Esta semana vou encerrar as minhas retrospectivas de 2010 colocando aqui a segunda parte do capitulo sobre o Mundial de Ralis do ano que passou. Depois de na semana passada ter falado sobre o título mundial de Sebastien Löeb, da temporada da Ford, das boas temporadas de Sebastien Ogier e de Petter Solberg e o bicampeonato de Armindo Araujo na categoria de Produção, agora irei falar especificamente sobre algumas das personagens que marcaram esta temporada, como também abordarei algumas das perspectivas para a temporada de 2011. Nomeadamente falarei sobre alguns dos pilotos que iremos ver num futuro próximo, e também falar sobre o regresso da Prodrive em 2011, que vai colocar na estrada o modelo Mini Countryman.
1 - A nova vida de Kimi Raikonnen
No inicio de 2010, o finlandês Kimi Raikonnen, acabado de fazer 29 anos, decide que era altura de mudar de vida, trocando as pistas de corrida pelas classificativas dos ralis. Muitos encararam esta mudança como uma diversão tipica de um ano sabático, julgando - e jurando a pés juntos - que Raikonnen voltaria à Formula 1 em 2011. Eu fui um dos que acreditava que a mudança de Kimi para os ralis não era temporária, era para ficar por muito tempo.
Raikonnen teve um ano de adaptação. Obteve bons resultados, mas cometeu também muitos erros em alguns ralis devido ao seus excessos. E se na Formula 1 esse excesso pode ser corrigido, nos ralis é mais do que suficiente para destruir um carro. Kimi destruiu alguns carros, mas conseguiu chegar ao fim numa posição honrosa na classificação, fechou o "top ten".
Contudo, os rumores continuavam e somente quando o próprio disse que não tinha intenções de voltar à Formula 1 é que estes se acalmaram. O facto de ter montado a sua própria equipa nos ralis, com um DS3 WRC, mostra que pretende não só fazer uma segunda época no WRC como também pretende fazer esta segunda etapa na sua carreira automobilistica algo bem mais séria. Veremos como se comportará neste seu segundo ano de evolução.
2 - Ken Block, o homem das gincanas nos ralis a sério
Ken Block é bem mais velho do que Kimi Raikonnen, e os Estados Unidos não tem grande tradição em ralis. Mas o homem das "ginkhanas" decidiu que iria dar o salto para o Mundial WRC com um Ford Focus WRC e a sua própria equipa, a Monster. Apoiado pela marca americana de bebidas energéticas e pela sua própria marca de vestuário, Block teve um ano de aprendizagem muito duro, com muitos despistes e apenas um resultado positivo, um nono lugar na Alsácia.
O carro poderia não ser o melhor, numa temporada dominada pela Citroen, mas Block aos poucos começou a demonstrar que é mais do que um mero acrobata que faz videos espectaculares para pôr no Youtube. Começou a acabar ralis e aprendeu que andar na primeira liga é mais dificil do que fazer as manobras mais arriscadas que mostra nos seus videos...
Contudo, parte para 2011 confiante de que as suas experiências na temporada passada o possam melhorar as suas performances. Tem uma nova máquina nas suas mãos e espera que possa acabar mais vezes nos pontos e por fim ser conhecido por ser um piloto de ralis e não um acrobata.
3 - Será que Dani Sordo vai ganhar algum rali na sua carreira?
Quando Dani Sordo c0omeçou a temporada de 2010, já ia no seu quinto ano ao serviço da Citroen. E durante essas cinco temporadas, coleccionou 27 pódios ao todo, mas nunca subiu ao seu lugar mais alto. Certamente que em muitas ocasiões, quem o impediu foi o seu companheiro Sebastien Löeb, mas noutras foram outros pilotos como os da Ford. Só que este ano teve a agravante de ter no Junior Team outro Sebastien, Ogier de apelido.
Não se sabe se ele próprio acusou durante a pressão de ter outro piloto numa equipa secundária, mas os seus responsáveis parece que sim, especialmente depois das suas boas performances nos primeiros ralis do ano e da sua vitória em Portugal. Com isso, os responsáveis decidiram a partir do Rali da Finlândia dividir o segundo carro oficial para os dois pilotos. Sordo até se portou bem e melhorou após a mudança de navegador, de Marc Marti para Diego Vallejo, mas Ogier foi-lhe superior nas oportunidades que teve, e em consequência, ele perdeu o seu lugar oficial.
Agora vai correr por outra equipa oficial, a Mini. Vai ser em part-time e as coisas serão feitas a partir do zero, ao lado de Chris Meeke. Mas agora tem de se ver a fibra deste catalão, se é a suficiente para conseguir aquilo que procura há tempos mas que nunca alcançou até agora? Improvável em 2011, é certo, mas é ele que tem delinear esse caminho.
4 - Falando de alguns pilotos de futuro
O ano de 2010 mostrou alguns talentos precoces que, em carros relativamente datados ou em outras categorias, mostraram ser rápidos e algo consistentes. Pilotos como o estónio Ott Tanak, no PWRC ou o norueguês Mats Ostberg, no seu Subaru Impeza da Adapta, mostram que tem uma combinação de talento e juventude. Ostberg, que tem 22 anos, tem conseguido andar regularmente nos pontos com um Subaru Impreza com dois ou três anos de idade, e esse talento poderá no futuro ser compensado com altos vôos. As equipas de fábrica estão de olho nele, e a Ford o contratou para a temporada de 2011 num dos seus carros da Stobart, a equipa B da marca americana, ao lado de Matthew Wilson e Henning Solberg.
Outro piloto interessante para seguir é o estónio Ott Tanak. Com 23 anos de idade e a correr na Pirelli Star Driver do PWRC, ao lado do neozelandês Haydon Paddon, a ele bastou fazer apenas quatro ralis na categoria para dar nas vistas, dado que venceu em duas delas, na Finlândia e em Gales. Apesar do talento de Paddon e Tanak andarem iguais, ao estónio bastou fazer as coisas em menos tempo. Tanto que em 2011, ele irá fazer a temporada a bordo de um Ford Fiesta na categoria S2000, numa estrutura montada por Markko Martin.
Uma referência a Bernardo Sousa. Da mesma idade que Tanak e Paddon, até pode ter dinheiro para arranjar boas máquinas, e pode ter ainda um estilo de condução imprevisivel, mas em 2010 até conseguiu alguns bons resultados no SWRC com o seu Ford Fiesta S2000, que aliado ao título nacional, permitiram-lhe enriquecer o seu palmarés. Ainda precisa de amadurecer, mas o facto de em 2011 continuar no SWRC com o seu Ford Fiesta S2000 demonstra que quer fazer carreira no mundo dos ralis. Apenas se pede um pouco mais de consistência nas classificativas para quem sabe, pensar no WRC...
5 - O regresso da Prodrive e da Mini
Os novos regulamentos para 2011, com a entrada em cena dos motores 1.6 litros fez com que a Prodrive apostasse no seu regresso com um chassis Mini, que agora faz parte da BMW. Como a Ford e a Citroen terão novos modelos na estrada, a Prodrive achou por bem que era altura de fazer um regresso à modalidade onde foi mais feliz, depois de algumas tentativas frustradas para entrar na Formula 1.
Com um modelo Counrtyman, um pouco estranho e menos bonito que a versão "normal", irão alinhar com o britânico Chris Meeke e com o espanhol Dani Sordo, com a opção de ajudar alguns pilotos privados, como o brasileiro Daniel Oliveira. Depois de três temporadas de ausência, vai ser otimo de ver mais equipas no Mundial de Ralis, algo que se espera não ficar por aqui. Volkswagen e Saab poderão estar a elaborar os seus planos para ingressar no WRC em 2012 ou 2013, e outras marcas poderão espreitar um eventual ingresso ou regresso.
Isso é algo que o futuro responderá. Por esta semana é tudo, da próxima dissecarei outros assuntos pertinentes sobre o automobilismo. Até lá.
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