segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A história de uma piloto que nunca ouviremos falar


Encontrar assuntos para falar nestas bandas não é fácil, mês após mês. Confesso que muitas das vezes, para escrever por aqui, é quase à última da hora, o último dos dias, quase um "deadline" típico do melhor do jornalismo, ou se quiserem, o que a pressão sabe trazer ao de cima o melhor - ou o pior - das pessoas. 

Mas às vezes, o acaso nos faz colidir com histórias fascinantes, obscuras até. E a de hoje calhou ler um artigo da Motorsport Magazine, escrito por Mark Hughes. A partir dali, deu para explorar mais e descobrir a história de uma prodigio que, bastou apenas 15 meses para mostrar o seu melhor, e pensar no que poderia ter sido, se um acidente bizarro não acabasse prematuramente com a sua vida. Então, hoje falo de Lorraine Peck. Uma menina que poderia ter sido, não a primeira, mas provavelmente a melhor piloto de Formula 1 de todos os tempos. E tinha tudo para lá chegar, não só no talento, mas também no financiamento.

Nascida em agosto de 1958, Lorraine Peck tinha mostrado talento aos 14 anos no karting, que nesses inicios da década de 70 começava a ser já a modalidade de eleição para aqueles que pretenciam iniciar uma carreira no automobilismo. O pai de Peck, que trabalhava na área da imobiliária, tinha olhado para ela com a ideia do seu talento a andar nessas velozes máquinas e começou a bancar uma carreira, logo em 1973. E rapidamente se notou pela sua velocidade e capacidade de adaptação. Em 1974, o seu talento não passava despercebido, ao ponto de ter sido selecionada para a equipa britânica de kart que nesse ano, foi a Rye House, e disputar o mundial contra a toda-poderosa Itália, por exemplo. (...)

Os anos 80 foram uma altura em que algumas mulheres brilharam no automobilismo, e um desses exemplos foi Michele Mouton, a francesa que foi vice-campeã do mundo em 1982, a bordo de um dos poderosos Audi Quattro de Grupo B, contra gente como Walter Rohrl, Ari Vatanen, Stig Blomqvist, Henri Toivonen ou Juha Kankkunen. Mas poderia ter aparecido outra mulher no panorama e provavelmente ter feito tão bons resultados... mas na pista. Isto, se o destino não tivesse interferido. 

Ainda hoje se fala nos circulos do karting britânico sobre Lorraine Peck, que em 1975 se tornara na segunda melhor piloto britânica e tinha sido vice-campeã do mundo na sua classe, na frente de gente como Elio de Angelis, por exemplo. E tinha um Formula Atlantic à espera depois de participar numa final do campeonato do mundo na Alemanha, se não tivesse sofrido um acidente fatal a 10 de julho de 1975. 

E é sobre a história obscura de uma rapariga que poderia ter conseguido alguma coisa - ou não - que escrevo este mês no site nobres do Grid

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