segunda-feira, 5 de março de 2007

O piloto do dia: Tom Pryce


Hoje, 5 de Março, faz 30 anos que morreu este grande talento do automobilismo inglês, vitima de um dos acidentes mais chocantes que a Formula 1 jamais assistiu. Foi o resultado da ingenuidade ou negligência que existia nessa altura na competição. E assim perdem-se grandes talentos…

Tom Pryce nasceu a 11 de Junho de 1949 em Ruthin, no País de Gales. Seu herói de infância era o escocês Jim Clark, e as noticias da sua morte, em Abril de 1968, abalaram-no. Aos 16 anos, ele abandonou a escola, mas a conselho da mãe, tirou um curso como mecânico de tractores agrícolas, no sentido de ganhar conhecimentos.

Aos 20 anos, mete-se na aventura. Primeiro na Formula Super Vee, e depois na formula 3, onde se bate contra pilotos como James HuntRoger Williamson e Jochen Mass. Em 1973, mete-se na Formula Atlantic e na Formula 2, onde é piloto da equipa Rondel, cujo proprietário era… Ron Dennis.

Em 1974, entra na Formula 1 por intermédio da Token, uma equipa estreante na competição. Estreia-se no GP da Bélgica, onde desiste à 66ª volta, vitima de uma colisão com o Tyrell de Jody Scheckter. Na corrida seguinte, no Mónaco, os organizadores barraram a sua entrada, por acharem que era “demasiado inexperiente”. Sendo assim, inscreveu-se na corrida de Formula 3 e ganhou por uma larga margem!

Essa corrida impressionou os responsáveis da Shadow, que procuravam um substituto para o americano Peter Revson, morto uns meses antes, a Africa do Sul. Começou a correr no GP da Holanda e cedo mostrou os seus dotes de piloto rápido: quando foi o piloto mais rápido na primeira sessão do GP de Inglaterra, em Brands Hatch, a equipa ofereceu-lhe… 100 garrafas de champanhe! No GP da Alemanha, acabou em sexto lugar, a única vez que chegou aos pontos naquele ano.

Em 1975, as coisas melhoraram: foi terceiro no chuvoso GP da Áustria, mas só ganhou metade dos pontos, e fez a “pole-position” no GP de Inglaterra, a única da sua carreira. Foi também nesse ano que Pryce ganhou a sua única corrida na Formula 1; a Corrida dos Campeões, uma prova extra-campeonato disputada em Brands Hatch. No total. Pryce obteve oito pontos, o que lhe deu um décimo lugar na classificação geral.

Na temporada de 1976, Pryce consegue outro pódio, no GP do Brasil, prova inaugural do campeonato. Depois disso, mais dois quartos lugares fizeram com que o piloto galês obtivesse 10 pontos e um 12º lugar na classificação.

Por esta altura, o seu talento não tinha passado despercebido. Colin Chapman queria-o na Lotus, no final de 1975, mas as condições financeiras da altura impediam que ele pudesse contratá-lo. Tentou então uma troca com o sueco Ronnie Peterson, mas também não teve sucesso.

As coisas prometiam na Shadow quando a temporada de 1977 teve o seu inicio, mas Pryce não terminava as corridas. Na Argentina não se classificou, no Brasil abandonou com uma falha mecânica, quando rolava em segundo lugar, à volta 34. Na corrida seguinte, na Africa do Sul, fez um brilharete nos treinos de sexta-feira, ao ser o mais rápido à chuva. Mas no Sábado fez uma má qualificação, partindo do 15º lugar, e para piorar as coisas, partiu mal, passando em último à primeira volta.

Mas desde então estava a fazer uma corrida “de trás para a frente”, e na volta 21, estava na 13ª posição, colado ao March de Hans Stuck. Nessa altura, o seu companheiro de equipa Renzo Zorzi tinha encostado à berma da recta da meta com um princípio de incêndio. Então, dois comissários atravessaram a pista, numa zona em que a visibilidade era nula quer para eles, quer para os pilotos. Um dos comissários era um rapaz de 18 anos, Jenson Van Vuuern, que levava um extintor. No momento que ambos atravessam a pista, os carros de Stuck e Pryce passam por eles. O alemão evita-o, mas não Pryce. O Shadow atropela-o, matando-o instantaneamente. O extintor que Van Vuuren transportava atinge Pryce na cabeça, matando-o.

Depois do choque, o carro sai desgovernado pela recta da meta, atingindo o Ligier de Jacques Laffite. O francês escapa ileso. Depois do acidente, circulou o rumor que Pryce tinha sido decapitado, devido ao facto do seu capacete ter sido encontrado na berma da pista. Isso não era totalmente verdade, pois Pryce ficou sem metade da cara devido ao choque. A corrida foi ganha por Niki Lauda, a primeira vitória do piloto depois do seu acidente quase fatal em Nurburgring, mas ninguém queria festejar. Pryce tinha 27 anos.

O seu palmarés: 42 Grandes Prémios espalhados em quatro temporadas, uma “pole-position”, dois pódios, 19 pontos no total. O seu melhor resultado final foi o décimo lugar no Mundial de 1975.

A passagem de Tom Pryce pela Formula 1 não passou despercebida. David Tremayne, um dos grandes jornalistas ingleses de automobilismo, e autor do livro “The Lost Generation”, deu o nome de Tom ao seu filho, e há hoje em dia o “Tom Pryce Trophy” dado ao piloto galês mais promissor. E este ano, trinta anos depois da sua morte, a sua cidade natal, Ruthin, vai erguer uma estátua em sua homenagem. Pryce está enterrado no cemitério St. Bartholomew em Otford, no condado de Kent, a mesma Igreja onde dois anos antes, ele tinha casado com a sua mulher Nella.

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