A duas semanas do GP do Bahrein, nunca se falou tanto do pequeno emirado como foi neste final de semana. Vi noticias nos canais internacionais como na CNN e na BBC. A Al-Jazeera, que já falava desde há algum tempo, voltou à carga. E tudo não só por causa da chegada da Formula 1 à região, mas também por um novo fato, e se chama Abdulhadi Alkhawaja.
Quem é ele? É um proeminente ativista dos Direitos Humanos, com uma dupla nacionalidade barenita e dinamarquesa, preso devido ao seu envolvimento nos protestos e agitação social no ano passado. Preso e condenado a prisão perpétua no ano passado, Alkhawaja decidiu há 59 dias entrar em greve de fome, até que as suas exigências de uma amnistia geral sejam atendidas. E pelas últimas noticias, pode estar à beira da morte, pois está muito fraco. E caso ele morra antes do - ou no final de semana de - dia 22 de abril, dia do Grande Prémio, as coisas poderão piorar bastante mais, com centenas de milhares de pessoas na rua e potencial para destruição de pessoas e bens.
Kevin Connolly, o correspondente da BBC naquela região, afirmou sobre esta situação: "As autoridades estão desesperadas por terem a Formula 1, pois é um símbolo da sua normalização politica e aproximação ao Ocidente. E os protestantes sabem que a chegada da Formula 1 ao seu país é uma oportunidade de aparecerem de novo nas primeiras páginas de uma forma que nem sempre acontece".
As pressões são muitas, quer para um lado, quer para o outro. Há neste momento, como muitos sabem, uma batalha nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook, para que se boicote o GP barenita. E também muitas pessoas nessas redes sociais pensam que se os pilotos agissem individualmente, ou em grupo, afirmando que não querem correr ali por temerem a sua segurança, ou porque são solidários com o povo local e o seu sofrimento, ou então porque não são marionetas politicas de ninguém, as coisas seriam diferentes. Sim, mas eles estão "presos" a compromissos das equipas, dos patrocinadores, dos financiadores. Calam-se hipócritamente, dizendo o que vão na alma apenas "off the record". E não são só eles: os mecânicos, os engenheiros... todos eles temem pelo Bahrein. E temem também que a Formula 1 veja a sua reputação manchada por isto.
Mas nada dizem, porque quem manda no circo é Bernie Ecclestone. Ninguém gosta de meter a boca no trombone e incomodar o velho anão, que quer ajudar a familia real barenita, e especialmente o principe herdeiro, que é um verdadeiro "petrolhead". Afinal de contas, para Ecclestone, certamente ele não deve ter ninguém que queira dar 60 milhões de dólares somente para ser a corrida de abertura do campeonato, como fizeram em 2010, e como iam fazer em 2011.
Ironicamente, graças ao testemunho do Luis Fernando Ramos, vulgo o Ico, descobri hoje que ir ao Bahrein é bastante mais fácil do que pedir um visto à China. Não sei se tem a ver com a dimensão dos países ou se tem a ver com o tipo de visitante, mas toda a gente no meio diz que muito provavelmente, não fará a viagem nem à China, nem ao Bahrein. E não tem a ver com a situação dos Direitos Humanos em ambos os países, mas mais com motivos práticos e de burocracia.
E com isto tudo, cada vez mais me convenço que a "Formula Ecclestone" vai para esses lugares apenas por causa do dinheiro...
1 comentário:
Infelizmente os pilotos ou tem medo de dizer que tem medo, ou não se importam nem um pouco porque sãos uns moleques idiotas superficiais, ou preferem não atacar uma monarquia que produz o petróleo que movimenta as suas vidas.
Agora, não depende nem deles nem do Mr. E. Quando o fim se semana chegar, somente contratando o blackwater vão poder evitar outra batalha campal digna de manchetes mundo afora. Oh wait! há dinheiro suficiente pra contratar os navy seals todos? E ainda encher as ruas de indianos pagos pra parecer locais satisfeitos, tipo uns 100.000 dublês? Tem.
Se a corrida acontecer daqui a 15 dias, a F1 será digna de ser chamada de circo: superficial, improvisada, acampada em médio de um lote baldío pra fazé-lo parecer um lugar de festa. Dará seu show e quando for embora o lugar contunuará a ter esse cheiro podre.
Diz Maquiavelo que as guerras não podem ser evitadas, mais dilatadas em proveito próprio. Para MR. E. o apoio à monarquia bahrenita tá na sua hora critica, escolheu o lado errado.
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