Hoje vou falar de um homem que ficou na história por um feito unico: ganhou uma corrida. Se perguntam o porquê, direi que foi a bordo de um Ferrari. Mas pilotos que ganham corridas a bordo de Ferraris é o que não falta, não é? Pois, mas este é unico: ganhou na sua primeira corrida na Formula 1! Hoje falo de Giancarlo Baghetti, o homem com um grande inicio, mas não passou mais daí.
Filho de um rico industrial de Milão, nasceu no dia de Natal de 1934 (teria agora 72 anos). Começou a sua carreira automobilistica em 1955, a bordo de carros de turismo, mas em 1958 passa para a Formula Junior, com resultados medianos. Três anos depois, uma sociedade independente de directores de equipa italianas, a FISA (que tinha um acordo com a Ferrari para emprestar um Ferrari 246 Dino de Formula 2), escolhe Baghetti para conduzir o carro em algumas corridas desse ano, em várias provas de Formula 1, oficiais e em regime de extra-campeonato.
De inicio, os comentadores acharam estranho a escolha de Baghetti em deterimento de outros pilotos mais competitivos, como Albino Buttichi ou Lucien de Sanctis, mas nas duas primeiras corridas, o GP de Siracusa e o GP de Nápoles, Baghetti ganha as duas, a bordo do carro.
Entusiasmados, a equipa adquire um Tipo 156 (o nariz de tubarão) para a corrida de Reims-Geux, palco do GP de França. Era a primeira prova oficial para o piloto e para a equipa, e nos treinos, Baghetti consegue o 12º tempo, o pior dos Ferrari presentes.
Contudo, na corrida, as coisas foram diferentes: os Ferrari desistiam, um a um, vítimas de diversos problemas (Wolfgang Von Trips fica sem motor, Richie Ginther tem problemas de pressão de óleo, Phil Hill atrasa-se e acaba a duas voltas do vencedor), e Baghetti subia na classificação. Contudo, o italiano tinha um rival à altura: o americano Dan Gurney, num Porsche oficial. A corrida foi renhida, com ambos os pilotos a trocarem de posição constantemente nas oito voltas finais da corrida. Na última volta, Gurney tinha voltado para a liderança, mas a última curva, Baghetti aproveita o vácuo para ultrapassar o Porsche e ganhar a corrida... por um centésimo de segundo de diferença!
Era algo inédito: pela primeira vez desde 1954 que um italiano ganha um Grande Prémio de Formula 1, e tirando Nino Farina, que tinha ganho o primeiro Grande Prémio oficial, em 1950, Baghetti tornava-se também no primeiro piloto (e até agora unico) a ganhar no sua corrida de estreia!
Muitos pensavam que este primeiro sucesso poderia adivinhar outros sucessos futuros. Contudo, o grande momento de glória para ele foi este. Não pontuaria mais nos dois Grandes Prémios seguintes (Inglaterra e Itália), mas consegue a volta mais rápida nesse último, ficando na nona posição do campeonato, com nove pontos, e uma volta mais rápida.
Contudo, os bons resultados foram suficientes para ser admitido como piloto oficial da Ferrari em 1962, onde obteve como melhor resultado um quarto lugar na Holanda. Os cinco pontos que obteve deram-lhe o 11º lugar na classificação.
No final da época, ele, Phil Hill e vários elementos da Ferrari, liderados por Carlo Chiti, entraram em desacordo com "Il Commendatore", sairam para fundar a Automoblismo Turismo e Sport (ATS). tinham criado um carro, o Tipo 100, para competir com os Ferrari, mas o ano foi um desastre: nem Baghetti, nem Phill Hill, conseguiram pontuar com o carro.
Desiludido, Baghetti passa então para a Scuderia Centro-Sud para correr a bordo de um BRM, onde o melhor que consegue é um sétimo lugar na Austria. no final desse ano, tem a sua carreira acabada na Formula 1, pelo menos a tempo inteiro. Alinharia por mais três corridas até 1967, todas em Itália, mas sem resultados.
Entretanto, vira-se para os Turismos, onde a bordo de máquinas da Alfa romeo e da Fiat Abarth, consegue bons resultados, nomeadamente ganhando o Europeu de Turismo em 1966, a bordo de um Fiat Abarth 1000. Corre ainda na Formula 3 e Formula 2, e em 1968 sofre um grave acidente quando corria uma prova em Monza. A partr daí, a sua carreira competitiva está acabada.
A sua marca na Formula 1: em sete temporadas (1961-67), correu em 21 Grandes Prémios, uma vitória, uma volta mais rápida, 14 pontos.
Após o final da sua carreira competitiva, Baghetti torna-se num fotógrafo, especializado em automobilismo e moda. Também foi um dos que tentou salvar Lorenzo Bandini das chamas no seu acidente fatal no GP do Mónaco de 1967. A 27 de Novembro de 1995 morre de cancro, na sua Milão natal. Tinha 63 anos.
1 comentário:
Muito interessante a história de Baghetti na Fórmula 1. Eu não o conhecia. Sua carreira findou justamente no ano que eu nasci. Muito legal Speeder. Parabéns pelo texto. Você sempre trazendo informações dos pilotos que fizeram história na F1. Acho isso fantástico.
Um abração!!!
SAVIOMACHADO
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