segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A imagem do dia


Alex Albon é um jovem anglo-tailandês que aos 26 anos, está na Williams por "empréstimo" da Red Bull, e depois de um ano sabático, que o passou no DTM, onde ganhou algumas corridas. No seu ano do regresso, conseguiu todos os pontos da Williams até agora, incluindo um nono posto em maio, no circuito de Miami.

Contudo, no sábado, Albon teve de ir às pressas para o hospital de Milão para ser tratado a uma apendicite. Foi substituído por Nyck de Vries, que fez um excelente trabalho ao levar o carro para um nono posto, logo na sua primeira corrida e logo nas circunstâncias em que aconteceu.  

Parecia que tudo estava bem, mas nesta manhã, a Williams contou que Albon teve "complicações pós-operatórias", chegando até a passar a noite de sábado para domingo "em ventilação". 

O jornalista Chris Medland contou os pormenores na sua conta do Twitter:

"[Albon] sofreu complicações anestésicas pós-operatórias inesperadas que levaram a uma insuficiência respiratória, uma complicação conhecida, mas incomum. Ele agora foi transferido para uma ala geral e deve voltar para casa amanhã. Não houve outras complicações."

O foco total de Alex está na recuperação e preparação antes do GP de Singapura, no final deste mês.

Já sofri na pele as complicações de "uma operação simples". Foi numa quinta-feira de janeiro de 1998 - está a fazer 25 anos. Enquanto estudava para os exames da universidade - e depois de ter visto o filme "Tubarão" - sofri dores abdominais fortes, ao ponto de, pelas 4 da manhã, ter de chamar uma ambulância, apesar de morar num local a cinco minutos do hospital e ser um jovem com - então - 21 anos. Pelas 18 horas dessa quinta-feira, acabei com o apêndice extraído.

Mas, sem saber, tinha uma complicação. Ele deverá ter rompido uns tempos antes. Dias, ou se calhar, meses - tivera uma crise no verão anterior, mas como não houve complicações, mandaram-me para casa, e as dores desapareceram. Acabei por ter uma peritonite que, no limite, colocou-me nos cuidados intensivos, e até aconteceu uma transferência hospitalar, para além de uma operação para retirar líquido acumulado, uma laparactomia. 

No final, foram duas semanas nos cuidados intensivos, quatro transfusões de sangue e um de plasma, três e quatro frasquinhos de penicilina por dia para debelar a infeção, potencialmente mortal - foi assim que o Harry Houdini morreu, em 1926 - um tubo intravenoso no pescoço, outro na uretra e um terceiro no nariz, até ao estômago, para aspirar a bílis que lá se acumulava. Dou graças aos deuses pela descoberta do Dr. Fleming, e não ser alérgico a ela, porque foi assim que sobrevivi.

No final, fiquei 40 dias no hospital, recuperando de algo que deveria demorar uns dias. Só para demonstrar que há coisas enganadoramente simples e mesmo um apêndice rebentado poderá esconder algo mais grave. E pode acontecer a qualquer um, não interessa se é jovem e famoso, com o Alex, ou jovem e anónimo, como eu.

Desejo as melhoras para ele, e que apareça em forma para o resto da temporada.  

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