terça-feira, 7 de outubro de 2025

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Esta semana passaram 40 anos desde que Nigel Mansell ganhou a sua primeira corrida na Formula 1, e que Alain Prost, com um mero quarto posto, conseguiu os pontos necessários para alcançar o título mundial. 

O que passou despercebido nesse dia foi que o GP da Europa de 1985 foi também o último de John Watson. E pela McLaren.

Hein? Quem? E com que carro? 

A última pergunta é simples, foi com o carro numero 1. 

A sério? Mas o número 1 em 1985 não era o Niki Lauda?

A historia é simples e merece ser contada. Mas primeiro, vamos atrás, um pouco atrás. 

Watson era piloto da McLaren desde 1979, e até foi das poucas coisas que sobraram desde os tempos de Teddy Mayer para a nova gerência de Ron Dennis. Em 1981, com o MP4/1, deu à equipa a sua primeira vitória desde 1977, no GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. No ano seguinte, com duas vitórias, acabou no segundo lugar, com 39 pontos, empatado com Didier Pironi. Foi também nessa temporada que viu o regresso de Niki Lauda à Formula 1. Eles que foram companheiros de equipa em 1978, na Brabham-Alfa Romeo.

Em 1983, em Long Beach, Watson fez uma excelente corrida de 22º na grelha para acabar como vencedor, um recorde... que ainda não foi batido. 

Contudo, a meio do ano, "Wattie" pediu um aumento de salário na renovação do contrato para a temporada de 1984. Nada de especial: "apenas" 1,6 milhões de dólares. A razão era que tinha ganho corridas, enquanto Lauda não. Ron Dennis ouviu e prometeu que, a seu tempo, resolveria a situação. Mas as semanas passavam e... nada. E quando chegou ao final da temporada, agora que tinham o motor TAG/Porsche, nada respondia ao pedido de Watson, mesmo com Marlboro e o próprio Lauda a dizerem que poderiam ajudar nas reivindicações salariais.

E de repente, de outra equipa, ouve-se a noticia: Alain Prost tinha sido despedido da Renault. Dennis sempre quis ter o francês, que era piloto da equipa em 1980, mas não conseguiu impedir que fosse para a Renault em 1981. Era a semana a seguir ao GP da África do Sul, a ultima da temporada, e Dennis não perdeu tempo: em dois dias, Prost regressava à McLaren, deixando Watson a pé. E foi por muito menos que Watson pedia.

Sem lugar na Formula 1, foi correr na Endurance, pela equipa oficial da Porsche, ganhando os 1000 km de Fuji ao lado de... Stefan Bellof. No final do ano, tentou o regresso, pela Toleman, mas com os problemas de fornecedor de pneus que tiveram no inicio da temporada, a tentativa foi abortada. 

Mas no fim de semana do GP da Bélgica, Lauda bate e fica com um dos pulsos fraturados, não participando na corrida. E as lesões seriam suficientemente impeditivas de participar no GP da Europa, em Brands Hatch. Assim sendo, Watson foi chamado, para correr... no carro numero 1. O segundo piloto a fazer isso, depois do sueco Ronnie Peterson ter feito em 1974.

Adaptando-se ao McLaren MP4/2, Watson não conseguiu mais que o 21º tempo, bem no fundo da grelha. Mas com uma corrida bem movimentada, acabou por aproveitar as desistências, e mais algumas ultrapassagens, para subir na classificação, para nas voltas finais, estar encostado à traseira do Arrows de Thierry Boutsen, que tinha o lugar de acesso ao sexto posto. Por muito que tentasse "Wattie", Boutsen levou a melhor, e ele ficou com o sétimo posto, na altura, o primeiro dos não-pontuáveis. 

Aos 39 anos, tinha-se mostrado nas pistas pela última vez. Depois disto, rumou para a Endurance, participando até 1990, altura em que começou uma segunda carreira como comentador televisivo.

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