segunda-feira, 10 de junho de 2024

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Há 50 anos, em Anderstorp, na Suécia, os Tyrrell conseguem a sua primeira dupla em quase um ano. Mais que o primeiro resultado de relevo da equipa com o chassis 007, o sucessor bem-sucedido do 006, é o primeiro resultado de relevo depois de tempos muito conturbados na equipa de Ken Tyrrell.

Em setembro de 1973, Jackie Stewart conseguiu o quarto lugar no GP de Itália, depois de ter sofrido um furo na primeira volta, que o relegou para o último lugar. Tempos depois, afirmou que foi a sua melhor corrida da sua vida. Com esse resultado, conseguiu os pontos suficientes para ser tricampeão do mundo. O que pouca gente sabia - só Tyrrell, Walter Hayes, então presidente da Ford Europa e pouco mais - é que Stewart iria retirar-se da Formula 1 no final de 1973. E em Watkins Glen, que por coincidência, iria ser o seu centésimo Grande Prémio. 

E tinha um plano final: orientar o seu companheiro de equipa e protegido, o francês Francois Cevért, para que tivesse o melhor final de temporada possível e claro, ser o líder para o futuro. E tinha ajudado a desenvolver o próximo projeto, o 007. Mas no sábado, 6 de outubro de 1973, no fim de semana do GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, Cevért sofre o seu despiste fatal, e Stewart decide antecipar a sua reforma. Tyrrell perdia de uma só penada a dupla que lhe deu dois títulos mundiais de pilotos e um de Construtores. 

Na altura, tinha anunciado um piloto para 1974: o sul-africano Jody Scheckter. Curiosamente, ele é o primeiro a chegar ao local do acidente fatal do que iria ser o seu companheiro para 1974. E segundo o próprio, a sua atitude perante a Formula 1 mudou radicalmente. De ser rápido, passou a ser pragmático e calculista. Tinha objetivos, o maior de todos era ser campeão, para depois ir embora.

O seu companheiro de equipa poderia ter estado em Watkins Glen nesse dia. E pela Tyrrell. Mas... tinha fraturado os tornozelos quando praticava motocross, algumas semanas antes. Patrick Depailler era rápido e tinha ganho nas Formulas de promoção, especialmente na Formula 2. Já tinha corrido em duas corridas em 1972, e queria dar mais algumas chances, mas o facto de adorar atividades arriscadas ao ar livre o deixou apeado no momento de maior necessidade da equipa. Ken Tyrrell deu-lhe uma nova chance em dezembro, em Paul Ricard, e ele sabia que tinha de mostrar algo, porque aquele lugar era cobiçado por muitos pilotos em ascensão, e a temporada iria começar logo em janeiro.

O lugar acabou por ser seu - apesar de ainda ter dores nos tornozelos - mas o carro só se estreou em abril, em Jarama. Quando o pelotão da Formula 1 chegou à Suécia, em junho, nove meses depois de Watkins Glen, era a quarta corrida com o 007, e se o sul-africano já tinha tirado dois pódios, Depailler não tinha conseguido nada. Se calhar tinha fome suficiente - ou tinha algo a provar - quando no final da qualificação, conseguiu a sua primeira pole-position da sua carreira, 380 centésimos mais rápido que o seu companheiro de equipa. Mas tinham o monopólio da primeira fila, e se corresse bem, a corrida iria ser deles. 

E acabou por ser. Scheckter partiu mais rápido que Depailler na partida, e as coisas ficaram assim até à meta, com o sul-africano a conseguir a sua primeira vitoria da sua carreira. Para o francês, o consolo foi ter feito a volta mais rápida, e também ter conseguido o seu primeiro pódio, ou seja, só faltou a vitória para o fim de semana ter sido perfeito.

Curiosamente, no sexto posto estava um Lola guiado por Graham Hill. Parecendo que não, mas o piloto de 46 anos tinha voltado a pontuar pela primeira ocasião em mais de ano e meio. Não era com o seu carro, mas era com a sua equipa. E iria ser também a última vez que iria pontuar na sua longuíssima carreira na Formula 1.        

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