terça-feira, 29 de abril de 2014

O pioneiro do dia - Selwyn Edge

Como todos os do seu tempo, Selwyn Edge foi uma pessoa que se meteu em tudo que era mecânico. Para além do automobilismo, também se envolveu no iatismo… e até na agricultura. Foi o primeiro britânico a vencer no automobilismo internacional e foi ele que deu origem a algo que todos nós conseguimos identificar hoje em dia: o “British Racing Green” nos automóveis fabricados em paragens britânicas. É sobre este pioneiro que falo hoje.

Selwyn Edge nasceu a 29 de março de 1868 em Concord, nos arredores de Sydney, na Austrália. Aos três anos de idade, a família foi para a Grã-Bretanha, onde cresceu e na adolescência teve contacto com o ciclismo. Em 1896, aos 28 anos, arranjou emprego na Dunlop, o fabricante britânico de pneus e foi nessa altura que comprou o seu primeiro automóvel, um De Dion. Interessado no automóvel e no nascente desporto do automobilismo, em 1899, aliou-se a mais dois amigos, Charles Jarrot e Herbert Duncan, para serem os importadores da marca para a Grã-Bretanha.

Nessa altura, os três conheceram Montaigue Napier, dono da Naiper & Sons, que fabricava motores para fábricas e navios, e pedriam-lhe que fizesse melhoramentos para os seus carros. No final de 1899, ele e outro amigo seu, Harvey du Cros, decidiram fundar a Motor Vehicule Company, que vendia esses carros modificados, fossem eles Napiers, como Clement-Panhards, como Gladiators.

Sabendo do potencial destes carros, começou a guiá-los, também devido a propósitos publicitários. Em 1900, ao lado de Charles Rolls, decidiram participar na corrida entre Paris e Toulouse, não terminando a prova devido a problemas mecânicos. No ano a seguir, a Napier decide construir um carro de 17 litros (!) e com 103 cavalos, mas este fica completo dias antes da sua primeira corrida, a Gordon Bennett Cup, e os pneus desenhados para a ocasião, da Dunlop, não tinham sido testados. Participou na corrida, mas não na Gordon Bennett Cup, pois teve de colocar pneus franceses. Mesmo assim, não chegou ao fim, com problemas na sua embraiagem.

Em 1902, voltou a entrar na Gordon Bennett Cup, no seu Naiper, como o único representante britânico na competição. Contudo, conseguiu resistor melhor à concorrência francesa, que desistiu pelo caminho, e acabou por vencer a corrida, levando a competição para a Grã-Bretanha. Ali, voltou a participar com um Napier, na edição de 1903, mas recebeu assistência na pista e acabou por ser desclassificado.

No final desse ano, decide fazer uma manobra publicitária para vender os seus Napiers: no meio do seu “staff” da empresa, descobre uma secretária, Dorothy Lewitt, e ensina-a a conduzir, inscrevendo-a na Southport Speed Trials, num carro De Dion, com 12 cavalos e vencendo na sua classe. Meses antes, ele tinha levado Lewitt num barco Napier na edição inaugural da Harmsworth Trophy, onde acabou por vencer.

Em 1907, Edge aproveitou a inauguração do circuito de Brooklands para fazer um teste de 24 horas a bordo de um Napier. Acabou cobrindo a distância de 2544 quilómetros, a uma média de 106,06 km/hora, um recorde que durou por 18 anos. Nessa altura, construiu o seu próprio negócio, com um capital de 250 mil libras, que acabou por vencer cinco anos depois à Napier, por 120 mil libras, com uma cláusula que o impedia de se envolver na industria automóvel por sete anos. Assim sendo, dedicou-se à agricultura, tendo sido em 1917 supervisor de máquinas agro-industriais para o Ministério de Munições, durante a I Guerra Mundial.

Em 1919, regressa à industria automóvel ao comprar uma parte da AC Cars, onde ficou no controle da marca algum tempo depois, em 1927. Mas dois anos depois, com o colapso na Bolsa de Nova Iorque, Edge vendeu a sua parte e retirou-se de vez da industria automóvel.


A sua última aparição pública foi em 1937, em Brooklands, quando inaugurou o Campbell Circuit, três anos antes da sua morte, a 12 de fevereiro de 1940, em Estabourne, no Sussex inglês. Tinha 71 anos.

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