A semana foi toda a falar sobre este mesmo assunto: as novas equipas de Formula 1. Desde segunda-feira que leio os vários artigos sobre a capacidade das duas equipas inscritas, a USF1 e a Campos Meta, com a “pirata” Stefan GP a espreitar, agora que cancelou o seu teste que deveria fazer a partir de hoje no Autódromo de Portimão. Após na terça-feira, o comunicado da Ferrari ter “apenas” verbalizado aquilo que muitos falavam numa surdina com cada fez maior volume, à medida que se liam os capítulos das aventuras das únicas equipas inscritas que não fizeram qualquer teste, achei por bem falar sobre isso, mas depois dos outros. Porquê? Para dar tempo para reflectir.
Agora que as coisas assentaram de uma certa maneira, vou dar a minha opinião sobre o assunto. É mais um, e este é um assunto que já refiro desde há algum tempo, mas pelos vistos continua a ser actual.
Max Mosley – o causador destes sarilhos
Disse não há muito tempo que a escolha das equipas para 2010 foi tudo menos técnica. Quando Max Mosley abriu o processo de selecção das equipas, queria a todo o custo implementar um sistema de tecto salarial, onde as equipas não poderiam gastar mais do que uma certa quantia, primeiro 30 milhões, depois 40 milhões. A FOTA barafustou, e com alguma razão, afirmando que as somas não eram só ridículas, mas como abria o precedente de atrair projectos mais ou menos duvidosos, cuja capacidade financeira era baixa, e para piorar as coisas, os tempos eram de crise.
Como as coisas andavam nessa altura, cogitei a hipótese: como seria o momento actual caso a cisão de Junho tivesse ido por diante? Muito provavelmente por esta altura, a Formula 1 da FIA não existia. Mesmo que Williams e Force Índia se mantivessem fiéis, não iriam correr apenas com Virgin e Lotus, numa mirrada grelha de oito vagas, enquanto que na Formula FOTA estaria provavelmente o grosso das equipas, com um calendário feito à medida deles, numa grelha algo pequena, mas capaz de assegurar a sua sobrevivência pelo menos a curto prazo, pois provavelmente a longo prazo, aquilo que teria sido outrora a categoria máxima do automobilismo estaria em pedaços, com feridas profundas cuja cicatrização demoraria anos nas barras dos tribunais e algo mais…
Portanto, o pior cenário foi evitado. Mas partes dos estragos já tinham acontecido: BMW e Toyota retiraram-se da competição no final da época passada. A Renault desinvestiu na sua estrutura de Formula 1 e “sub-alugou” cerca de 75 por cento da sua estrutura à Genii Capital, mantendo o nome no chassis e pouco mais. Isso fez com que a nova estrutura decidisse escolher um piloto pagante para o lugar ao lado de Robert Kubica, e essa escolha recaiu (foi mais aquele que pagou mais pelo lugar…) o russo Vitaly Petrov. A estrutura da Toyota foi alegadamente comprada pelo “pirata” Zoran Stefanovic para que ele pudesse construir a sua misteriosa “Stefan GP” que tem como um dos seus colaboradores, o “maldito” Mike Goulghan. Mas sem autorização para correr o Mundial de Formula 1, apesar das ajudas de Bernie Ecclestone para a meter dentro, mas ao arrepio das opiniões das equipas FOTA. Não admira que a Ferrari esfume a sua fúria italiana sobre estes acontecimentos…
Mas o comunicado da Scuderia também diz outra coisa: é um aviso às novas equipas que a categoria máxima do automobilismo não é mais do que um “Clube Piranha”. Só por aí elas deveriam ter ficado de pé atrás, ainda mais nesta época de crise económica muito forte. Max Mosley, na sua cega busca pela sua verdade, colocou as novas equipas como “peões” do seu maquiavélico plano para subordinar as equipas da FOTA, dividindo-as e derrotando-as, levando a sua adiante. Tinha acontecido no passado, mas em 2009, as coisas foram diferentes. E quando mostraram os seus dentes afiados, mostrando até onde iam na sua determinação é que Mosley se retirou de cena, dando a vez a Jean Todt para que dome o aquário ainda agitado das equipas de Formula 1.
E as novas equipas, claro, tem a sua quota-parte nesta história. Se Virgin e Lotus são profissionais e fizeram tudo como deve de ser, já a Campos e a USF1 fizeram relembrar as historietas de equipas como Life, Andrea Moda, Coloni, Lambo e outras, nos finais da década de 80, inicio dos anos 90, quando existiam as pré-qualificações. Equipas com meia dúzia de mecânicos, dirigidos por amadores lunáticos do género Jean-Pierre Van Rossem, o homem por detrás do projecto da Onyx, que durou um ano e deu cinco pontos e um pódio a Stefan Johansson. Poucos aguentaram mais do que dois anos, porque logo no primeiro, a sua reputação tinha sido devorada até ao osso. Como fazem as piranhas em relação à carne tenra, não é?
Campos e USF1 – Exemplos de não montar uma equipa de Formula 1
A USF1 e a Campos são duas estruturas feitas por personagens que há anos tentam montar a sua equipa de Formula 1, que são vistos pelos “insiders” da matéria como personagens detestáveis. Segundo alguns, Peter Windsor é capaz de vender a sua mãe para ver se consegue montar a sua equipa. Já não é a primeira vez que se envolve nisto. No final da década de 80, tentou comprar, em ocasiões separadas, a Brabham e a Onyx. Chegou até a meter estas empresas em tribunal, e a sua personalidade no “paddock” também não ajuda muito… Quanto a Adrian Campos, esteve envolvido no projecto da Bravo F1, no final de 1992, onde chegou a inscrever Jordi Gene, mas no final desse ano, os planos foram por água abaixo devido à falta do vil metal, entre outras coisas… Com estes “cartões de visita”, não se pode ficar muito surpreso acerca das dificuldades que ambas as equipas passam agora.
No caso da Campos, a coisa resolveu-se com a venda da equipa a um dos sócios, José Manuel Carabante, depois de Tony Teixeira ter tentado comprar uma parte. Como não tem dinheiro (senão a A1GP ainda existiria, não é?) Carabante foi buscar Colin Kolles para fazer algo menos do que um milagre: montar uma equipa de Formula 1. Chassis, motor e caixa de velocidades existem, bem como um piloto de Formula 1, Bruno Senna. Mas falta o resto, desde um conjunto de mecânicos até um segundo piloto. Em suma, em cima dos prazos, em cima do joelho, vai-se tentar montar uma equipa.
Quanto à USF1, vamos ser honestos: só com uma varinha de condão é que estarão no Bahrein. A Autosport inglesa mostrava ontem na sua edição que as coisas foram feitas de forma muito amadora, no mínimo. Não havia planos em termos de construção de chassis e outros componentes, por exemplo. Afinal, os “sketchs” cómicos que via no Youtube tinham um fundo de verdade!
Fico com a sensação que o grande financiador do projecto, Chad Hurley, foi enganado por senão os dois, pelo menos por um burlão, o tal que já falei antes. Há agora rumores que ele pode ter ido para a Campos, mas provavelmente acho que ele vai mas é pensar duas vezes antes de aplicar o seu dinheiro, e afastar-se da Formula 1 o quanto antes.
Por fim, que é que iremos ver no Bahrein?
Das quatro equipas, duas apresentaram os seus chassis e pilotos. Virgin e Lotus são duas equipas melhor estruturadas, com os seus próprios chassis e motores Cosworth. Em termos de testes, fizeram a sua parte, tentando resolver os problemas de juventude, quer do chassis, quer do motor. Mas muitos temem que estes carros estejam a preencher os últimos lugares da grelha, dado que nos testes tiram tempos por vezes três segundos mais lentos do que os carros da frente, como McLaren, Ferrari e Red Bull. Mas os testes pouco indicam, pois não sabemos as condições que os tempos foram tirados. Somente em situação de corrida é que se verá.
Mas segundo a Ferrari, duvidam da sua resistência e da sua capacidade de desenvolvimento. Acham que o chassis da Virgin é demasiado frágil (o episódio do nariz desfeito em Jerez não passou despercebido) e apesar de não dizer muito mal da Lotus, ficam de pé atrás.
Com todo este novelo, as coisas pioram quando se circula desde há umas semanas o rumor de que existe uma espécie de cláusula que permite às novas equipas faltar a algumas corridas, umas três, até poderem apresentar o seu chassis. Como o Acordo de Concórdia nunca foi divulgado em público, as especulações são muitas. Mas passados estes dias, o que se percebe é que não é mais uma manobra, provavelmente de Bernie Ecclestone, para colocar as equipas FOTA perante um conjunto de factos consumados, desde a falha da USF1 ou Campos (ou os dois) até à entrada da Stefan GP. Em ambos os casos, seria um enfraquecimento da associação, a favor do “quero, posso e mando” de Bernie Ecclestone. Como é que isto se resolve? Se for à boa maneira da FOTA, cujo porta-voz não oficial é a Ferrari, nenhuma delas deve entrar, e a temporada de 2010 vai começar (e talvez continuar) com 22 carros.
Em suma, o que vemos por aqui é o fracasso de uma certa politica, imposta de cima, com o acordo de ninguém. A ideia que transformar a Formula 1 numa categoria quase de monoposto, com motores iguais, limitação de rotações (excepto, curiosamente, os Cosworth…) onde teriam de gastar à volta de 30 milhões de libras por ano, mostrou-se como uma ideia ridícula. Com equipas como a Ferrari a gastar uma soma dez vezes mais do que o proposto, esta ideia entrava em colisão com aquilo que a FOTA queria. E quando viram estruturas profissionais como a Prodrive e a Épsilon Euskadi serem preteridas em favor de estruturas quase amadoras, elaboradas por aventureiros e sonhadores, só porque aceitaram os ditames de Mosley para ter motor Cosworth e caixa de velocidades XTrac, a FOTA sabia que isto era uma receita para o desastre.
E o mais interessante é ver que a única que pode safar direito pode ser a última das equipas aprovadas, a Lotus, cujo processo de avaliação aconteceu em Setembro, alguns meses depois da aprovação de duas das três equipas cuja situação é no mínimo, periclitante. Agora, a menos de três semanas do primeiro Grande Prémio da época, temos duas equipas que Bernie Ecclestone diz desde Dezembro que não serão capazes de alinhar, perguntamos: para quê é que foram escolhidas? Essa tem uma resposta fácil.
Pensava eu que os tempos de equipas como Life, Coloni, Andrea Moda ou Lola tinham passado de vez. Afinal, parece que não. Mas nós sabemos a quem devemos culpar por esta embrulhada que a Formula 1 vive nestes últimos tempos. Até para a semana!
Agora que as coisas assentaram de uma certa maneira, vou dar a minha opinião sobre o assunto. É mais um, e este é um assunto que já refiro desde há algum tempo, mas pelos vistos continua a ser actual.
Max Mosley – o causador destes sarilhos
Disse não há muito tempo que a escolha das equipas para 2010 foi tudo menos técnica. Quando Max Mosley abriu o processo de selecção das equipas, queria a todo o custo implementar um sistema de tecto salarial, onde as equipas não poderiam gastar mais do que uma certa quantia, primeiro 30 milhões, depois 40 milhões. A FOTA barafustou, e com alguma razão, afirmando que as somas não eram só ridículas, mas como abria o precedente de atrair projectos mais ou menos duvidosos, cuja capacidade financeira era baixa, e para piorar as coisas, os tempos eram de crise.
Como as coisas andavam nessa altura, cogitei a hipótese: como seria o momento actual caso a cisão de Junho tivesse ido por diante? Muito provavelmente por esta altura, a Formula 1 da FIA não existia. Mesmo que Williams e Force Índia se mantivessem fiéis, não iriam correr apenas com Virgin e Lotus, numa mirrada grelha de oito vagas, enquanto que na Formula FOTA estaria provavelmente o grosso das equipas, com um calendário feito à medida deles, numa grelha algo pequena, mas capaz de assegurar a sua sobrevivência pelo menos a curto prazo, pois provavelmente a longo prazo, aquilo que teria sido outrora a categoria máxima do automobilismo estaria em pedaços, com feridas profundas cuja cicatrização demoraria anos nas barras dos tribunais e algo mais…
Portanto, o pior cenário foi evitado. Mas partes dos estragos já tinham acontecido: BMW e Toyota retiraram-se da competição no final da época passada. A Renault desinvestiu na sua estrutura de Formula 1 e “sub-alugou” cerca de 75 por cento da sua estrutura à Genii Capital, mantendo o nome no chassis e pouco mais. Isso fez com que a nova estrutura decidisse escolher um piloto pagante para o lugar ao lado de Robert Kubica, e essa escolha recaiu (foi mais aquele que pagou mais pelo lugar…) o russo Vitaly Petrov. A estrutura da Toyota foi alegadamente comprada pelo “pirata” Zoran Stefanovic para que ele pudesse construir a sua misteriosa “Stefan GP” que tem como um dos seus colaboradores, o “maldito” Mike Goulghan. Mas sem autorização para correr o Mundial de Formula 1, apesar das ajudas de Bernie Ecclestone para a meter dentro, mas ao arrepio das opiniões das equipas FOTA. Não admira que a Ferrari esfume a sua fúria italiana sobre estes acontecimentos…
Mas o comunicado da Scuderia também diz outra coisa: é um aviso às novas equipas que a categoria máxima do automobilismo não é mais do que um “Clube Piranha”. Só por aí elas deveriam ter ficado de pé atrás, ainda mais nesta época de crise económica muito forte. Max Mosley, na sua cega busca pela sua verdade, colocou as novas equipas como “peões” do seu maquiavélico plano para subordinar as equipas da FOTA, dividindo-as e derrotando-as, levando a sua adiante. Tinha acontecido no passado, mas em 2009, as coisas foram diferentes. E quando mostraram os seus dentes afiados, mostrando até onde iam na sua determinação é que Mosley se retirou de cena, dando a vez a Jean Todt para que dome o aquário ainda agitado das equipas de Formula 1.
E as novas equipas, claro, tem a sua quota-parte nesta história. Se Virgin e Lotus são profissionais e fizeram tudo como deve de ser, já a Campos e a USF1 fizeram relembrar as historietas de equipas como Life, Andrea Moda, Coloni, Lambo e outras, nos finais da década de 80, inicio dos anos 90, quando existiam as pré-qualificações. Equipas com meia dúzia de mecânicos, dirigidos por amadores lunáticos do género Jean-Pierre Van Rossem, o homem por detrás do projecto da Onyx, que durou um ano e deu cinco pontos e um pódio a Stefan Johansson. Poucos aguentaram mais do que dois anos, porque logo no primeiro, a sua reputação tinha sido devorada até ao osso. Como fazem as piranhas em relação à carne tenra, não é?
Campos e USF1 – Exemplos de não montar uma equipa de Formula 1
A USF1 e a Campos são duas estruturas feitas por personagens que há anos tentam montar a sua equipa de Formula 1, que são vistos pelos “insiders” da matéria como personagens detestáveis. Segundo alguns, Peter Windsor é capaz de vender a sua mãe para ver se consegue montar a sua equipa. Já não é a primeira vez que se envolve nisto. No final da década de 80, tentou comprar, em ocasiões separadas, a Brabham e a Onyx. Chegou até a meter estas empresas em tribunal, e a sua personalidade no “paddock” também não ajuda muito… Quanto a Adrian Campos, esteve envolvido no projecto da Bravo F1, no final de 1992, onde chegou a inscrever Jordi Gene, mas no final desse ano, os planos foram por água abaixo devido à falta do vil metal, entre outras coisas… Com estes “cartões de visita”, não se pode ficar muito surpreso acerca das dificuldades que ambas as equipas passam agora.
No caso da Campos, a coisa resolveu-se com a venda da equipa a um dos sócios, José Manuel Carabante, depois de Tony Teixeira ter tentado comprar uma parte. Como não tem dinheiro (senão a A1GP ainda existiria, não é?) Carabante foi buscar Colin Kolles para fazer algo menos do que um milagre: montar uma equipa de Formula 1. Chassis, motor e caixa de velocidades existem, bem como um piloto de Formula 1, Bruno Senna. Mas falta o resto, desde um conjunto de mecânicos até um segundo piloto. Em suma, em cima dos prazos, em cima do joelho, vai-se tentar montar uma equipa.
Quanto à USF1, vamos ser honestos: só com uma varinha de condão é que estarão no Bahrein. A Autosport inglesa mostrava ontem na sua edição que as coisas foram feitas de forma muito amadora, no mínimo. Não havia planos em termos de construção de chassis e outros componentes, por exemplo. Afinal, os “sketchs” cómicos que via no Youtube tinham um fundo de verdade!
Fico com a sensação que o grande financiador do projecto, Chad Hurley, foi enganado por senão os dois, pelo menos por um burlão, o tal que já falei antes. Há agora rumores que ele pode ter ido para a Campos, mas provavelmente acho que ele vai mas é pensar duas vezes antes de aplicar o seu dinheiro, e afastar-se da Formula 1 o quanto antes.
Por fim, que é que iremos ver no Bahrein?
Das quatro equipas, duas apresentaram os seus chassis e pilotos. Virgin e Lotus são duas equipas melhor estruturadas, com os seus próprios chassis e motores Cosworth. Em termos de testes, fizeram a sua parte, tentando resolver os problemas de juventude, quer do chassis, quer do motor. Mas muitos temem que estes carros estejam a preencher os últimos lugares da grelha, dado que nos testes tiram tempos por vezes três segundos mais lentos do que os carros da frente, como McLaren, Ferrari e Red Bull. Mas os testes pouco indicam, pois não sabemos as condições que os tempos foram tirados. Somente em situação de corrida é que se verá.
Mas segundo a Ferrari, duvidam da sua resistência e da sua capacidade de desenvolvimento. Acham que o chassis da Virgin é demasiado frágil (o episódio do nariz desfeito em Jerez não passou despercebido) e apesar de não dizer muito mal da Lotus, ficam de pé atrás.
Com todo este novelo, as coisas pioram quando se circula desde há umas semanas o rumor de que existe uma espécie de cláusula que permite às novas equipas faltar a algumas corridas, umas três, até poderem apresentar o seu chassis. Como o Acordo de Concórdia nunca foi divulgado em público, as especulações são muitas. Mas passados estes dias, o que se percebe é que não é mais uma manobra, provavelmente de Bernie Ecclestone, para colocar as equipas FOTA perante um conjunto de factos consumados, desde a falha da USF1 ou Campos (ou os dois) até à entrada da Stefan GP. Em ambos os casos, seria um enfraquecimento da associação, a favor do “quero, posso e mando” de Bernie Ecclestone. Como é que isto se resolve? Se for à boa maneira da FOTA, cujo porta-voz não oficial é a Ferrari, nenhuma delas deve entrar, e a temporada de 2010 vai começar (e talvez continuar) com 22 carros.
Em suma, o que vemos por aqui é o fracasso de uma certa politica, imposta de cima, com o acordo de ninguém. A ideia que transformar a Formula 1 numa categoria quase de monoposto, com motores iguais, limitação de rotações (excepto, curiosamente, os Cosworth…) onde teriam de gastar à volta de 30 milhões de libras por ano, mostrou-se como uma ideia ridícula. Com equipas como a Ferrari a gastar uma soma dez vezes mais do que o proposto, esta ideia entrava em colisão com aquilo que a FOTA queria. E quando viram estruturas profissionais como a Prodrive e a Épsilon Euskadi serem preteridas em favor de estruturas quase amadoras, elaboradas por aventureiros e sonhadores, só porque aceitaram os ditames de Mosley para ter motor Cosworth e caixa de velocidades XTrac, a FOTA sabia que isto era uma receita para o desastre.
E o mais interessante é ver que a única que pode safar direito pode ser a última das equipas aprovadas, a Lotus, cujo processo de avaliação aconteceu em Setembro, alguns meses depois da aprovação de duas das três equipas cuja situação é no mínimo, periclitante. Agora, a menos de três semanas do primeiro Grande Prémio da época, temos duas equipas que Bernie Ecclestone diz desde Dezembro que não serão capazes de alinhar, perguntamos: para quê é que foram escolhidas? Essa tem uma resposta fácil.
Pensava eu que os tempos de equipas como Life, Coloni, Andrea Moda ou Lola tinham passado de vez. Afinal, parece que não. Mas nós sabemos a quem devemos culpar por esta embrulhada que a Formula 1 vive nestes últimos tempos. Até para a semana!
P.S: O Luis Iriarte, do Formula 1 A.L.C, já colocou no seu blog a versão espanhola deste artigo. Se estiverem curiosos para saber como ficou, podem ver aqui.
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