domingo, 20 de julho de 2025

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Ao contrário da Formula 1, não há muitos nos ralis, que, sendo filhos de campeões, se tornam vencedores, ou sequer campeões. Aliás, é do contrário que se tem conhecimento. Por exemplo, filhos que se tornam melhores que os pais, como Colin McRae, filho de Jimmy McRae, tricampeão britânico, e provavelmente, o melhor piloto escocês no período entre Jackie Stewart... e o seu filho, mas fora das ilhas britânicas, tinha resultados modestos. E Kalle Rovanpera, filho de Harri Rovanpera, que apenas ganhou um rali em 2001, na Suécia, quando era piloto oficial da Peugeot.

Filho da campeão a ganhar ralis? Isso que vimos neste domingo é quase inédito. Posso falar também de Henri Toivonen, que era filho de Pauli Toivonen, vencedor em 1966 do Rali de Monte Carlo, e do qual, 20 anos depois, se tornou também vencedor. Os filhos de peixe que sabem nadar são tão raros como unicórnios.

Mas mesmo assim, ver Oliver Solberg a triunfar é uma vitória popular. O pai era carismático, sempre comemorou forte e feio quando triunfava, e o triunfo de 2003, a bordo de um Subaru, foi fortemente comemorado pelos fãs. 

Mas para Solberg chegar onde chegou, passou por muito. É que teve uma tentativa... e não correu bem. 

Nascido a 23 de setembro de 2001 em Frederikstad, na Noruega, decidiu correr pela Suécia, as cores da sua mãe, Pernilla. Descobriu o mundo do WRC quando tinha um ano de idade, e as suas primeiras experiências aconteceram em 2018, aos 17 anos, antes do seu primeiro rali, em 2019. Em 2021, aos 20 anos, ele experimentou um Hyundai i20 Rally1 em algumas provas, depois de ter vencido ralis na Letónia, no campeonato europeu.

Contudo, as expectativas não saíram como ele esperava. Partilhando o lugar com Dani Sordo, conseguiu alguns resultados de relevo, como um quarto lugar na Bélgica, nas estradas de Ypres, mas no final dessa temporada, ambos os lados acabaram com o seu contrato. Posto de fora de uma equipa oficial, Oliver Solberg achou por bem ficar com um Rally2, ganhar maturidade para mais tarde alcançar o seu grande objetivo. 

E foi assim o que fez: nos últimos dois anos, Solberg Jr tornou-se num dos melhores da sua classe. Oito vitórias, três dos quais nesta temporada, com a sua nova máquina, o Toyota GR Yaris Rally2, faz com que ele mostrasse mais sólido, e com cabeça mais fria. E aproveitou muito bem a chance que teve, mesmo tendo apenas dois dias para treinar com o novo carro. Se só teve esse tempo, então poderá afirmar-se que foi o suficiente para encarar as estradas e a concorrência em frente, para alcançar um dos maiores triunfos desta década, até agora.

E fica-se a perguntar: depois disto, a Toyota irá olhar para ele com outros olhos? Ou deixará que ele evolua de forma natural, para... quem sabe, mostrar que filho de peixa sabe nadar? Ou então... filho de campeão também tem armas para o ser?

Tenho a certeza que a partir de hoje, o WRC começa a olhá-lo com outros olhos. E depois de Petter e do seu irmão Henning, se calhar temos uma segunda geração para os Solberg. 

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