quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A imagem do dia

Passou-me despercebido, mas falo na mesma, porque falamos de um piloto que marcou o seu tempo na história. Afinal de contas, é o primeiro piloto da Ferrari a ganhar um Grande Prémio de Formula 1! 

Chamavam-no "O Touro das Pampas", ou "El Cabezon". Onze anos mais novo que Juan Manuel Fangio, nascera em Arrecifes e parecia ser mais velho que aparentava. E era apenas ele e Roberto Miéres que chamavam a ele o seu apelido mais querido: "Pepe".  

Começou a correr em 1945 no Turismo Carrera argentino, mas no final da década, juntamente com Fangio, e os irmãos Gálvez - Juan e Oscar Alfredo - foram para a Europa. Apenas Fangio e Froilan lá ficaram. "El Chueco" andava pela Alfa Romeo, enquanto "El Cabezon" foi para a Ferrari, apesar de correrem juntos nas 24 horas de Le Mans de 1950, ao volante de um... Talbot-Lago. Não chegaram ao fim.

Mas se todos falam do dia 14 de julho de 1951, onde por fim, a Alfa Romeo fora batida pelas máquinas de Enzo Ferrari, falar do dia 17 de julho de 1954 também vale a pena. Segundo na grelha, atrás do seu amigo Fangio, corrida numa Ferrari contra as imbatíveis Mercedes, que tinham ganho sem problemas na corrida anterior, o GP de França, em Reims.

Todos esperavam que iriam ver mais do mesmo, apesar da Maserati contar com nove carros na grelha, por exemplo. Gonzalez largou na frente, com Fangio atrás, mas cedo o piloto da Mercedes teve problemas porque o seu chassis era largo demais e batia nos barris de combustível que serviam de limitador. E crescentemente, Fangio ficava para trás, superado por Mike Hawthorn, e depois, pelo melhor dos Maseratis, guiado por um compatriota seu: Onofre Marimon, que tinha saído... da 28ª posição. Até aos dias de hoje, é o pódio alcançado a partir do lugar da partida mais baixo de sempre.

No final, O Touro das Pampas, como em 1951, tinha batidos os favoritos e triunfado. E em muitos aspetos, estas vitórias conseguidas contra todas as probabilidades, fizeram dele imensamente popular quer em Itália, quer no Reino Unido. Jackie Stewart, quando foi correr na Argentina em 1972, disse que uma das primeiras coisas que queria fazer era conseguir um autógrafo de Froilan Gonzalez. E até morrer, em junho de 2013, aos 90 anos, ele disse que o seu triunfo de 1951 foi a que lhe deu maior prazer. Maior do que, por exemplo, a sua vitória em Le Mans, conseguida umas semanas antes, ao lado de Maurice Trintignant. A primeira de um argentino.     

Froilan Gonzalez, o Touro das Pampas, nasceu fez ontem cem anos. 

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