sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O piloto do dia - Johnny Cecotto

Esta semana comemorou-se o aniversário de um piloto realmente polivalente: primeiro nas motas, depois nos automóveis, primeiro na Formula 1 e depois nos turismos, este homem foi verdadeiramente o piloto dos sete oficios. A par de John Surtees e Mike Hailwood, foi um dos pilotos de motos mais bem sucedidos nos automóveis. Hoje falo do (por agora) unico venezuelano na Formula 1 e o primeiro companheiro de equipa de Ayrton Senna na Formula 1: Johnny Cecotto.


Alberto "Johnny" Cecotto nasceu a 21 de Janeiro de 1956 em Caracas. Filho de imigrantes italianos, começou muito cedo em competições. Aos 16 anos, estreou-se em competição, correndo no campeonato nacional de motociclismo, sendo bi-campeão nacional em 1973 e 1974. No ano seguinte, já com 19 anos, espanta o mundo ao participar na corrida Daytona 200 com uma moto Yamaha TZ 700 arranjada pelo importador local. Partindo da última posição (não chegou a tempo para fazer as qualificações), espanta os entendidos ao fazer uma corrida de trás para a frente, classificando-se na terceira posição final.

Pouco tempo depois, corre no Mundial de Motociclismo nas categorias de 250 e 350 cc. A bordo de uma Yamaha, espanta o "paddock" ao ganhar no seu primeiro Grande Prémio de sempre, em França... e em ambas as categorias! No final do ano, ganha mais quatro corridas e torna-se, aos 19 anos, no mais jovem campeão do mundo de sempre, batendo na categoria de 350 cc o super-consagrado piloto italiano Giacomo Agostini.

No ano seguinte, já apoiado pela equipa oficial, ganha a Daytona 200 e trava uma longa batalha pela renovação do título de 350 cc contra o italiano Walter Villa (1943-2002), que perde a favor de Villa, que corria... numa Harley-Davidson. Em 1977, parte para a categoria de 500 cc, sempre com a Yamaha, mas nunca se adaptou propriamente com a máquina. Para piorar as coisas, sofreu acidentes que o afastavam da luta pelo título durante algum tempo. O mais grave deles ocorreu na rápida (e perigosa) pista de Saltzburgring, na Austria, onde se envolveu num multiplo acidente, que causou a morte do suiço Hans Stadelmann.

Em 1978 e 79 esteve concentrado nas 500 cc, mas apesar de ganhar corridas, nunca teve capacidade para discutir títulos com outros pilotos como o americano Kenny Roberts, o inglês Barry Sheene (1950-2003), o sul-africano Kork Ballington, o alemão Anton Mang, entre outros. No final de 1980, depois de mais uma época frustrante, decide abandonar as motos e vira-se para os automóveis.


Vai correr na Formula 2 europeia, onde começa a correr na... Minardi. Os seus primeiros passos são seguros, mas em 1982 envolve-se numa luta com Corrado Fabi (irmão mais novo de Teo Fabi) pelo título europeu de Formula 2. O italiano leva a melhor, por um ponto. Nessa temporada, o piloto venezuelano ganhou três corridas: Thruxton, em Inglaterra, Mantorp Park, na Suécia e no circuito citadino de Pau, em França.



No ano seguinte estreia-se na Formula 1, a bordo de um Theodore, uma equipa do fundo do pelotão. Tem como companheiro de equipa o colombiano Roberto Guerrero, e as suas performances até não são más: na sua segunda corrida, em Long Beach, acaba em sexto lugar, conseguindo o seu unico ponto do ano. Isso dar-lhe-à no final da temporada o 19º lugar final. As suas performances permitiram-lhe conseguir uma segunda temporada na Formula 1, desta vez a bordo de um Toleman. O seu companheiro de equipa é um jovem prodígio brasileiro de 24 anos, vencedor do Campeonato Britânico de Formula 3 no ano anterior: Ayrton Senna.


Cedo Cecotto foi ultrapassado pela rapidez do brasileiro. Mas tentava o seu melhor para não ficar mal. O seu melhor foi um nono lugar no Canadá. Contudo, nos treinos de sexta-feira do GP de Inglaterra, em Brands Hatch, Cecotto sofre um impacto no muro de protecção a mais de 240 km/hora, que lhe causou graves ferimentos nas pernas. Foi o final da sua carreira na Formula 1.


A sua carreira: 23 corridas, em duas temporadas (1983-84), um ponto.


Depois de recuperar das suas feridas, Cecotto vira-se para as competições de Turismo. Primeiro, no Europeu da categoria, ao volante de um Volvo 240. Ganha a corrida da Guia, que faz parte do GP de Macau, em 1986. No ano seguinte, corre a famosa Bathurst 1000, e dois anos depois, torna-se campeão italiano de Turismos. a bordo de um BMW M3.


No ano seguinte muda-se para a Alemanha, onde durante quatro anos vai ser uma das personagens mais importantes do DTM. Sempre a correr pela BMW, o melhor que conseguiu foi ser vice-campeão em 1990. Quando a BMW se retirou da competição, foi para a Supertouring alemã, onde foi campeão em 1994 e 1998. Após isso, deu uma perninha na BTCC inglesa e em 2001 e 2002 foi bi-campeão so Campeonato alemão V8 Star, a bordo de um Opel Omega. Quando a série acabou, decidiu retirar-se da competição activa.

Hoje em dia, dedica-se a gerir a carreira do seu filho, Johnny Cecotto Jr., de 18 anos, que competiu em 2007 na Formula Master Series, tendo sido rival do piloto macaense Rodolfo Ávila.

Fontes:

6 comentários:

hjg disse...

Muito obrigado pelo homenagem a tao grande piloto. Na verdade sucederam cosas na F1 que nunca se falaram, so depois de anos, ja que o accidente em Brands Hatch foi um golpe psicologico muito forte para ele e sempre tentava nao falar de sua epoca na categoria, mais ele adora F1.

Ele nunca foi mais exitoso que Ayrton nao precisamente pelo bom que foi o brasileiro. Ayrton tinha um patrocinio enorme, que dava a Toleman tudo para que ele tuvisse os melhores equipes. Senna sempre tinha o melhor motor, o chasis mais estable e a tecnologia mais nova. Alias Johnny dava o melhor de sim para brilhar e algunas veces foi melhor que Senna com um carro pior, por eixemplo em San Marino onde ele sim entrou na corrida e Senna nao. Em 1990 Senna diria que Cecotto foi seu maior rival em pista, aquele que nunca chegou vencer mesmo tindo mais carro que ele.

Sua carreira e talento chamou muito a atençao de Enzo Ferrari, e foi chamado por ele para dirigir em 1985 (no lugar de René Arnoux), ja tinha a "bendicion" do Comendatore para isso, mais acomteceu o terrivel accidente e acabou tudo. Esse é um dato curioso que pocos conhecem dele.

Outra curiosidade é que ele estava a um paso de vencer o titulo da DTM em 1990 na corrida de Hockenheim, mais chegou um novato, "um tal M.Schumacher" e bateu o carro dele de lado mto forte cuando foi ultrapassado, entao Cecotto foi enviado fora de pista e ai acabou o sonho do titulo.

Um dia vou postar a historia "segreda" dele, cosas que nunca foram reveladas e outras esquecidas.

Muito obrigado Speeder :D

hjg disse...

Alem disso tenho fotos nunca reveladas do accidente dele.

Blog F1 Grand Prix disse...

Uma pena que a carreira do Ceccoto na Fórmula 1 tenha sido abreviada por causa do acidente que ele sofreu na metade de 1984. O venezuelano tinha potencial para ir mais longe...

Speeder,

Muito obrigado pela referência no seu post sobre o G.P. de Canadá de 1973. Valeu mesmo! Acho que o seu texto ficou até melhor do que o meu!

Grande abraço!

Gustavo Coelho

João Carlos Viana disse...

Me lembro que torcia mo pro Cecotto no Superturismo Alemão, que era transmitida pela TV a cabo pelo Brasil. Sempre fui fã da marca BMW e vibrei demais quando o Cecotto foi campeão em 1998.

Anónimo disse...

Speeder: como comparar os tempos de volta (treino e corrida) entre Cecotto e Senna?
Tenho procurado essa informação, mas sem sucesso.
Os tempos de volta são uma comparação melhor do que os pontos ou as vitórias de cada piloto.

Speeder76 disse...

Tens acesso ao Forix? É que aparentemente, deve ser a unico sitio onde se podem fazer esse tipo de comparação, tirando os suportes em papel.