Muitos afirmam que Damon Hill, que faz hoje 65 anos, e filho de Graham Hill, não merecia sequer estar na Formula 1, e que tudo o que alcançou foi porque estava no lugar certo, a nacionalidade certa, na hora certa. O problema é quem, não sendo sensacional, não era um zero à esquerda em termos de competição. Ele apenas chegou à Formula 1 aos 31 anos, para fazer algumas corridas na Brabham, no seu estertor final, em 1992, antes de terem dado a chance de correr na Williams em 1993, ao lado de Alain Prost, e depois do francês ter vetado a contratação de Ayrton Senna.
Mas creio que isso é injusto, porque apesar do carro que tinha, a sua temporada de estreia na Williams foi das melhores de um piloto de Formula 1, igualado, talvez, por Jacques Villeneuve e apenas superado por Lewis Hamilton, em 2007, que - recorde-se - também tinha uma máquina vencedora. E quem assistiu a essa temporada, lembra-se como ele mostrou que era mais que uma peça de decoração, especialmente a meio do ano.
Muitos afirmam - com alguma razão - que o quarto título mundial de Alain Prost foi "burocrático". Quem conhece a história da Formula 1, comparo-o com o segundo título de Niki Lauda, na Ferrari, em 1977, em que conseguiu o título mais rapidamente possível para na primeira oportunidade, assinar pela Brabham e ir embora. Com Ayrton Senna a lutar contra um bom carro, mas com um motor-cliente, da Ford, e um Michael Schumacher ainda a dar os seus primeiros passos, Hill mostrou que não era só um ator secundário, filho de Graham e que tinha chegado muito tarde à Formula 1 para mostrar alguma coisa.
E a melhor maneira de mostrar algo foi depois do GP do Canadá, onde acabou em terceiro. Em Magny-Cours, conseguiu interferir-se entre os primeiros e alcançou a sua primeira pole-position da sua carreira, para depois acabar no segundo lugar, o seu quinto pódio até então.
Em Silverstone, no fim de semana do GP da Grã-Bretanha, Hill disputou verdadeiramente pela primeira posição até ao último instante com Prost e acabou por perder no último momento para o francês, com um tempo 128 centésimos mais rápido que o dele. Na partida, ele conseguiu ser mais hábil que Prost e ficou com o comando, beneficiando também da excelente arrancada de Senna, que ficou com o segundo lugar, e distanciar-se do resto do pelotão. Hill parecia ir a caminho de uma vitória quando o seu motor explodiu na volta 41, ficando todos no circuito desiludidos. Afinal de contas, o pai nunca ganhou o GP britânico...
Em Hockenheim, pal co do GP da Alemanha, Hill foi mais uma vez batido por Prost, mas mais uma vez, largou melhor e ficou com o comando até à volta sete, quando foi passado por Prost. Mas acabou por beneficiar de uma penalização de dez segundos que Prost teve de cumprir porque passara direito por uma chicane, para evitar bater no Ligier de Martin Brundle. A partir dali, Hill ficou na frente, enquanto o francês tentava recuperar o tempo perdido, mesmo com um Senna que dificultou a sua vida antes de ele conseguir passar.
A duas voltas do final, Hill tinha oito segundos de vantagem para Prost, e tudo indicava que ele iria, por fim, ser o primeiro filho de piloto campeão a ganhar uma corrida, mas sem ele saber, um dos pneus, o traseiro esquerdo, começou a delaminar e furar. Ele tentou levar o carro até as boxes, para trocar o pneu danificado, mas na entrada, o carro despistou-se e ficou parado, para enorme frustração de todos que o queriam ver vencer.
Em contraste, viram Alain Prost a conseguir aquilo que iria ser a sua 51ª vitória na Formula 1, onde na corrida anterior, tinham visto ele a ser o primeiro piloto a passar dos 50 triunfos na sua carreira - em 2025, Prost é o quinto piloto mais vencedor.
Contudo, depois destas frustrações, Hill acabaria por conseguir o seu primeiro triunfo na Hungria, com Prost a ter problemas com a sua asa traseira, acabando na 12ª posição. Um triunfo bem celebrado por muitos e, o primeiro de três vitórias nessa temporada, acabando na terceira posição. Nada mau para um estreante, mas como alguém costuma afirmar: só fez a sua obrigação.
Mesmo assim, feliz aniversário, Damon! E que faça muitos mais.




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