Desportista nato e construtor.
Foi um dos primeiros pilotos a ser considerados como tal e dominou a competição
na viragem do século. Fernand Charron começou por ser ciclista, mas acabou por
ser construtor de automóveis, casando-se até com uma das filhas de outro
pioneiro, Adolphe Clément. Pelo meio, foi um piloto com uma carreira curta, mas
impactante, pois entre 1897 e 1900, venceu algumas das corridas mais
importantes da altura, a bordo de carros da Panhard e Levassor. Hoje falo de
Fernand Charron.
Nascido a 30 de maio de 1866 em
Angers, no centro de França, começou a sua carreira sendo um notável ciclista.
Aos 25 anos, em 1891, tinha-se tornado campeão nacional de meio-fundo em
ciclismo, e a fama que adquiriu tinha sido tal que no ano seguinte, era o
representante da marca Humber em França.
Em meados de 1895, aos 29 anos,
tinha começado a assistir ao desenvolvimento dos automóveis e do automobilismo,
nomeadamente o Paris-Bordéus-Paris, e decidiu tentar a sua sorte nessa nova
modalidade, adquirindo um Panhard e Levassor. E a partir de 1897, na corrida
Marselha-Nice (onde destruiu o seu carro e feriu-se num braço, mas chegou ao
fim) começou a participar regularmente em corridas, com bons resultados. A sua
primeira grande vitória foi no Marselha-Nice de 1898, conduzindo um Panhard e
Levassor todo pintado de branco, para atrair as atenções, e pouco tempo depois,
voltou a vencer, desta vez o Paris-Amesterdão-Paris, a corrida mais longa feita
até então, depois de um duelo com o Bollée de Francois Giraud.
Em 1899, Charron voltou a vencer
uma corrida, a Paris-Bordéus, com um tempo de 11 horas e 43 minutos, e era o
claro favorito à vitória na primeira “Tour de France Automobilie”, ao volante
do seu Panhard. Contudo, uma avaria mecânica na sua caixa de velocidades,
quando estava a correr perto de Le Mans, ditou o seu abandono.
Em 1900, Charron já era
suficientemente popular para ser escolhido como um dos três pilotos franceses
que iria representar o seu país na edição inaugural da Taça Gordon Bennett, ao
lado de René de Knyff e Leónce Girardot. A corrida foi atribulada para ele,
primeiro, devido a problemas no eixo, dobrado quando atravessava um rego de
água, e depois, quando estava a 17 quilómetros da meta, atropelou um enorme São
Bernardo que tinha atravessado no seu caminho. O corpo do pobre animal ficou
esmagado na coluna da direção, e apesar de se ter despistado, conseguiu
continuar e ser o primeiro vencedor da competição.
A partir de 1901, a carreira
ficou um pouco de lado quando decidiu fundar, ao lado de Leonce Girardot e Carl
Voigt, a CGV. A partir de 1906, depois de uma reformulação na direção da empresa, onde Girardot e Voigt sairam de cena, transformou-se em Automobiles Charron, três anos depois de ter decidido
abandonar a competição.
Nos anos seguintes, dividiu a sua
atenção entre a gestão da fábrica da Clément em Levallois (tinha-se casado com
uma das filhas de Adolphe Clement) e a CGV, onde mais tarde, irá construir chassis
para a Alda, participando em competições automobilísticas. Em 1914, Charron
inscreveu Aldas para o Grande Prémio de França, conseguindo convencer o
franco-hungaro Ferenc Szisz, o primeiro vencedor do Grande Prémio de França, em
1906, a sair da sua retirada da competição.
Com o final da I Guerra Mundial,
dedicou-se à sua fábrica, posição onde ficou até morrer, aos 62 anos, a 13 de
agosto de 1928, em Maisons-Laffite.
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