segunda-feira, 7 de abril de 2014

O pioneiro do dia: Fernand Charron

Desportista nato e construtor. Foi um dos primeiros pilotos a ser considerados como tal e dominou a competição na viragem do século. Fernand Charron começou por ser ciclista, mas acabou por ser construtor de automóveis, casando-se até com uma das filhas de outro pioneiro, Adolphe Clément. Pelo meio, foi um piloto com uma carreira curta, mas impactante, pois entre 1897 e 1900, venceu algumas das corridas mais importantes da altura, a bordo de carros da Panhard e Levassor. Hoje falo de Fernand Charron.

Nascido a 30 de maio de 1866 em Angers, no centro de França, começou a sua carreira sendo um notável ciclista. Aos 25 anos, em 1891, tinha-se tornado campeão nacional de meio-fundo em ciclismo, e a fama que adquiriu tinha sido tal que no ano seguinte, era o representante da marca Humber em França.

Em meados de 1895, aos 29 anos, tinha começado a assistir ao desenvolvimento dos automóveis e do automobilismo, nomeadamente o Paris-Bordéus-Paris, e decidiu tentar a sua sorte nessa nova modalidade, adquirindo um Panhard e Levassor. E a partir de 1897, na corrida Marselha-Nice (onde destruiu o seu carro e feriu-se num braço, mas chegou ao fim) começou a participar regularmente em corridas, com bons resultados. A sua primeira grande vitória foi no Marselha-Nice de 1898, conduzindo um Panhard e Levassor todo pintado de branco, para atrair as atenções, e pouco tempo depois, voltou a vencer, desta vez o Paris-Amesterdão-Paris, a corrida mais longa feita até então, depois de um duelo com o Bollée de Francois Giraud.

Em 1899, Charron voltou a vencer uma corrida, a Paris-Bordéus, com um tempo de 11 horas e 43 minutos, e era o claro favorito à vitória na primeira “Tour de France Automobilie”, ao volante do seu Panhard. Contudo, uma avaria mecânica na sua caixa de velocidades, quando estava a correr perto de Le Mans, ditou o seu abandono.

Em 1900, Charron já era suficientemente popular para ser escolhido como um dos três pilotos franceses que iria representar o seu país na edição inaugural da Taça Gordon Bennett, ao lado de René de Knyff e Leónce Girardot. A corrida foi atribulada para ele, primeiro, devido a problemas no eixo, dobrado quando atravessava um rego de água, e depois, quando estava a 17 quilómetros da meta, atropelou um enorme São Bernardo que tinha atravessado no seu caminho. O corpo do pobre animal ficou esmagado na coluna da direção, e apesar de se ter despistado, conseguiu continuar e ser o primeiro vencedor da competição.

A partir de 1901, a carreira ficou um pouco de lado quando decidiu fundar, ao lado de Leonce Girardot e Carl Voigt, a CGV. A partir de 1906, depois de uma reformulação na direção da empresa, onde Girardot e Voigt sairam de cena, transformou-se em Automobiles Charron, três anos depois de ter decidido abandonar a competição.

Nos anos seguintes, dividiu a sua atenção entre a gestão da fábrica da Clément em Levallois (tinha-se casado com uma das filhas de Adolphe Clement) e a CGV, onde mais tarde, irá construir chassis para a Alda, participando em competições automobilísticas. Em 1914, Charron inscreveu Aldas para o Grande Prémio de França, conseguindo convencer o franco-hungaro Ferenc Szisz, o primeiro vencedor do Grande Prémio de França, em 1906, a sair da sua retirada da competição.


Com o final da I Guerra Mundial, dedicou-se à sua fábrica, posição onde ficou até morrer, aos 62 anos, a 13 de agosto de 1928, em Maisons-Laffite.

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