sábado, 11 de outubro de 2025
A imagem do dia
Vi esta fotografia no Facebook e decidi trazer para aqui. É o escocês Jackie Stewart, colocando flores na campa de Jo Siffert, em Friburgo, na Suíça. Isto deve ter acontecido há algum tempo, se calhar na semana que passou, ou no mês que passou. não encontrei quaisquer referências temporais precisas, apenas aproximadas.
Siffert morreu há quase 55 anos, a 24 de outubro de 1971, na Victory Race, em Brands Hatch, quando corria num BRM, depois de uma excelente temporada, onde o seu ponto alto foi ter ganho no GP da Áustria. Curiosamente, essa Victory Race deveria ser o GP do México, que tinha sido cancelado devido aos incidentes da temporada passada, e também da morte do seu companheiro na Porsche da Endurance, Pedro Rodriguez. Acabou por ser a corrida para comemorar o segundo título mundial de Stewart.
Ao ver esta foto, lembrei-me de duas coisas: de que no seu tempo, ele perdeu imenso amigos. Lembro também que há uma foto dele à frente da campa de Jim Clark, seu compatriota e também amigo, em Duns, no sul da Escócia. Também me lembro que ele tem 86 anos, e já começa a acarretar o peso dos anos. É o campeão do mundo mais velho ainda vivo, tem consciência de que poderá não estar por aqui por muitos mais anos - no inicio da temporada, no Bahrein, poderá ter conduzido o seu Tyrrell 006 pela última vez.
Nesta altura da vida, vai mais a funerais do que a eventos que o homenageiam. A sua mulher, Helen, está doente com uma forma de demência que não é Alzheimer, mas que a deixa numa cadeira de rodas. Ainda vai ao paddock da Formula 1, onde ainda é reverenciado por aqueles que o reconhecem, mas os mais novos nunca o viram correr. Será que o reconhecem como mais do que um velhinho que veste de modo excêntrico? Que tem 27 vitórias no palmarés, três títulos mundiais, que ganhou corridas como construtor, na sua própria equipa, agora, a Red Bull?
Os garotos que agora percorrem o asfalto, o paddock, desconhecem que devem muito a ele, especialmente como paladino da segurança. Poderei afirmar que 50 anos antes de Carlos Sainz Jr. passar a mão no cabelo numa publicidade a uma marca de champoo, ele desfilava de cuecas perante meia dúzia de modelos - procurem na Internet, isso existe! - mas eles também sabem que por causa dele, e outros, não tem de ir uma, duas ou três vezes ao ano, a um cemitério para ver enterrar um dos seus companheiros. Mas, independentemente disso, chegarão a velhos - ou não - e também chegarão ao dia em que irão mais a funerais que a festas ou tributos. E a sua cara vista no "paddock" por novas gerações, sem saber porque estão ali, ou o que fizeram na vida.
Afinal é a lei da Vida. Até lá, temos de aproveitar momentos como estes, porque sabemos que o fim já não anda longe.
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