quarta-feira, 13 de julho de 2022

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Thierry Boutsen faz hoje 65 anos, e hoje recorda-se este piloto, vencedor de três Grandes Prémios e que correu pela Arrows, Benetton, Williams, Ligier e Jordan, por onze temporadas. Um piloto que abrilhantava os lugares secundários, conseguiu, para além disso, dois segundos lugares nas 24 Horas de Le Mans, um deles em 1993 ao serviço da Peugeot.

Das suas três vitórias na Formula 1, duas delas aconteceram debaixo de chuva, nomeadamente o GP do Canadá e o GP da Austrália de 1989, ambos ao serviço da Williams. O GP da Hungria de 1990 foi alcançado contra todo um pelotão que o queria ultrapassar - de Mansell a Prost, de Senna a Piquet - depois de ter largado da pole-position, a única da sua carreira. 

Contudo, o seu primeiro pódio foi uma mistura de sorte, sobrevivência e uma desclassificação. Foi o que aconteceu no GP de San Marino de 1985. 

Tinha chegado à Formula 1 pela Arrows, depois de duas temporadas na Formula 2 - fora vive-campeão em 1981 - e depois de pagar meio milhão de dólares para ficar com o lugar e estrear-se no GP da Bélgica, no ano em que regressava Spa-Francochamps ao calendário. Em 1984, conseguiu cinco pontos, os primeiros na sua carreira, e continuava no ano seguinte, com um novo companheiro de equipa, o austríaco Gerhard Berger, vindo da ATS. 

Ali, em Imola, Boutsen começou a surpreender com o quinto melhor tempo, a quase seis centésimos da pole-position, conquistado por Ayrton Senna. Mas ficou a menos de um centésimo do terceiro posto, ocupado pelo Ferrari de Michele Alboreto. Aliás, a Ferrari tinha um novo piloto, na figura do sueco Stefan Johansson, depois de despedirem René Arnoux após o GP do Brasil, onde acabou a corrida em quarto lugar. Em contraste com Alboreto, Johansson largava de 15º

A corrida foi sem grande história... até cerca da volta 56, a quatro do fim. Nessa altura, Senna liderava, seguido de Johansson, Prost, De Angelis e Boutsen. Parecia que o brasileiro ia a caminho de ficar com o comando do campeonato, mas de repente, o carro começou a gaguejar, mostrando que estava a ficar sem combustível. Johansson passou-o, enquanto o brasileiro encostava, frustrado por não ter mais no seu depósito, numa altura em que eles estavam limitados a 195 litros para gastarem na corrida. E claro, os tiffosi entravam em delírio.

Mas foi por pouco. Nem uma volta fez na liderança, porque também ficou sem combustível e foi passado por Alain Prost, no seu McLaren, com Elio De Angelis atrás. O francês entrou em primeiro na última volta e cortou a meta como vencedor. Mas... havia mais drama. Até o próprio Boutsen se meteu nisso!

Terceiro na entrada da última volta, teve que levar o carro ao colo para cortar a meta - saiu do carro e empurrou-o! - porque também ficara sem combustível no seu motor BMW Turbo, desconhecendo se tinha perdido o pódio para o Renault de Patrick Tambay. No final, descobriu-se que o McLaren estava dois quilos mais leve que o mínimo permitido e acabou por ser desclassificado, dando a De Angelis a sua segunda vitória na sua carreira - e infelizmente, a última - e a Boutsen o primeiro pódio para a Arrows desde 1981... em Imola, com Riccardo Patrese ao volante. E o primeiro de 15 pódios na sua carreira. 

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