terça-feira, 22 de outubro de 2019

A imagem do dia

Há dez anos, o Ricardo Santos fez um grafismo deste evento para o jornal i, e estes deram um título feliz, e claramente exagerado: "A III Guerra Mundial". Provavelmente acreditarei nisso quando Hollywood decidir fazer um filme sobre esses dois.

Não me interessa muito saber quem foi o culpado, porque isso já roça o sexo dos anjos. O que interessa saber é que isto já vinha de trás. E que Ayrton Senna perdeu o título muito antes. Provavelmente em Phoenix, quando o seu carro teve problemas e Alain Prost aproveitou para vencer. E depois em França, quando a sua embraiagem queimou, e o francês voltou a vencer. Foram 18 pontos em que não pontuou e Prost aproveitou muito bem.

Claro, o incidente do Estoril tinha acontecido quando Senna já estava em desespero de causa. E nesse campo, é quando se vê a verdadeira cara dos pilotos. E o brasileiro tinha um grande defeito: nunca foi um grande calculista, ao contrário de Prost. Que não lhe chamavam "O Professor" pela sua cara ou seu charme. Era porque sabia calcular bem, e sabia que ser o mais veloz na qualificação era mais simbólico que outra coisa, bastava partir de segundo e largar melhor que o poleman. E em 1989, Prost tinha a sua quota parte de títulos perdidos, atrevo a dizer desde 1981.

Mas mesmo assim, é indesculpável a manobra que fez, e depois largar o carro para ir correr, ter com os comissários e "pedir" a sua desqualificação. Jean-Marie Balestre bem disse que "a melhor decisão é a minha decisão", ou seja, as regras existem, mas a minha interpretação é a lei do dia. E nessa altura, o que não faltava eram os "VAR's". E para piorar as coisas, a imprensa do dia atiçava o duelo porque é como sabem: o que desejam é ver a tenda do circo a arder. 

É um momento para a história. Vai ficar marcado para o resto das vidas dos seus protagonistas e para além delas. Será discutido enquanto existirem testemunhas, e não falo das oculares, porque existem os videos, e esses ficarão para sempre para que cada geração tire as suas conclusões. 

E como também sabem, no ano seguinte houve a segunda versão disto.

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