domingo, 14 de maio de 2023

A imagem do dia


Aquele barracão de madeira, aparentemente abandonado no meio de contentores, não é um lugar qualquer. É um lugar histórico para o automobilismo britânico. Situa-se em Ockham, no centro do país, e nos anos 70 do século passado, dali saiam carros vencedores, pilotados por alguns dos melhores do mundo.

Tudo começou alguns anos antes. A pessoa em questão era Ken Tyrrell, que antes de ser construtor, fora piloto nos tempos dos Cooper 500cc. No final dos anos 50, o negociante de madeira decidiu ser dono de equipa, correndo na Formula Junior com chassis Cooper e Lotus. Algures em 1963, deu uma oportunidade de estes a um jovem escocês, de seu nome Jackie Stewart. Quando viu o seu potencial, deu-lhe um contrato profissional... e uma amizade para a vida.

No final de 1969, depois de ganhar o campeonato do mundo com um motor e um chassis Matra, foi confrontado com a marca francesa para que em 1970, usasse o motor de 12 cilindros. Stewart testou-o e deu uma opinião negativa, e eles decidiram que ficariam com o contrato com os 8 cilindros da Cosworth, muito mais eficazes. Recorreram aos chassis March, que tinham começado precisamente nesse ano, mas a meio do ano, decidiram que era hora de fazer o seu próprio chassis. O 001 foi feito na garagem de Derek Gardner, mas no inicio de 1971, começaram a construir no barracão de Tyrrell, em Ockham. E foi dali que saíram o 003 e o 006, os chassis que deram os títulos de 1971 e 73 ao escocês. Tudo isso antes de se moverem para instalações maiores ao lado. 

Agora, 50 anos depois do tricampeonato de Stewart e 25 anos do desaparecimento da Tyrrell, comprada pela BAT e rebatizada de BAR - que agora é... Mercedes - o barracão será transferido e restaurado na sua antiga glória. A transferência acontecerá dentro de algumas semanas, e irá para Goodwood, onde esperam ser mostrada no seu novo local em julho, por alturas do seu festival, onde ficará em permanência, no seu museu automobilístico. 

De uma certa forma, os britânicos sabem o que andam a fazer, quando querem preservar a memória automobilística. E também para ficarem com uma ideia de que a Formula 1 surgiu de muito longe e evoluiu bastante para chegar onde chegou. E precisou de pouco mais de meio século para isso.    

1 comentário:

fabehr disse...

Q história bacana, parabéns