Giotto Bizzarrini, que trabalhou em todas estas marcas, morreu neste sábado aos 96 anos, em Roma. Meses antes, em fevereiro, a marca com o seu nome tinha mostrado um carro com o seu nome, o Giotto, desenhado por Georgetto Guigiaro.
Engenheiro de profissão, disse sempre que "era um trabalhador, não um designer", mas ao trabalhar, criou pérolas. Nascido a 6 de junho de 1926 em Quercianella, na província de Livorno, no centro de Itália, o seu avô tinha sido amigo e trabalhou com Gugliermo Marconi no desenvolvimento da rádio, no inicio do século. Seguindo engenharia, acabou o seu doutorado na Universidade de Pisa em 1953, e o seu projeto de final de curso foi uma modificação do Fiat Topolino no sentido de ganhar potência e deslocar o motor para a traseira, conseguindo ganhar maior dirigibilidade.
O seu primeiro emprego foi na Alfa Romeo, onde se tornou piloto de testes no departamento experimental da marca. Anos mais tarde, contou que "tornei-me num piloto de testes que, por acaso, era um engenheiro, com princípios matemáticos. Sempre soube que, se isto falhava, saberia qual era a solução." Em 1957, foi para a Ferrari como piloto de testes, mas os seus conhecimentos de engenharia permitiram trabalhar nos caros de competição para a Formula 1 e os GT's. Começou a trabalhar em carros como os da série 250, como o Testarrossa, o 2+2, e o mais importante de todos, o GTO, pois esse que que teve o seu maior envolvimento. O carro ficou completo em 1962, depois de um ano de testes.
Um ano depois, ao fundar a firma de consultadoria Autostar, recebeu uma encomenda de Ferruchio Lamborghini para construir um motor de 12 cilindros para o seu carro de estrada, o 350GT. O desenho do motor foi tão marcante que, com variantes, foi usado até 2010, com o modelo Murciélago. Pouco depois, foi colaborar para a Iso-Rivolta, onde colaborou com o IR300 e o Iso Griffo, mas depois, desentendimentos entre a marca e a sua consultadoria resultaram em 1966 na mudança de nome para Bizzarrini SpA.
A partir da década seguinte, Bizzarrini tornou-se consultor para construtores americanos e japoneses, ao mesmo tempo que daba aulas na Universidade de Roma. em 2012, aos 86 anos, foi-lhe conferido um doutoramento "honoris causa" pela Universidade de Florença pelas sua contribuições na engenharia, no design e no automobilismo. E claro, era um dos últimos representantes de uma era do automobilismo em Itália, não só por ter estado numa das mais importantes equipas, como também ajudou a fundar outras e colocar o seu nome nas suas criações, admiradas em museus e exposições de automóveis.
Grazie mille, Inginiere Giotto. Ars aeterna.
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