quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A imagem do dia


Trinta anos depois, recordo o auge da carreira de Roberto Moreno, um piloto que os americanos chamam de "super-sub", e cujo talento, por um momento na sua vida, teve o carro que merecia, graças aos seu amigo Nelson Piquet

Moreno, nascido em Brasilia em 1959, conheceu Piquet muito jovem, quando trabalhavam na garagem Camber, e com os restos de um Carocha (Fusca), montaram um carro que deram o nome de "Patinho Feio". Chegados ao inicio dos anos 80, Moreno fez o salto para a Europa e aterrou um contrato de piloto de testes com a Lotus. Mas na sua primeira chance, no GP da Holanda de 1982, substituindo o britânico Nigel Mansell, não conseguiu qualificar. E ele disse, anos depois, que aquilo o fez recuar meia dúzia de anos de vida, pois a sua reputação só recuperou no final da década, comendo o pão que o Diabo amassou.

Nesse tempo, passou pela Formula 2, IndyCar e uma aparição em 1987, nas duas provas finais da temporada, pela francesa AGS, onde conseguiu o sexto lugar, e o seu primeiro ponto da sua carreira.

Contudo, em 1988, A AGS preferiu o francês Philippe Streiff, com um só carro, e tinha pouco dinheiro para continuar a sua carreira. Apostou tudo na Formula 3000, e... deu certo. Triunfou em quatro provas e acabou como campeão, aos 29 anos. 

E claro, regressou à Formula 1.

Mas as passagens por Coloni (1989) e Eurobrun (inicio de 1990) foram frustrantes, porque numa altura em que havia as pré-qualificações, apenas conseguiu entrar em seis corridas, com um 13º posto em Phoenix como melhor resultado. O seu talento conseguia tirar "leite de pedra", mas eram raros os momentos de triunfo.

Até que, no inicio de outubro, com a Eurobrun a fechar as portas, Moreno estava sem lugar e sem grandes perspetivas de futuro. Até que o acaso entrou na sua vida.

Uma semana depois do GP espanhol, Alessandro Nannini experimentava o seu novo helicóptero na sua Siena natal quando perdeu o controlo do aparelho e acabou acidentado. O seu braço fora decepado, mas conseguiu-se reimplantar. Contudo, ele não podia correr nas duas rondas finais da temporada, e precisavam de um substituto de imediato. Moreno, apoiado por Nelson Piquet, seu amigo, entrou no carro, fez o banco e foi correr na proa japonesa. E ali, aproveitou bem os acidentes dos outros para subir na classificação e no final, voltar a pontuar, quase três anos depois.

E no final, a sua reação, depois de uma corrida dura, ao subir ao pódio ao lado do seu amigo que conhecia desde seus tempos de infância, fez derreter os duros. Porque por tudo o que lutou merecia um dia como aquele. E claro, comemorou bastante, num pódio totalmente anormal. Primeiro, um Nelson Piquet que não estava ali desde 1987, e depois, com Aguri Suzuki a conseguir o seu primeiro pódio de sempre, no seu Lola-Lamborghini.  

1 comentário:

Cars Beauty & Desired disse...

Roberto Moreno , assim como Nelson Piquet , nasceu no Rio de Janeiro em 11 de Fevereiro , 1959 . Algum tempo depois se mudou para Brasília , onde cresceu !