Quando soube, na semana passada, da inesperada substituição de Armindo Araujo por Chris Atkinson no Rali da Alemanha, na WRC Team Mini Portugal, fiquei surpreso, ainda mais quando se lia nas entrelinhas desse comunicado um ar de que as coisas tinham acabado mal, no sentido de uma separação litigiosa. O piloto de Santo Tirso esteve silencioso durante os oito dias seguintes, mas ouviam-se zunzuns de que as coisas tinham sido muito fortes e muito definitivas. Só por aí foi mais do que suficiente para não dizer nada sem que antes soubesse da sua versão dos acontecimentos, para poder falar sobre o caso. Quando tal surgiu, na madrugada de quarta-feira (o comunicado no Facebook foi divulgado às duas e meia da manhã...), as minhas suspeitas - e de muita gente, suponho - ficaram confirmadas: tinha sido um despedimento litigioso.
Os detalhes são quase arrepiantes. Desde um comunicado falso, feito pela Motorsport Itália, para justificar a ausência de Armindo Araujo do Rali da Alemanha, onde se alega "uma lesão antiga", até à chantagem da equipa, querendo ficar "de graça" com o nome da equipa, que pertence a uima empresa criada por Armindo Araujo e do qual ele tem os direitos, entre outras coisas, demonstra que desde há muito tempo a Motorsport Itália, mais concretamente o Bruno Di Pianto, tinha ideias de ficar com o nome e o material, correndo sem apelo nem agravo com o piloto, dando uma justificação quanto esfarrapada como possivel. Em suma, uma verdadeira sacanagem.
Como é óbvio, isto ainda esta bem no inicio, mas com ingredientes mais do que suficientes para que isto tenha desenvolvimentos. Mas de uma certa maneira, os eventos da passada semana demonstram que o relacionamento entre ambas as partes se degradou ao longo do ano, até a este desfecho.
E também ficas com a ideia de que a zanga entre Armindo Araujo e Bruno di Pianto, o patrão da Motorsport Itália tinha a ver com a maneira como a equipa era gerida. Provavelmente, Di Pianto queria o melhor dos dois mundos e colocar outro piloto, mas não perdendo o dinheiro que Araujo meteu por lá para toda a época. É essa sensação que ficas quando lês o comunicado que a equipa queria colocar na imprensa para justificar a ausência de Armindo no Rali da Alemanha.
Como ele não é parvo, não foi na cantiga. E o melhor indicador disso é que os patrocinadores do piloto português já não estão no carro que Chris Atkinson irá pilotar na Alemanha, sinal de que estão do lado de Armindo. E também - neste caso estou a especular - provavelmente Atkinson poderá ter dito algo, ou prometido algo a Bruno di Pianto, que fez com que o patrão da Motorsport Itália elaborasse a maracutaia que arranjou e enviou para que o piloto de Santo Tirso assinasse por baixo. Não acredito na historia dos "maus resultados" porque senão, o despedido teria sido o Paulo Nobre, e ambos trouxeram dinheiro para correr este ano.
Não sei - e creio que ninguém ainda saiba - como é que este caso vai acabar, mas as pessoas agora saberão que a partir de agora, poderão pensar duas vezes antes de lidar com a Motorsport Itália. Um piloto que queira correr na equipa e lidar com um patrão que lhe poderá tirar o tapete debaixo dos pés a qualquer momento, e isso é uma pressão adicional. Resta também saber se essa pressão tem a ver com falta de dinheiro ou o desvio de algum para outro lado, provavelmente para elaborar uma falência fraudulenta. Nunca se sabe, e também não se sabe se no próximo rali não haja alguém que tenha a ideia de arrestar os carros...
Mas há algo que é factual: este é mais um capitulo da longa e complicada história da passagem da Mini pelo WRC. A conturbada relação com a Prodrive, as negociações da BMW para que a marca de Banburry deixasse de representar e transferir essa tecnologia para uma equipa construída às pressas, como a Mini Team Portugal, é algo que não faz bem à reputação da marca, da BMW e dos ralis em geral. E a ideia de que a marca irá embora no final do ano, porque o que o pessoal de Munique quer é o DTM, faz cada vez mais sentido.
Como ele não é parvo, não foi na cantiga. E o melhor indicador disso é que os patrocinadores do piloto português já não estão no carro que Chris Atkinson irá pilotar na Alemanha, sinal de que estão do lado de Armindo. E também - neste caso estou a especular - provavelmente Atkinson poderá ter dito algo, ou prometido algo a Bruno di Pianto, que fez com que o patrão da Motorsport Itália elaborasse a maracutaia que arranjou e enviou para que o piloto de Santo Tirso assinasse por baixo. Não acredito na historia dos "maus resultados" porque senão, o despedido teria sido o Paulo Nobre, e ambos trouxeram dinheiro para correr este ano.
Não sei - e creio que ninguém ainda saiba - como é que este caso vai acabar, mas as pessoas agora saberão que a partir de agora, poderão pensar duas vezes antes de lidar com a Motorsport Itália. Um piloto que queira correr na equipa e lidar com um patrão que lhe poderá tirar o tapete debaixo dos pés a qualquer momento, e isso é uma pressão adicional. Resta também saber se essa pressão tem a ver com falta de dinheiro ou o desvio de algum para outro lado, provavelmente para elaborar uma falência fraudulenta. Nunca se sabe, e também não se sabe se no próximo rali não haja alguém que tenha a ideia de arrestar os carros...
Mas há algo que é factual: este é mais um capitulo da longa e complicada história da passagem da Mini pelo WRC. A conturbada relação com a Prodrive, as negociações da BMW para que a marca de Banburry deixasse de representar e transferir essa tecnologia para uma equipa construída às pressas, como a Mini Team Portugal, é algo que não faz bem à reputação da marca, da BMW e dos ralis em geral. E a ideia de que a marca irá embora no final do ano, porque o que o pessoal de Munique quer é o DTM, faz cada vez mais sentido.
Quanto ao Armindo Araujo: que não é o melhor piloto do mundo, isso nós sabemos. O facto de ter conseguido dois títulos mundiais na categoria de Produção não queria dizer que dentro de um WRC, iria andar taco-a-taco com o Sebastien Löeb. Aparentemente, deve ter havido muitos que ficaram com essa ilusão e talvez isso explique algumas criticas que sempre existiram por aí. Mas essa ilusão não explica todas as criticas. Dos quase 30 anos de automobilismo que acompanho, fico com a sensação que o piloto de Santo Tirso deve ter sido o piloto mais insultado e o mais injuriado na história do automobilismo português. Nunca pensei ver uma série de individuos a desencadear uma campanha persistente nas redes sociais à sua pessoa, aproveitando também o "faroeste" das caixas de comentários dos sites desportivos para criar confusão. Desconheço o real motivo para isso, mas suspeito de invejas e vinganças pessoais.
Quanto aos que dizem afirmar que "a sua carreira no WRC acabou", existem três tipos de pessoas que vão dizer tal coisa: os mal informados, os ingénuos e o vingativos. Se foram desse último tipo, só demonstra não só a sua tacanhez perante o Armindo, mas também ao automobilismo e a vida em geral. Até me questionaria a existência desta gente no planeta Terra, mas não isso não o caso. Direi apenas que ele, de uma certa maneira, irá voltar aos ralis. E calar os críticos mais inteligentes, porque dos burros, só precisam que lhes passe uma procuração que os impeça de chegar a um computador e escrever disparates, alegando deficiência mental.
1 comentário:
Belo texto, gostei.
Espero que o Armindo consiga dar a volta por cima.
Não tenho dúvidas que não é um Loeb - mas esse é mesmo único.
Mas tenho certeza que, com 1 carro e 1 equipa competitivas, é piloto de Top10 em mais de metade das provas do campeonato.
Abraço
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