As coisas começaram no primeiro dia do Rali da Acrópole, quando a Ford liderou o rali com o veterano Sebastien Loeb e o discípulo mais jobem, Pierre-Louis Loubet. Quando o primeiro desistiu, com problemas mecânicos e o segundo teve problemas que o fizeram perder a liderança - Loubet, mesmo assim, acabou em quarto, a sua melhor classificação de sempre na sua curta carreira - a Hyundai decidiu que Thierry Neuville iria para o primeiro posto, quanto o estónio Tanak era segundo, não estava longe do piloto belga... e tinha ganho os dois últimos ralis onde alinhou, Finlândia e Ypres, na Bélgica.
No final do rali, Tanak exprimiu o seu descontentamento:
"Se quer lutar por um campeonato, a decisão de não ter ordens de equipa foi errada. Se você quer ter um bom relacionamento com o público, é uma boa decisão. Depende de como você olha para isso. [Para mim, é] uma pena - toda sexta-feira estávamos a resolver uma questão no sistema híbrido do carro."
Nesta altura, Tanak tem mais um ano de contrato com a marca coreana, e ele já se queixava desde há algum tempo de não haver uma hierarquia. Contudo, a marca não tinha um carro competitivo, pelo menos de início, quando viu a Toyota ficar com tudo, monopolizando até pódios. Ironia das ironias, na Acropole, houve um monopólio, mas da parte da Hyundai... Agora, o José Luís Abreu, diretor da Autosport, esteve por estes dias na Grécia para seguir as peripécias do WRC, e especula que ele esteja a fazer isto tudo para que a marca o liberte e ele possa ir para a Ford, que tem o Puma Rally1, mas está órfão de um piloto de ponta.
As razões estão à vista: Loeb não quer - e ainda é competitivo, mesmo com 48 anos - o irlandês Craig Breen falhou na hipótese de ser o piloto principal, e os franceses Adrien Formaux e Pierre-Louis Loubet são ainda muito novos, e o britânico Gus Greensmith paga para correr. E com a Hyundai numa situação que faz lembrar a Subaru em 1995 - Colin McRae contra Carlos Sainz Sr. - a ideia de Tanak forçar a barra parece ter lógica, porque se a Ford e a M-Sport quisesse "comprar" o contrato de do piloto estónio, campeão em 2019, para ele correr por eles em 2023, teria de pagar, e isso não é algo que esteja nos seus planos.
Como é que a marca coreana irá reagir? por agora, limita-se a ser politicamente correto, como fez Julien Moncet, o seu diretor. “Obviamente, quando o nosso "line up" de pilotos de 2023 for oficial, anunciá-lo-emos em devido tempo. Estamos a analisar todas as opções para o próximo ano, não lhes posso dizer mais…”
Enfim, mais uma tempestade no mundo dos ralis. Resta saber como acabará.
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