sexta-feira, 7 de março de 2025

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Caso Fernando Alonso ganhe uma corrida em 2025, poderá, com os seus 43, ou 44 anos, ser o piloto mais velho de sempre a triunfar, igualando um recorde que faz 55 anos em 2025. 

E esse recorde foi alcançado a 7 de março de 1970, no circuito sul-africano de Kyalami. Faz hoje 55 anos. Contudo, o seu vencedor, Jack Brabham, era um piloto que há quase cinco anos procurava retirar-se da competição, devido a pressões familiares, especialmente da sua mulher. Porque não fazia? Não tinha alguém que o substituísse, nem como piloto, nem como proprietário.

Os primeiros sinais de que queria retirar-se apareceram em 1964, dois anos depois de ter fundado a sua equipa. Aos 38 anos, considerou que o americano Dan Gurney poderia ser o seu sucessor, como piloto, e a partir de 1965, passou a participar em menos corridas, preparando não só o chassis para a temporada seguinte, a primeira com os novos regulamentos de motores de 3 litros - preparados pela local Repco - como começaria a ficar mais em funções de direção, ao lado do seu braço direito, Ron Tauranac. Como companheiro de equipa de Gurney, ficaria um neozelandês, Dennis Hulme.

Contudo, no final de 1965, Gurney foi ter com Brabham e disse que tinha os seus próprios planos: montar a sua equipa. Contrariado, fez toda a temporada de 1966 como piloto, e aos 40 anos... tornou-se campeão do mundo. Nessa temporada, Hulme estava a seu lado e ele começou a pensar nele como seu sucessor. E o título de 1967, contra um Lotus 49 muito frágil, mas com um motor que prometia muito, o Cosworth de oito cilindros, parecia indicar isso. Mas no final do ano, ele decidiu ir para a equipa do seu compatriota, Bruce McLaren - e antigo companheiro de equipa de Brabham nos tempos da Cooper.

Em 1968 chega o austríaco Jochen Rindt, um piloto em ascensão na Cooper, com capacidade de ganhar corridas. Contudo, o motor Repco foi finalmente superado pelos Cosworth, e Brabham viu-se em dificuldades. Decidiu ficar com esse motor a partir de 1969, e queria que Rindt ficasse com ele, ajudando a colocar a equipa dos carris e ele poder ir embora tranquilamente. Mas, apesar de dois pódios e duas pole-positions, o austríaco atraiu a atenção de Colin Chapman, na Lotus, e ele pediu conselho a Brabham. 

A resposta ficou nos anais: "Se queres ser campeão do mundo, vai para a Lotus. Se queres sair vivo da Formula 1, fica na Brabham". Rindt escolheu a Lotus.

Para 1969, Brabham acolheu outra vedeta em ascensão, o belga Jacky Ickx. Então com 24 anos, tinha vindo da Ferrari, onde ganhara uma corrida à chuva, em Rouen. O carro era equilibrado e funcional, mas sem deslumbres visuais. O belga ganhou duas corridas, uma delas no mítico Nurburging Nordschleife - o outro foi em Mosport, no Canadá - enquanto Brabham, então com 43 anos, sofria. Um acidente durante uma sessão de testes causou sérias lesões nos pés, e só recuperou o suficiente para apenas na parte final, conseguir bons resultados: dois pódios, uma pole-position no México, para juntar o que tinha conseguido na África do Sul.

E chegamos a 1970. Perto de ter 44 anos, e apesar de ter prometido à mulher que iria regressar à Austrália com os filhos, e ter vendido a sua parte da equipa a Tauranac, não conseguia encontrar um piloto capaz de o substituir. Ickx regressara à Ferrari, Rindt decidiu ficar na Lotus, apesar de ambos terem conversado seriamente sobre um regresso, cortado quando Chapman lhe aumentou o salário. Por causa disso tudo, Brabham estava à partida da primeira corrida do ano, em Kyalami.

Apesar da idade, Brabham ainda era competitivo. Terceiro tempo nos treinos, atrás dos recém-chegados March de Jackie Stewart e Chris Amon, na corrida, ele não largou bem, superado por Ickx, o Matra de Jean-Pierre Beltoise e o BRM de Jackie Oliver. Sexto no final da primeira volta, passou a reagir, andando mais rápido que o resto do pelotão, e no inicio da sétima volta, já era segundo, atrás de Stewart. E não abrandou: foi atrás do escocês, batendo a volta mais rápida pelo meio, e no inicio da 20ª volta, passava o piloto da March e ficava com a liderança.

E não abrandou: cinco voltas depois, a diferença para o escocês tinha-se alargado para cinco segundos. A parir dali, estabilizou-se nos dez segundos, por alturas da 50ª volta, e limitou-se a gerir o carro até à meta, conseguindo ali a sua 14ª vitória, na frente do McLaren de Dennis Hulme e do carro de Stewart.

Quando conseguiu, era o quarto piloto mais velho de sempre na Formula 1. Mais idoso que ele, apenas Giuseppe "Nino" Farina, que conseguiu com 45 anos, Juan Manuel Fangio, com as suas vitórias em 1957, aos 46 anos, e Luigi Fagioli, que em 1951, partilhou com Fangio a vitória do GP de França. Com ele a caminho dos 52 anos.        

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