A última etapa competitiva do Dakar de 2011, entre Cordoba e Buenos Aires, demonstrou que a velha expressão "até ao lavar dos cestos é vindima" é mesmo para ser levada a sério. Hoje, a grande noticia foi a avaria do motard chileno Francisco "Chaleco" Lopez Contardo, que perdeu o terceiro posto com a meta á vista devido a uma avaria num amortecedor, que o fez perder mais de uma hora e ceder o terceiro lugar a favor de Helder Rodrigues.
No inicio da etapa, Chaleco Lopez tinha uma vantagem de 43 miunutos e quatro segundos de vantagem sobre Hélder Rodrigues, o que à pertida lhe davam algum conforto para algum contratempo que pudesse existir, dewsde que não fosse muito grave. Contudo, esse contratempo foi grave e esses 43 minutos tornaram-se escassos a partir do momento em que o chileno teve o amotecedor traseiro partido. Longe da linha de chegada, Chaleco Lopez teve de reparar a sua Aprilia e perdeu minutos preciosos. Mais tarde, o chileno teve problemas a nível elétrico, forçando o motard a nova paragem, fazendo com que depois tivesse de fazer o resto da tirada a reboque do seu companheiro de equipa, o franco-maliano Alain Duclos.
Com isso, Hélder Rodrigues terminou a etapa na segunda posição e a apenas cinco segundos do holandês Verhoeven. E com os problemas de Lopez Contardo, viu a terceira posição do pódio ficar cada vez mais ao seu alcance. O piloto luso da Yamaha havia garantido que tentaria lutar até final e foi isso que fez, chegando ao terceiro posto da geral com alguma dose de sorte, mas também compensando de certa forma os azares de dois dias seguidos já nesta segunda semana em que erros de navegação e subsequente falta de gasolina o levaram a quase 'atirar a toalha' na luta pelo pódio.
No final desta etapa imprópria para cardíacos, Helder Rodrigues era um homem feliz com o resultado final: "Hoje mantive a mesma atitude dos últimos dias e consegui ser muito rápido. Subir para o pódio foi desde a primeira hora o meu grande objetivo e acabo por consegui-lo por mérito próprio, pois o Dakar é um teste a todos os níveis. A minha Yamaha WR 450 portou-se à altura, o Francisco Lopez teve problemas e a mecânica da sua moto não resistiu e assim trocámos de posição. Como tinha afirmado antes, o Dakar só acaba mesmo na última etapa e até lá tudo pode acontecer. Estou naturalmente muito feliz por este resultado e motivado para continuar a representar Portugal ao mais alto nível no palco do Dakar!", declarou.
Já Ruben Faria esteve também bem, ao terminar a etapa na quinta posição, e consolidando o oitavo lugar da geral, uma posição que poderia ter sido bastante melhor, caso não tivesse sido penalizado por três vezes ao longo deste Dakar. Mesmo assim, é a melhor classificação de sempre do "motard" português.
"Não havia nada a provar no dia de hoje. Entrei rápido mas falhei duas travagens ainda numa fase inicial e optei por abrandar e não comprometer o meu resultado. É o meu melhor resultado de sempre mas fica o sabor amargo das duas horas de penalização que me tiraram a possibilidade de discutir a quarta posição final", começou por explicar Rúben Faria no final da etapa.
"Sei agora que falhei o 'Waypoint' por 38 metros, o que me deixa ainda mais chateado. Mas sinto que aprendi bastante e mostrei que o meu lugar era seguramente entre os cinco primeiros deste Dakar. Mas as corridas são mesmo assim e não vale a pena estar sempre a lamentar o sucedido", acrescentou.
"Sei qual era o meu papel na prova e na equipa que defendo e sinto-me bem com isso. Estou numa curva de aprendizagem e nestas duas últimas semanas aprendi bastante, especialmente porque estou ao lado da melhor pessoa para o fazer, o Cyril Després", rematou à chegada a Buenos Aires.
No lado dos carros, o qatari Nasser Al-Attiyah alcançou hoje um dos maiores feitos da sua carreira desportiva, ao vencer pela primeira vez o Dakar Argentina-Chile. O piloto de 40 anos levou de vencida a batalha interna no seio da sua equipa, especialmente contra o espanhol Carlos Sainz, e alcançou um triunfo que foi inteiramente merecido. "Conseguimos, estou bastante satisfeito, foi um grande resultado. Já esperava este momento há muito tempo", afirmou Al-Attiyah pouco após o final da tirada, lembrando ainda que este triunfo "significa muito para mim, para as pessoas do meu país e para a minha equipa".
Contudo, na etapa de hoje, o melhor foi de novo Carlos Sainz, que bateu o vencedor do Dakar por 38 segundos, numa batalha entre Volkswagens que durou todo o Dakar. O polaco Krzysztof Holowczyc, no seu BMW, foi o terceiro na etapa, a um minuto e 25 segundos sobre Sainz. Quanto a Ricardo Leal dos Santos, foi o 11º na etapa, mas conseguiu o seu melhor lugar de sempre no Dakar, ao terminar na sétima posição.
"É o meu primeiro Top 10 no Dakar. À minha frente estão apenas os melhores pilotos do mundo. Estar junto desta elite é fantástico. Creio que cumprimos na íntegra o que nos foi pedido; prestámos uma assistência rápida à equipa e mesmo assim assegurámos um bom resultado. E não deixo de enaltecer o Paulo, que fez um trabalho de muito rigor", começou por afirmar o piloto de Coimbra.
"Desde 2002 que não havia uma dupla portuguesa no Top 10. É muito bom para a imagem de Portugal e é também importante salientar que connosco e com o Peterhansel está também a Delta Q. Este foi o primeiro grande passo desta nova etapa na nossa carreira, que estou certo ainda nos vai proporcionar muitas mais alegrias", concluiu.
Amanhã é a etapa final do Dakar de 2011, a de consagração dos sobreviventes da prova mais longa e exaustiva do todo o terreno mundial.
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