Por estes dias, a imprensa anda a falar muito sobre a história do "GP de Roma", uma ideia de Maurizio Flammini que pretende trazer para as ruas da Cidade Eterna os bólidos de Formula 1. Flammini deve ser o unico que deseja a ideia por oitenta por cento dos locais, as equipas de Formula 1, Luca di Montezemolo e agora Bernie Ecclestone, estão contra a ideia, que parecia incialmente ter a ideia de Gianni Alemanno, o "sindaco" de Roma, aliado de Silvio Berlusconi, o luxuriante chefe de governo do pais da Scuderia.
Depois das várias noticias a esse respeito, tudo indica que a ideia de um GP de Roma de Formula 1, ou até a alternância de um GP de Itália entre "la Catedrale", Monza, e a capital, caiu por terra. Sem apoios de espécie alguma, a Formula 1 não irá andar por lá a partir de 2012 ou 2013. Mas Flammini não deseja desistir, e claro, irá querer outras séries para concretizar o seu sonho de ter automobilismo no centro da cidade. DTM ou Indy Car Series são boas alternativas.
Entretanto, dou caras com o mais recente post do Leandro Verde sobre os custos e lucros de uma corrida de Formula 1, e isto demonstra as consequências do tipo de negócio que Bernie Ecclestone insiste em ter para conseguir arranjar financiamento, bem como as suas exigências leoninas aos promotores. Este tópico não é novidade. Sabe-se que em média, Ecclestone pede entre 20 a trinta milhões de dólares por ano para manter a Formula 1 no seu pais, a usa a arma de que tem uma fila enorme de interessados para aumentar cada vez mais as exigências. Um rumor insistente fala que o governo de Singapura paga cerca cinquenta milhões de dólares por ano para ter a Formula 1 nas suas ruas...
Contudo, vendo as contas dos promotores - pelo menos ali são públicas -, vê-se que aquilo que Tio Bernie fala sobre as suas exigências financeiras não é mais do que conversa de "vendedor de banha da cobra". Em mais de noventa por cento dos casos, os organizadores acusam prejuizos da ordem de 20 milhões de dólares, e alguns desses promotores pensam sériamente em abdicar da Formula 1. Valência, Spa-Francochamps e Melbourne são três locais onde a ideia é discutida neste momento.
Além dos tais prejuizos - no caso de Melbourne, o governo do estado de Victoria acumula 200 milhões de dólares desde que tudo começou, em 1996 - , eles desmontam a teoria de que a Formula 1 causa impacto positivo nas receitas locais, nomeadamente o Turismo. Uma empresa de auditoria local divulgou recentemente que o impacto foi realmente grande, mas não rendeu os dividendos esperados, e para piorar as coisas, a maior parte das despesas são pagas pelo governo local, que claro, arrecada as receitas através dos impostos dos contribuintes. Numa era de austeridade e de déficits enormes, um governo europeu ter de pagar para ter a Formula 1 pode ser considerado como um insulto para muitos dos seus habitantes...
Claro, há sitios onde a Formula 1 dá lucro, mas nas condições impostas pelo "anãozinho tenebroso", só Grã-Bretanha e Brasil é que cumprem os objectivos. E talvez Itália - por causa da Ferrari - e Espanha, por causa do fenómeno Fernando Alonso. Mas deve ser só em Barcelona, porque as coisas em Valência são completamente diferentes. E de vez em quando ouvimos rumores de que o governo regional poderá romper o contrato com a Formula One Management antes de 2013, ou então que não irá renová-lo após essa data.
Em suma, a galinha dos ovos de ouro do Tio Bernie só será sustentado ou por governos autocráticos ou por pessoas que gerem irresponsavelmente o seu dinheiro. Num calendário gerido somente por ele, vinte provas em 2011, com um valor médio de 25 milhões de dólares, serão 500 milhões de dólares. É imenso dinheiro que ganha, sem dúvida, do qual metade vai para os seus bolsos. Mas a cada dia que passa se vê que, mesmo com novas entradas como a India e Estados Unidos, é um esquema crescentemente insustentável para promotores e governos. E as consequências serão que a médio prazo, será uma competição asiática, mais para os lados do Golfo Pérsico...
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