quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A imagem do dia










O final do jejum automobilístico da Ferrari aconteceu, faz agora 25 anos. A 8 de outubro do ano 2000, Michael Schumacher terminou com a travessia do deserto que acontecia desde 1979, quando Jody Scheckter conquistou o mundial com o seu 312T4, sobre o seu companheiro de equipa, o canadiano Gilles Villeneuve.

Contudo, quem conheceu a história, sabe que não foi fácil. Primeiro, foi o construir da equipa à sua volta. Se tinha um patrão como Luca de Montezemolo, e gente como Jean Todt, o seu ditretor-geral, teve depois de ir buscar outras personagens-chave, com Ross Brown, o seu diretor técnico, e Rory Bryne, o seu projetista, para completar a equipa que iria dar aquilo que a Scuderia queria imenso, apesar dos "quases", especialmente em 1982, com Didier Pironi, Gilles Villeneuve e Patrick Tambay, e em 1990, com Alain Prost e Nigel Mansell ao volante.

Não se pode falar muito sobre os primeiros anos de Schumacher na Scuderia. Se em 1996, a fasquia estava baixa, e o piloto ajudou muito nas vitórias daquele ano, se calhar, em 1997, o título teria sido seu se não recorresse a truques no limita da legalidade e do qual a FIA decidiu aplicar um castigo exemplar. 

Os eventos de 1998, onde disputou o título até ao final, e em 1999, onde ficou parte do campeonato "de lado" por causa do seu acidente em Silverstone, ficando ausente por seis corridas e dizendo adeus ao campeonato - e Eddie Irvine quase acabou com o jejum... 

A temporada estava a ser bem disputada entre Schumacher e Mika Hakkinen. O finlandês queria o tricampeonato seguido, e quando fez aquela ultrapassagem soberba sobre Michael Schumacher, saía de Spa-Francochamps com a liderança do campeonato, seis pontos na frente do alemão. Só o que não sabia era que nas duas corridas seguintes, em Monza e Indianápolis, na chegada da Formula 1 ao Templo do Automobilismo americano, Hakkinen iria ter um motor rebentado, e conseguiria zero pontos, contra os dez da vitória de Schumacher. Era como em Suzuka, quase dois anos antes, mas desta vez, a "fava" tinha saído para a McLaren.

Mas Mika ainda estava esperançoso: "tudo pode acontecer, faltam duas corridas", disse o finlandês depois do GP de Indianápolis. Era esta a sua esperança, apesar dos oito pontos de diferença para o alemão: 88 contra 80.  

E com esse espírito que o pelotão chegou a Suzuka, a penúltima corrida do ano. Schumacher acabou por ficar com a pole-position, na frente de Hakkinen por... nove milésimos de segundo, com Coulthard a ser terceiro, na frente de Barrichello. McLaren e Ferrari eram as melhores máquinas do pelotão, e a Williams estava em ascensão, como terceiro força do pelotão, com os motores BMW.

Na partida, Schumacher defendeu-se de Hakkinen, mas o finlandês, por ter tido uma fuga no seu sistema hidráulico, ficou com aderência ideal e conseguiu superar Schumacher. Cedo, ambos os pilotos começaram a afastar-se do pelotão, até à volta 21, quando o finlandês foi às boxes para fazer o primeiro reabastecimento. Schumacher foi duas voltas depois, entregando o comando para David Coulthard, até Hakkinen ficar de novo com a liderança. 

Ele tinha quase três segundos de avanço, e fez ali a sua volta mais rápida. A partir dali, o avanço ficou semelhante, apesar do alemão ter mais gasolina por causa da sua estratégia. Na volta 30, começou a caiu uma chuva ligeira, que humedeceu o asfalto, mas não o suficiente para trocarem para pneus de chuva. As coisas andaram assim até que Mika foi às boxes pela segunda vez, na volta 37. Quando saiu, tinha um atraso de 25,8 segundos, e o alemão começou a fazer o que sabia melhor: arrancar voltas mais rápidas atrás de voltas mais rápidas, num ritmo quase qualificativo, para ver se conseguia superar o finlandês quando fosse parar novamente. 

Quando parou, na volta 41 - depois de um susto com o Benetton de Alex Wurz - tinha uma vantagem de 4,1 segundos sobre o finlandês. A sua estratégia compensou, e a 12 voltas do final, apenas um problema mecânico ou algum piloto atrasado o poderia tirar da pista, e evitar que conseguisse os pontos necessários para ser campeão. E foi assim até ao final, com os dois pilotos separados por 1,8 segundos. com o alemão a sair de Suzuka com 12 pontos de avanço, a festa em Maranello e em Kerpen poderia começar. O jejum acabava. 

No dia seguinte, o jornal alemão "Die Welt" escrevia: "Um sonho foi realizado e terá consequências de longo alcance. A Ferrari e a Fórmula 1 estão novamente vivas esta temporada e foi criado um novo monumento... O trabalho árduo e o auto-sacrifício foram recompensados.

Era verdade. A nova era tinha começado. E a sua cor era vermelha.   

Sem comentários: