quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A imagem do dia


Se estivesse vivo, Carrol Shelby faria cem anos. Parecendo que não, este criador de frangos foi muito longe em termos de automobilismo, primeiro como piloto, depois como preparador e pela sua ajuda na vitória da Ford nas 24 Horas de Le Mans, ajudou a escrever algumas páginas de glória no automobilismo americano da segunda metade do século XX. 

E para melhorar as coisas, ainda viveu mais 22 anos com o coração de outra pessoa, e 16 com o rim de uma terceira. Para não falar dos seus sete casamentos, seis dos quais acabaram em divórcio. Um homem bem duro, sem dúvidas.

Na foto que ilustra este post, Shelby está no seu momento mais alto como piloto: a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1959, correndo ao lado do britânico Roy Salvadori. Ali, ele corria num Aston Martin DBR1/300. E a estranha fatiota? Uma simples superstição do americano, que um dia foi correr com o seu traje de criador de frangos... e ganhou! 

Contudo, nesse tempo, Shelby também era piloto de Formula 1, uma das facetas menos conhecidas da sua carreira. E os resultados também não ajudaram.

Em 1958, Shelby andava pela Europa, correndo na Endurance com os carros da Aston Martin, liderados por John Wyer. Mas ele era amigo de Masten Gregory e de Harry Schell, dois dos seus compatriotas que corriam nos circuitos europeus, através da equipa Temple Buell, que tinha sido fundado pelos pais de Schell, na década de 30, e França. Com um Maserati 250F, Shelby estreou-se no GP de França de 1958, em Reims, na mesma corrida onde Juan Manuel Fangio corria pela última ocasião na sua carreira, e onde Luigi Musso sofreu o seu acidente mortal. Mas nessa prova, Shelby acabou por correr... pela Scuderia Centro Sud. Acabou por desistir, vitima de um motor rebentado, na nona volta. 

Em Monza, corria pela mesma Scuderia Centro Sud quando desistiu na primeira volta com problemas de direção. Algumas voltas depois, o carro guiado por Masten Gregory parou nas boxes e Shelby tomou conta do volante. A sua corrida foi ótima, acabando no quarto posto, a uma volta do vencedor. Contudo, como correra por outra equipa, nem ele, nem Gregory, ficaram com os pontos.

Em 1959, contratado pela Aston Martin, ajudou no desenvolvimento do modelo DBR4/250, o carro para a Formula 1, com motor à frente. Esperavam que fosse um chassis tão bom quanto os Maserati e os Ferrari, e também queriam aproveitar os feitos da Vanwall, que tinham triunfado entre 1956 e 1958. Estreado em Zandvoort, palco do GP dos Países Baixos, descobriu-se que era muito pesado e o motor à frente tinha-se tornado obsoleto por causa dos Cooper de motor traseiro, que começavam a dominar as pistas. Shelby conseguiu como seu melhor resultado um oitavo lugar em Monsanto, a quatro voltas do vencedor, Stirling Moss

No final do ano, Shelby saiu do projeto da Aston Martin - iria abandonar no ano seguinte, sem resultados de relevo - e algum tempo mais tarde, no final de 1960, os médicos ordenaram que pendurasse o capacete porque o seu coração não aguentava as emoções do automobilismo. Assim sendo, passou para a parte da organização, construção e venda de chassis. O que não sabia era que estava a abrir as melhores páginas da sua carreira, primeiro com os Cobra, depois com os Mustang. E o seu nome entraria na lenda como símbolo de velocidade e performance. 

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