O antigo piloto e preparador argentino Clemar Bucci, dos poucos sobreviventes dos primeiros tempos da Formula 1, morreu esta quarta-feira em Buenos Aires aos 90 anos. Nascido a 12 de outubro de 1920 em Zemar Pereyra, era filho de Domingo Bucci, um dos pioneiros do automobilismo argentino. Com uma habilidade para a mecânica, sem educação formal nesse sentido, começou a sua carreira em 1939 com um "midget" de motor Fiat, cujo motor fora modificado por ele. Na sua primeira corrida, terminou na segunda posição.
A II Guerra Mundial iria congelar um pouco a sua carreira devido às limitações em termos de borracha e gasolina, e que também fez congelar as corridas um pouco por todo o país. Mas no final do conflito, as corridas voltam ao seu ritmo normal e ele se torna num dos melhores do pais, a par de Juan Manuel Fangio, Froilan Gonzalez ou os irmãos Galvez. Em 1949, vai pela primeira vez à Europa, onde corre com um Maserati na Scuderia Milano onde consegue alguns resultados interessantes, e volta nesse mesmo ano com um Alfa Romeo de 4.5 litros, onde acaba em terceiro numa corrida no circuito de Palermo, um bairro de Buenos Aires.
Por três vezes é campeão da Fuerza Libre (1947,1950 e 1951) e no ano seguinte, Bucci torna-se num dos pilotos que fez parte da iniciativa do ditador argentino Juan Domingo Peron de levar pilotos nacionais para a Europa, a fim de participar no nascente Mundial de Formula 1, em conjunto com Juan Manuel Fangio e Froilan Gonzalez. As corridas europeias lhe dão algum reconhecimento, bem como em casa. Participa na corrida de inauguração do Autódromo de Buenos Aires e estava na segunda posição, atrás de Juan Manuel Fangio, quando perde o controle do seu carro, sem consequências de maior.
Em 1954, com mais alguns bons resultados na categoria de Sport, a equipa Gordini contrata-o para a o campeonato do mundo de Formula 1. Estreia-se em Silverstone, palco do GP da Grã-Bretanha, mas não chega ao fim. Aliás, não terminará quaisquer das corridas onde participará nesse ano, e ainda sofre com o acidente mortal do seu compatriota Onofre Marimon, nos treinos do GP da Alemanha. Em 1955, participa na corrida inaugural, em Buenos Aires, pela Maserati, mas o calor intenso fez com que tivesse de partilhar o seu carro com o seu compatriota Carlos Menditeguy e o americano Harry Schell. Mesmo assim, não terminou a prova.
Em 1956 corre pela última vez numa corrida de Sport, a bordo de um Alfa Romeo 2000, em Buenos Aires. Termina a prova na segunda posição e com 35 anos, decide que é altura de encerrar a sua carreira de piloto. Mas não largou os automóveis, pois continuou metido na parte mecânica. Funda a Bucci Hermanos e torna-se preparador de motores Ford ao longo dos anos 60 e 70 na Temporada Argentina, construindo também vários chassis, um dos mais famosos foi o Dogo, uma variante do De Tomaso Pantera.
Após a reforma, torna-se num activo colecionista e restaurador de automóveis antigos, estando activo até ao final da sua vida, participando em vários eventos desse género, na Argentina e no resto do mundo. Ars lunga, vita brevis.
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