente quando o circuito ai ser construído maioritariamente em terrenos privados. Mas eles também querem usar partes de uma importante avenida da cidade, e isso vai mexer com autorizações comunitárias, e caso seja aprovado, irá perturbar o trânsito durante quase uma semana. E isso mexerá com os habitantes, para além do barulho e poluição que poderá causar. E essas coisas poderão pesar mais que todo o dinheiro que possam ganhar com uma realização destas.
A ver vamos. Cenas dos próximos capítulos que serão escritas no próximo ano.
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