Dois meses depois de Jack Brabham conquistar para a Cooper o seu primeiro título mundial, e também o primeiro de uma era onde os motores ficariam atrás do piloto, no aeródromo de Sebring, o pelotão da Formula 1 iria começar a nova temporada em paragens argentinas, no Autódromo de Buenos Aires. De regresso à Formula 1 após dois anos, a maioria das equipas se tinha rendido às vantagens das máquinas com motor traseiro, já que a Ferrari, BRM e a Lotus preparavam os seus novos projectos com essa ideia em mente. Mesmo sabendo que em 1961 teriam de projectar novos carros, pois os motores iriam ser reduzidos de 2.5 litros para 1.5 litros.
Também a FIA tinha alterado algumas regras em relação ao sistema de pontos. Agora, o sexto classificado tinha direito a ter pontos, deixando de se pontuar pela volta mais rápida, e as trocas de pilotos a meio da corrida eram desencorajadas, perdendo os pontos respeitantes em caso de eles chegassem aos lugares pontuáveis.
Mas em Buenos Aires, somente a Cooper tinha motores traseiros. E os seus chassis dominavam o pelotão. A equipa oficial tinha dois carros para Jack Brabham e Bruce McLaren, enquanto que Rob Walker também tinha dois carros, para o francês Maurice Trintignant e o britânico Stirling Moss. A Scuderia Centro-Sud era outra com chassis Cooper, mas tinha motores Maserati. E nessa corrida tinha contratado dois pilotos locais: Carlos Menditeguy e Roberto Bonomi. Para finalizar, Harry Schell, que tinha saído da BRM, voltara a activar a Ecurie Bleue e corria com outro chassis Cooper-Climax. No total, estavam sete chassis Cooper, quase um terço do pelotão.
Mas os restantes carros eram de motor dianteiro, e já datados. A Ferrari trazia quatro carros para a Argentina, para o britânico Cliff Allison, o alemão Volfgang Von Trips e o americano Phil Hill. Mas eles tinham levado um quarto chassis para um herói local: Froilan Gonzalez. Longe dos seus grandes dias de competição, voltava a correr mais uma vez pela Scuderia, quase nove anos após a sua mítica vitória em Silverstone, a primeira da marca de Maranello. Aos 38 anos, o "Touro das Pampas" correria pela última vez num Grande Prémio.
A Lotus, que tinha visto partir Graham Hill para a BRM, tinha contratado em seu lugar um jovem piloto inglês chamado Alan Stacey. Tinha 23 anos e uma particularidade: tinha a perna direita amputada do joelho para baixo. Mas o seu carro era adaptado de modo a poder acelerar como nas motos, e era considerado como um excelente piloto, que prometia ser bom. Para além de Stacey, Colin Chapman trouxe dois chassis para Innes Ireland e o piloto local Alberto Rodriguez Larreta.
A BRM tinha dois chassis para Graham Hill e Jo Bonnier, e havia a inscrição de um Bahra-Porsche para o americano Masten Gregory. Mas ainda havia cinco chassis Maserati 250, já datados e todos inscritos por pilotos privados: o local Nasif Stefano, os italianos Guido Scarlatti e Gino Munaron, o espanhol Antonio Creus e o venezuelano de origem italiana Ettore Chimeri. No total, 22 pilotos alinharam para a primeira corrida do ano.
Nos treinos, Stirling Moss foi o melhor no seu Cooper de Rob Walker, seguido pelo Lotus de Innes Ireland e pelo BRM de Graham Hill. Na segunda fila estavam o segundo BRM de Jo Bonnier e o Ferrari de Wolfgang Von Trips, enquanto que na terceira estavam os Ferrari de Phil Hill e Cliff Allison e o Cooper de Maurice Trintignant. Harry Schell e Jack Brabham fechavam o "top ten", com Froilan Gonzalez a partir da 11ª posição e Bruce McLaren da 13ª.
Numa tarde de grande calor, e num autódromo cheio de entusiastas, no momento da partida, Ireland consegue surpreender toda a gente e passa para a frente no final da primeira curva, seguido por Graham Hill e Phil Hill. Moss partira mal e no final da primeira volta era oitavo classificado. Pela primeira vez a nível oficial, uma Lotus estava no comando de uma corrida. Mas foi sol de pouca dura, pois Ireland despista-se na segunda volta, colocando o BRM de Bonnier na liderança, seguido de Graham Hill e Stirling Moss, que fazia uma corrida de recuperação, passando quatro carros nessa volta.
Moss pressionava os BRM e no final da volta dez, passava Graham Hill. Cinco voltas mais tarde, passava Bonnier e alcançava o comando da corrida, demonstrando mais uma vez a superioridade do chassis Cooper, que apesar de ser um pouco menos potente, a sua maneabilidade em relação aos restantes carros de motor dianteiro era superior.
Moss começou a ganhar terreno, mas na volta 42, um problema de suspensão o obrigou a abandonar, entregando o comando a Bonnier, que liderava com quase uma volta de avanço sobre Ireland, Graham Hill, Jack Brabham e Bruce McLaren. Mas Brabham e Hill retirar-se-iam pouco depois, deixando McLaren no terceiro posto.
Entretanto, Rob Walker, mal viu Moss abandonar, chama Trintignant às boxes e ordena que ele ceda o seu carro ao britânico. Este cede, mal sabendo que as regras tinham sido alteradas e agora, qualquer troca não teria direito a pontos. Moss entrou no cockpit e começou, de novo, uma corrida de recuperação.
Na frente, Bonnier geria a sua corrida, comc Ireland na segunda posição, mas na volta 68, o sueco da BRM começa a ter problemas de motor e cede a liderança a Ireland. Mas pouco depois, o piloto da Lotus começa a ter problemas na troca de marchas e é alcançado por Bruce McLaren, que num ritmo conservador, tinha conseguido poupar o material até ao fim. A seguir estava o Ferrari de Cliff Allison e o Cooper de Moss, que tinha conseguido chegar ao terceiro posto.
Ireland iria acabar a corrida no sexto posto, enquanto que McLaren vencia a corrida, conseguindo a sua segunda vitória consecutiva, tudo isto apenas com 23 anos. Cliff Allison conseguia o seu primeiro pódio da sua carreira na Formula 1, enquanto que Moss, com o carro de Trintignant, ficava com o lugar mais baixo do pódio. Mas os pontos não contavam. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o local Carlos Menditeguy, o Ferrari de Wolfgang von Trips e Innes Ireland.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1960_Argentine_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr085.html
http://retrorace.blogspot.com/2010/01/sorpresa-esperada.html
Também a FIA tinha alterado algumas regras em relação ao sistema de pontos. Agora, o sexto classificado tinha direito a ter pontos, deixando de se pontuar pela volta mais rápida, e as trocas de pilotos a meio da corrida eram desencorajadas, perdendo os pontos respeitantes em caso de eles chegassem aos lugares pontuáveis.
Mas em Buenos Aires, somente a Cooper tinha motores traseiros. E os seus chassis dominavam o pelotão. A equipa oficial tinha dois carros para Jack Brabham e Bruce McLaren, enquanto que Rob Walker também tinha dois carros, para o francês Maurice Trintignant e o britânico Stirling Moss. A Scuderia Centro-Sud era outra com chassis Cooper, mas tinha motores Maserati. E nessa corrida tinha contratado dois pilotos locais: Carlos Menditeguy e Roberto Bonomi. Para finalizar, Harry Schell, que tinha saído da BRM, voltara a activar a Ecurie Bleue e corria com outro chassis Cooper-Climax. No total, estavam sete chassis Cooper, quase um terço do pelotão.
Mas os restantes carros eram de motor dianteiro, e já datados. A Ferrari trazia quatro carros para a Argentina, para o britânico Cliff Allison, o alemão Volfgang Von Trips e o americano Phil Hill. Mas eles tinham levado um quarto chassis para um herói local: Froilan Gonzalez. Longe dos seus grandes dias de competição, voltava a correr mais uma vez pela Scuderia, quase nove anos após a sua mítica vitória em Silverstone, a primeira da marca de Maranello. Aos 38 anos, o "Touro das Pampas" correria pela última vez num Grande Prémio.
A Lotus, que tinha visto partir Graham Hill para a BRM, tinha contratado em seu lugar um jovem piloto inglês chamado Alan Stacey. Tinha 23 anos e uma particularidade: tinha a perna direita amputada do joelho para baixo. Mas o seu carro era adaptado de modo a poder acelerar como nas motos, e era considerado como um excelente piloto, que prometia ser bom. Para além de Stacey, Colin Chapman trouxe dois chassis para Innes Ireland e o piloto local Alberto Rodriguez Larreta.
A BRM tinha dois chassis para Graham Hill e Jo Bonnier, e havia a inscrição de um Bahra-Porsche para o americano Masten Gregory. Mas ainda havia cinco chassis Maserati 250, já datados e todos inscritos por pilotos privados: o local Nasif Stefano, os italianos Guido Scarlatti e Gino Munaron, o espanhol Antonio Creus e o venezuelano de origem italiana Ettore Chimeri. No total, 22 pilotos alinharam para a primeira corrida do ano.
Nos treinos, Stirling Moss foi o melhor no seu Cooper de Rob Walker, seguido pelo Lotus de Innes Ireland e pelo BRM de Graham Hill. Na segunda fila estavam o segundo BRM de Jo Bonnier e o Ferrari de Wolfgang Von Trips, enquanto que na terceira estavam os Ferrari de Phil Hill e Cliff Allison e o Cooper de Maurice Trintignant. Harry Schell e Jack Brabham fechavam o "top ten", com Froilan Gonzalez a partir da 11ª posição e Bruce McLaren da 13ª.
Numa tarde de grande calor, e num autódromo cheio de entusiastas, no momento da partida, Ireland consegue surpreender toda a gente e passa para a frente no final da primeira curva, seguido por Graham Hill e Phil Hill. Moss partira mal e no final da primeira volta era oitavo classificado. Pela primeira vez a nível oficial, uma Lotus estava no comando de uma corrida. Mas foi sol de pouca dura, pois Ireland despista-se na segunda volta, colocando o BRM de Bonnier na liderança, seguido de Graham Hill e Stirling Moss, que fazia uma corrida de recuperação, passando quatro carros nessa volta.
Moss pressionava os BRM e no final da volta dez, passava Graham Hill. Cinco voltas mais tarde, passava Bonnier e alcançava o comando da corrida, demonstrando mais uma vez a superioridade do chassis Cooper, que apesar de ser um pouco menos potente, a sua maneabilidade em relação aos restantes carros de motor dianteiro era superior.
Moss começou a ganhar terreno, mas na volta 42, um problema de suspensão o obrigou a abandonar, entregando o comando a Bonnier, que liderava com quase uma volta de avanço sobre Ireland, Graham Hill, Jack Brabham e Bruce McLaren. Mas Brabham e Hill retirar-se-iam pouco depois, deixando McLaren no terceiro posto.
Entretanto, Rob Walker, mal viu Moss abandonar, chama Trintignant às boxes e ordena que ele ceda o seu carro ao britânico. Este cede, mal sabendo que as regras tinham sido alteradas e agora, qualquer troca não teria direito a pontos. Moss entrou no cockpit e começou, de novo, uma corrida de recuperação.
Na frente, Bonnier geria a sua corrida, comc Ireland na segunda posição, mas na volta 68, o sueco da BRM começa a ter problemas de motor e cede a liderança a Ireland. Mas pouco depois, o piloto da Lotus começa a ter problemas na troca de marchas e é alcançado por Bruce McLaren, que num ritmo conservador, tinha conseguido poupar o material até ao fim. A seguir estava o Ferrari de Cliff Allison e o Cooper de Moss, que tinha conseguido chegar ao terceiro posto.
Ireland iria acabar a corrida no sexto posto, enquanto que McLaren vencia a corrida, conseguindo a sua segunda vitória consecutiva, tudo isto apenas com 23 anos. Cliff Allison conseguia o seu primeiro pódio da sua carreira na Formula 1, enquanto que Moss, com o carro de Trintignant, ficava com o lugar mais baixo do pódio. Mas os pontos não contavam. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o local Carlos Menditeguy, o Ferrari de Wolfgang von Trips e Innes Ireland.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1960_Argentine_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr085.html
http://retrorace.blogspot.com/2010/01/sorpresa-esperada.html
3 comentários:
Mas uma ótima leitura criada por meu mestre! Enquanto vencia as linhas me dei conta da tradição da Argentina no automobilismo, e pelo quanto devem estar desejando sucesso a nova empreitada com a USF1. Impressionante também o quanto os Maseratti 250 foram utilizados ao longo dos anos. Acho que depois deles, apenas os Lotus 72 duraram tanto.
alan stanley, o piloto qe tinha a perna amputada, não aguentou calor e as horas de prova a teve que retirarse.
imagino que atualmente, com a menor quantidade de motores e o aumento de duração das provas este tipo de percances vão aumentar, para beneficio da esportividade.
Tenho apenas uma observação ao texto.
O "grid de largada" (ou a grelha de partida) do GP da Argentina de 1960 era formado por filas alternadas de 4 e 3 carros. Não por filas de 3 carros.
Assim, a primeira fila do grid contava com Stiling Moss, Innes Ireland, Graham Hill e Jo Bonnier, nesta ordem e da direita para a esquerda. A segunda fila era formada por Wolfgang von Trips, Phil Hill e Cliff Allison (fila totalmente "rossa"). E assim por diante...
Gostei também das fotos. Eu tinha apenas umas poucas fotos desse GP.
um abraço,
Renato
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