quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

GP Memória - Africa do Sul 1968

Como já tinha dito há uns dias atrás, acerca da edição de 1962, o Grande Prémio da Africa do Sul costumava ser realizado numa altura que, hoje em dia, não seria possível: o Natal e o Ano Novo. Mas isso aconteceu, especialmente nas edições de 1967 e 1968. E neste dia de Ano Novo, fez precisamente 40 anos que aconteceu um facto histórico na Formula 1: Jim Clark bateu um recorde com 12 anos e meio, que era o de maior numero de vitórias na Formula 1. Todos pensavam que era o auge da carreira de Clark. Infelizmente, seria também a sua última.


No Dia de Ano Novo de 1968, o campeonato do Mundo de Formula 1 tinha o seu arranque no ponto mais a sul de Africa. O Circuito de Kyalami albergava a fina flor do automobilismo mundial, com Clark, Hill, Stewart, McLaren, Brabham e Hulme, entre outros, dispostos a lutar pelo título mundial. O Lotus 49 era agora o alvo a abater: depois de duas vitórias consecutivas, nos Estados Unidos e no México, graças a Jim Clark. O carro estava “no ponto”, antes deste rumar para a Oceânia e participar nas Tasman Séries, que Clark acabaria por vencer.


O seu maior rival de Clark deveria ser os Brabham de “Black Jack”, que tinha um novo companheiro de equipa: o austríaco Jochen Rindt. Quanto a Dennis Hulme, o campeão do mundo, tinha aceite o desafio do seu compatriota Bruce McLaren para ir correr na sua equipa. O chassis M7A ainda não estava pronto, portanto, ainda tinham que correr no chassis do ano anterior, que não tinha tido grandes resultados.


Quanto o Jackie Stewart, iria correr numa nova equipa: a Matra. Esta equipa francesa tinha grande potencial, depois de se ter revelado ser vencedor na Formula 2, no ano anterior. Eesta equipa francesa era dirigido por… um inglês! Ken Tyrrell, de seu nome. Como companheiro de equipa, tinham um francês de 29 anos, que se tinha revelado ser um bom piloto de motos, e que se tinha adaptado bem na sua transição para o automobilismo: Jean-Pierre Beltoise.


A Africa do Sul tinha um dos campeonatos locais mais activo do mundo, e os pilotos que lá guiavam aproveitavam esta hipótese de correr com o pelotão internacional para mostrar o seu valor. John Love ainda vivia os louros pelo feito do ano anterior, onde quase levou um Cooper desactualizado à vitória. Mas em 1968, os carros já se tinham adaptado à nova fórmula de 3 Litros, e o factor surpresa parecia ter-se desvanecido…


Nos treinos, Jim Clark levou a melhor sobre o resto da concorrência, seguido de Hill, Brabham, Stewart, Hulme e Beltoise. Na corrida, Clark largou na frente e… nunca mais foi visto até ao final da corrida. Típico dele, de um piloto que dominava desde o inicio das corridas até ao fim, só porque era assim que sabia guiar em corrida. Em pressão, tinha dificuldades em aguentar o ritmo e a pressão. Talvez por isso que o único piloto do então pelotão da Formula 1 que mais tinha medo era do americano Dan Gurney, um piloto brilhante nesse tipo de corrida.


No final das 76 voltas, Clark foi o melhor, seguido pelo seu companheiro Graham Hill e pelo austríaco Jochen Rindt. Para Clark, era a sua 72ª participação oficial num Grande Prémio de Formula 1, e a sua 25ª vitória em competição. O Lotus 49 verde e amarelo, com motor Cosworth, mostrava a sua raça, e todos tinham visto, naquele inicio de 1968, que a temporada poderia ser um passeio para a Lotus e para Clark, e que um terceiro título mundial seria uma inevitabilidade.

Mas poucas pessoas poderiam perceber que o dia 1 de Janeiro de 1968 marcava o fim de uma existência na Formula 1. Alguns dias mais tarde, Colin Chapman assinava um acordo com a Imperial Tobacco, no valor de 60 mil Libras (quase um milhão de euros nos dias de hoje), onde os carros verdes passariam a ser vermelho e dourado da Golden Leaf. A era dos patrocínios tinha chegado. Pouco tempo depois, a 7 de Abril, uma Grã-Bretanha em choque veio a saber que Jim Clark, o claro favorito para o título mundial desse ano, morria numa prova insignificante de Formula 2, no circuito alemão de Hockenheim. Outra era tinha chegado ao fim.

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