Hoje e amanhã assinalo aqui os 30 anos do acidente mortal de Tom Pryce, ocorrido no circuito de Kyalami, durante o GP da Africa do Sul de 1977.
Toda a gente sabe mais ou menos o que aconteceu, mas agora mostro o panorama completo: o fim de semana do GP.
Antes de Kyalami, o “Grande Circo” já tinha estado na Argentina e no Brasil, corridas onde o equilíbrio tinha sido a nota dominante. Se em Buenos Aires, assistiu-se à espantosa vitória de Jody Scheckter, a bordo do estreante Wolf, em Interlagos viu-se uma corrida tumultuosa, com a vitória do argentino Carlos Reutmann.
O fim-de-semana do GP da Africa do Sul começou chuvoso. Na sexta-feira, o Shadow de Tom Pryce mostra que é o melhor no molhado. Mas no Sábado, o tempo melhora e o McLaren de James Hunt leva a melhor sobre o Brabham de José Carlos Pace e o Ferrari de Niki Lauda. Scheckter, o piloto da casa, parte em quinto, e Pryce, o homem que deslumbrou na chuva do dia anterior, sai em 15º lugar na grelha.
A corrida começa sem incidentes, com Lauda a levar o melhor sobre Hunt, uma reincidência das lutas do ano anterior. Entretanto, Pryce atrasa-se na partida a passa em último no final da primeira volta. A corrida segue o seu ritmo normal até à volta 21, altura em que o italiano Renzo Zorzi para o seu Shadow na berma da recta da meta.
O carro começa a pegar fogo e logo dois comissários de pista vão socorrê-lo. Mas para lá chegaram, têm que atravessar a pista, e no sítio onde estão, a visibilidade é pouca, pois em Kyalami, a recta da meta começa numa subida, para descer vertiginosamente a partir da linha de meta (é o famoso The Dip”). Um dos comissários é um bagageiro de 18 anos: Jensen Van Vuuren.
Na altura em que atravessam a pista, quatro carros passam pela recta da meta: Pryce, o alemão Hans-Joachim Stuck, o francês Jacques Laffite e o sueco Gunnar Nilsson (1948-1978). Stuck consegue ver os dois comissários e guina para a direita, evitando-os. Mas Pryce, que estava colado a Stuck, não os vê e atropela Van Vuuren, matando-o. Mas no momento em que o atropela, o extintor que Van Vuuren transportava atinge o capacete de Pryce, matando-o imediatamente.
Mas isto não acaba aqui. O carro descontrolado de Pryce vai de encontro ao Ligier de Laffite e arrasta-o para a berma do final da meta. O francês escapa ileso, mas nada se podia fazer pelo piloto galês. Tinha 27 anos.
Depois disto, a corrida continua. Pace atrasou-se, Hunt também, e Lauda acaba por vencer a corrida, a sua primeira vitória depois do pavoroso acidente de Nurburgring, sete meses antes. No pódio, sabendo o que tinha acontecido antes, afirmou: “a morte de Pryce tirou todo o prazer da minha vitória”.
Em 13º lugar classificou-se o brasileiro José Carlos Pace. Seria o seu último GP. Treze dias depois, morre num acidente aéreo na Serra da Cantareira, em São Paulo. Tinha 33 anos. O Autódromo de Interlagos tem agora o seu nome.
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