Das suas três vitórias na Formula 1, duas delas aconteceram debaixo de chuva, nomeadamente o GP do Canadá e o GP da Austrália de 1989, ambos ao serviço da Williams. O GP da Hungria de 1990 foi alcançado contra todo um pelotão que o queria ultrapassar - de Mansell a Prost, de Senna a Piquet - depois de ter largado da pole-position, a única da sua carreira.
Contudo, o seu primeiro pódio foi uma mistura de sorte, sobrevivência e uma desclassificação. Foi o que aconteceu no GP de San Marino de 1985.
Tinha chegado à Formula 1 pela Arrows, depois de duas temporadas na Formula 2 - fora vive-campeão em 1981 - e depois de pagar meio milhão de dólares para ficar com o lugar e estrear-se no GP da Bélgica, no ano em que regressava Spa-Francochamps ao calendário. Em 1984, conseguiu cinco pontos, os primeiros na sua carreira, e continuava no ano seguinte, com um novo companheiro de equipa, o austríaco Gerhard Berger, vindo da ATS.
Ali, em Imola, Boutsen começou a surpreender com o quinto melhor tempo, a quase seis centésimos da pole-position, conquistado por Ayrton Senna. Mas ficou a menos de um centésimo do terceiro posto, ocupado pelo Ferrari de Michele Alboreto. Aliás, a Ferrari tinha um novo piloto, na figura do sueco Stefan Johansson, depois de despedirem René Arnoux após o GP do Brasil, onde acabou a corrida em quarto lugar. Em contraste com Alboreto, Johansson largava de 15º
A corrida foi sem grande história... até cerca da volta 56, a quatro do fim. Nessa altura, Senna liderava, seguido de Johansson, Prost, De Angelis e Boutsen. Parecia que o brasileiro ia a caminho de ficar com o comando do campeonato, mas de repente, o carro começou a gaguejar, mostrando que estava a ficar sem combustível. Johansson passou-o, enquanto o brasileiro encostava, frustrado por não ter mais no seu depósito, numa altura em que eles estavam limitados a 195 litros para gastarem na corrida. E claro, os tiffosi entravam em delírio.
Mas foi por pouco. Nem uma volta fez na liderança, porque também ficou sem combustível e foi passado por Alain Prost, no seu McLaren, com Elio De Angelis atrás. O francês entrou em primeiro na última volta e cortou a meta como vencedor. Mas... havia mais drama. Até o próprio Boutsen se meteu nisso!
Terceiro na entrada da última volta, teve que levar o carro ao colo para cortar a meta - saiu do carro e empurrou-o! - porque também ficara sem combustível no seu motor BMW Turbo, desconhecendo se tinha perdido o pódio para o Renault de Patrick Tambay. No final, descobriu-se que o McLaren estava dois quilos mais leve que o mínimo permitido e acabou por ser desclassificado, dando a De Angelis a sua segunda vitória na sua carreira - e infelizmente, a última - e a Boutsen o primeiro pódio para a Arrows desde 1981... em Imola, com Riccardo Patrese ao volante. E o primeiro de 15 pódios na sua carreira.
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