Na altura em que Emerson Fittipaldi alinhou para a sua primeira corrida de Formula 1, no circuito de Brands Hatch, em 1970 e ao volante do modelo Lotus 49, ao lado de Graham Hill, afirmou o seguinte: "Alinhei na última fila, ao lado de Graham Hill, meu ídolo de infância. Se morresse nesse momento, morria feliz. Tinha atingido o meu sonho - alinhar num Grand Prix de Formula 1".
Ao dizer esta frase, Emerson referia um sonho, que aconteceu muito rapidamente: desde a sua chegada á Europa até aquele momento de Julho de 1970, não tinham passado mais de 18 meses. Nesse tempo, correu na Formula Ford, na Formula 3 e Formula 2, sempre com grande sucesso e despertado o interesse de alguém como Colin Chapman.
O exemplo que dou ao Emerson Fittipaldi é um caso de sucesso. Mas para ele chegar lá, existem muitos outros pilotos, cujos sonhos foram desfeitos por falta de talento, falta de dinheiro ou aquele azar que se tornou fatalidade. Mas muitos nunca deixaram o seu sonho morrer. E Roland Ratzenberger foi um deles. Correu nos quatro cantos do mundo, usou todo o tipo de carros, desde os Formula Ford até aos carros do Grupo C, tornando-se num piloto versátil e competente. Mas ele sempre quis uma coisa: ser piloto de Formula 1, alinhar num Grande Prémio. Zangou-se com a sua familia, especialmente com o seu pai, pois queria que seguisse o seu negócio. Acho que tinha uma firma de camionagem (ou seria o pai do Berger? Acho que os dois tinham...)
No inicio da década foi para o Japão, então um paraíso de pilotos "exilados". Mika Salo, Jeff Krosnoff, Eddie Irvine, Heinz-Harald Frentzen também andavam por lá, e sendo estranhos numa terra em que é muito fácil ficar "lost in translation", forjaram amizades sólidas, quase indestrutíveis. E aos poucos, todos eles chegaram à Formula 1 (excepto Krosnoff, que foi para a CART e teve uma morte horrivel na corrida de Toronto, em 1996) sendo parte importante daquele pelotão da década de 90.
Temendo ser esquecido, pagou a um jornalista britânico, Adam Cooper de seu nome, para que escrevesse os seus "press-releases" das suas corridas do Japão para que não o esquecessem na Grã-Bretanha. E temeu o pior quando viu os seus companheiros irem para a categoria máxima do automobilismo, Ratzenberger pensou que a sua vez tinha passado. Mas esses temores foram dissipados quando Nick Wirth, da Simtek, o chamou para preencher um lugar na sua recém-novata equipa.
Ratzenberger nem hesitou: vendeu tudo o que tinha, desde a sua casa até o seu amado Carocha, para arranjar dinheiro suficiente para fazer cinco corridas. Tinha cumprido o seu sonho. Iria conduzir um Formula 1, aos 33 anos de idade.
O começo fora dificil, pois não se conseguira qualificar-se no Brasil. Mas em Aida, num circuito em que conhecia dos seus tempos da Formula Nippon, conseguiu a qualificação. Melhor: chegou ao fim na 11ª posição. E em Imola tentou de novo qualificar-se, num carro que se sabia não ser o melhor, mas que queria fazer a diferença.
O resto da história sabemos todos nós. Num 30 de Abril de 1994 que, para muitos de nós, pelo menos os mais novos, nos despertou para uma cruel realidade. Pelo menos foi assim que pensei, do alto dos meus tenros 17 anos. E para quem não tivesse ficado impressionado com o que aconteceu, o dia seguinte encarregou-se de tirar toda a inocência que algué teria neste desporto.
O título deste post é o que está escrito na sua campa, em Salzburgo. Significa "ele viveu pelo seu sonho". De uma certa forma, a frase de Emerson ganha outro significado.
Para finalizar, quero fazer uma pergunta a um frequentador desta nossa blogosfera em português. Caro Cézar, quando é que contas as tuas "estórias" com o "Roland Rat"?
Ao dizer esta frase, Emerson referia um sonho, que aconteceu muito rapidamente: desde a sua chegada á Europa até aquele momento de Julho de 1970, não tinham passado mais de 18 meses. Nesse tempo, correu na Formula Ford, na Formula 3 e Formula 2, sempre com grande sucesso e despertado o interesse de alguém como Colin Chapman.
O exemplo que dou ao Emerson Fittipaldi é um caso de sucesso. Mas para ele chegar lá, existem muitos outros pilotos, cujos sonhos foram desfeitos por falta de talento, falta de dinheiro ou aquele azar que se tornou fatalidade. Mas muitos nunca deixaram o seu sonho morrer. E Roland Ratzenberger foi um deles. Correu nos quatro cantos do mundo, usou todo o tipo de carros, desde os Formula Ford até aos carros do Grupo C, tornando-se num piloto versátil e competente. Mas ele sempre quis uma coisa: ser piloto de Formula 1, alinhar num Grande Prémio. Zangou-se com a sua familia, especialmente com o seu pai, pois queria que seguisse o seu negócio. Acho que tinha uma firma de camionagem (ou seria o pai do Berger? Acho que os dois tinham...)
No inicio da década foi para o Japão, então um paraíso de pilotos "exilados". Mika Salo, Jeff Krosnoff, Eddie Irvine, Heinz-Harald Frentzen também andavam por lá, e sendo estranhos numa terra em que é muito fácil ficar "lost in translation", forjaram amizades sólidas, quase indestrutíveis. E aos poucos, todos eles chegaram à Formula 1 (excepto Krosnoff, que foi para a CART e teve uma morte horrivel na corrida de Toronto, em 1996) sendo parte importante daquele pelotão da década de 90.
Temendo ser esquecido, pagou a um jornalista britânico, Adam Cooper de seu nome, para que escrevesse os seus "press-releases" das suas corridas do Japão para que não o esquecessem na Grã-Bretanha. E temeu o pior quando viu os seus companheiros irem para a categoria máxima do automobilismo, Ratzenberger pensou que a sua vez tinha passado. Mas esses temores foram dissipados quando Nick Wirth, da Simtek, o chamou para preencher um lugar na sua recém-novata equipa.
Ratzenberger nem hesitou: vendeu tudo o que tinha, desde a sua casa até o seu amado Carocha, para arranjar dinheiro suficiente para fazer cinco corridas. Tinha cumprido o seu sonho. Iria conduzir um Formula 1, aos 33 anos de idade.
O começo fora dificil, pois não se conseguira qualificar-se no Brasil. Mas em Aida, num circuito em que conhecia dos seus tempos da Formula Nippon, conseguiu a qualificação. Melhor: chegou ao fim na 11ª posição. E em Imola tentou de novo qualificar-se, num carro que se sabia não ser o melhor, mas que queria fazer a diferença.
O resto da história sabemos todos nós. Num 30 de Abril de 1994 que, para muitos de nós, pelo menos os mais novos, nos despertou para uma cruel realidade. Pelo menos foi assim que pensei, do alto dos meus tenros 17 anos. E para quem não tivesse ficado impressionado com o que aconteceu, o dia seguinte encarregou-se de tirar toda a inocência que algué teria neste desporto.
O título deste post é o que está escrito na sua campa, em Salzburgo. Significa "ele viveu pelo seu sonho". De uma certa forma, a frase de Emerson ganha outro significado.
Para finalizar, quero fazer uma pergunta a um frequentador desta nossa blogosfera em português. Caro Cézar, quando é que contas as tuas "estórias" com o "Roland Rat"?
1 comentário:
Hei Paulo, não são tantas histórias assim. Mas vou contar sim e em breve.
Ótimo texto, como sempre, parabéns. Vocè viu o meu momento Rianov lá no meu blog? Aposto que vc acerta todos....rs
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