domingo, 20 de setembro de 2020

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Quando já sabes quem vai ganhar as 24 Horas de Le Mans, qual vai ser o motivo que te vai agarrar à televisão durante boa parte do tempo? No meu caso em particuar, será saber se irei ver um português no lugar mais alto do pódio numa das classes e vê-lo corar como vencedor. E melhor: poder vê-lo ser campeão do mundo. E não era o António Félix da Costa.

No caso do Filipe Albuquerque, piloto de Coimbra e um dos condutores do Oreca 07 da United Autosports, a ideia era de mostrar em Le Mans o que tinha feito nas três corridas anteriores do Mundial WEC, quando subiu ao lugar mais alto do pódio na sua categoria em pistas como Spa-Francochamps, por exemplo. Ao lado de Phil Hanson, e em Le Mans pelo escocês Paul di Resta, ele mostrou toda a sua velocidade e a sua capacidade de não quebrar sob pressão. 

E agora, com umas 24 Horas de Le Mans que cada vez mais se assemelha a uma prova de "sprint", pois as quebras mecânicas são cada vez menores, mas os erros humanos ainda estão lá, foi um teste à mente. E ele disse, com razão que "foram as 24 horas mais longas da minha vida e os últimos minutos de corrida foram de loucos".

Isso porque o outro carro, o Oreca 07 da Jota, tinha entre eles, outro português, António Félix da Costa. Ao lado de Antonhy Davidson e Roberto Gonzalez, embora compita menos que o seu compatriota, ele tem o título de campeão da Formula E nas suas costas, e tinha de o mostrar. E a batalha entre eles foi épica, onde no final apesar de terem acabado a 17 voltas do Toyota vencedor, entre eles ficaram 32 segundos de diferença. Ao fim de 24 horas de condução contínua, diga-se.

Acreditamos sempre e lutámos até à última volta para vencer, mas sabíamos que não tínhamos o carro mais rápido, portanto a estratégia foi a de não cometer erros e procurar espreitar uma oportunidade”, referiu o piloto de Cascais. Mas teve o fair-play de dizer que, a perder, ao menos que fosse para um seu compatriota. "Fico contente com a vitória do Filipe e ficam os meus parabéns, foram uns justos vencedores e foi um prazer lutar durante toda a corrida, foi uma grande batalha e terminar uma corrida de 24 horas separados por 32 segundos mostra bem isso”, concluiu.

Pontualmente já o conseguimos, mas regulamentarmente precisamos de alinhar na última corrida no Bahrein. Por isso, para já, podemos festejar a vitória em Le Mans, o resto virá a seu tempo. A equipa fez um trabalho extraordinário, nós pilotos demos sempre o nosso melhor e não tenho dúvida que somos justos vencedores. Esta vitória é fruto de muito trabalho, muito empenho e muita garra! Estamos todos de Parabéns. Um obrigado especial a todos aqueles que têm acompanhado o meu percurso e que nunca deixaram de acreditar nele”, concluiu Albuquerque.

Já agora, o quinto lugar do Filipe Albuquerque iguala o seu melhor resultado na prova, que a alcançou em 2017, também num LMP2 da United Autosports, enquanto o sexto posto de Félix da Costa é, naturalmente, o seu melhor resultado pessoal, na sua terceira participação na prova. Nenhum dos dois, porém, ainda bateu o palmarés de Pedro Lamy, duas vezes segundo classificado da geral, em 2007 e 2011, e uma vitória na classe GTE Am, em 2012. 

No final, ficamos todos felizes ao vê-los no lugar mais alto do pódio, numa classe que todos dizem ser a mais equilibrada, numa altura em que aí vêm os Hypercarros e os LMPh, os carros DPi americanos, usados na IMSA, que terão uma motorização semelhante e que está atrair construtores para este mundial de resistência, desde e Toyota à Peugeot, com outros a interessarem-se, incluindo a Ferrari. E creio que toda esta gente está a olhar para estes pilotos que andam na segunda classe com ideias de os ter nos seus carros e dar o seu melhor quer no Mundial, quer na prova de La Sarthe, que em 2021 espera que volte a ser em junho, como costuma ser.

Mas hoje comemoremos este feito português, num "annus mirabilis" para as nossas cores.

1 comentário:

Red Bull RB6 disse...

Com o 2º lugar de Bruno Senna na classificação geral, ele repete José Carlos Pace em 1973, Raul Boesel em 1991 e Lucas Di Grassi em 2014. O Brasil continua na busca da primeira vitória nas 24 Horas de Le Mans.