Como todos os do seu tempo,
Selwyn Edge foi uma pessoa que se meteu em tudo que era mecânico. Para além do
automobilismo, também se envolveu no iatismo… e até na agricultura. Foi o
primeiro britânico a vencer no automobilismo internacional e foi ele que deu
origem a algo que todos nós conseguimos identificar hoje em dia: o “British
Racing Green” nos automóveis fabricados em paragens britânicas. É sobre este
pioneiro que falo hoje.
Selwyn Edge nasceu a 29 de março
de 1868 em Concord, nos arredores de Sydney, na Austrália. Aos três anos de
idade, a família foi para a Grã-Bretanha, onde cresceu e na adolescência teve
contacto com o ciclismo. Em 1896, aos 28 anos, arranjou emprego na Dunlop, o
fabricante britânico de pneus e foi nessa altura que comprou o seu primeiro
automóvel, um De Dion. Interessado no automóvel e no nascente desporto do
automobilismo, em 1899, aliou-se a mais dois amigos, Charles Jarrot e Herbert
Duncan, para serem os importadores da marca para a Grã-Bretanha.
Nessa altura, os três conheceram
Montaigue Napier, dono da Naiper & Sons, que fabricava motores para
fábricas e navios, e pedriam-lhe que fizesse melhoramentos para os seus carros.
No final de 1899, ele e outro amigo seu, Harvey du Cros, decidiram fundar a
Motor Vehicule Company, que vendia esses carros modificados, fossem eles
Napiers, como Clement-Panhards, como Gladiators.
Sabendo do potencial destes
carros, começou a guiá-los, também devido a propósitos publicitários. Em 1900,
ao lado de Charles Rolls, decidiram participar na corrida entre Paris e
Toulouse, não terminando a prova devido a problemas mecânicos. No ano a seguir,
a Napier decide construir um carro de 17 litros (!) e com 103 cavalos, mas este
fica completo dias antes da sua primeira corrida, a Gordon Bennett Cup, e os
pneus desenhados para a ocasião, da Dunlop, não tinham sido testados. Participou
na corrida, mas não na Gordon Bennett Cup, pois teve de colocar pneus
franceses. Mesmo assim, não chegou ao fim, com problemas na sua embraiagem.
Em 1902, voltou a entrar na
Gordon Bennett Cup, no seu Naiper, como o único representante britânico na
competição. Contudo, conseguiu resistor melhor à concorrência francesa, que
desistiu pelo caminho, e acabou por vencer a corrida, levando a competição para
a Grã-Bretanha. Ali, voltou a participar com um Napier, na edição de 1903, mas
recebeu assistência na pista e acabou por ser desclassificado.
No final desse ano, decide fazer
uma manobra publicitária para vender os seus Napiers: no meio do seu “staff” da
empresa, descobre uma secretária, Dorothy Lewitt, e ensina-a a conduzir,
inscrevendo-a na Southport Speed Trials, num carro De Dion, com 12 cavalos e
vencendo na sua classe. Meses antes, ele tinha levado Lewitt num barco Napier
na edição inaugural da Harmsworth Trophy, onde acabou por vencer.
Em 1907, Edge aproveitou a
inauguração do circuito de Brooklands para fazer um teste de 24 horas a bordo
de um Napier. Acabou cobrindo a distância de 2544 quilómetros, a uma média de
106,06 km/hora, um recorde que durou por 18 anos. Nessa altura, construiu o seu
próprio negócio, com um capital de 250 mil libras, que acabou por vencer cinco
anos depois à Napier, por 120 mil libras, com uma cláusula que o impedia de se
envolver na industria automóvel por sete anos. Assim sendo, dedicou-se à
agricultura, tendo sido em 1917 supervisor de máquinas agro-industriais para o
Ministério de Munições, durante a I Guerra Mundial.
Em 1919, regressa à industria
automóvel ao comprar uma parte da AC Cars, onde ficou no controle da marca
algum tempo depois, em 1927. Mas dois anos depois, com o colapso na Bolsa de
Nova Iorque, Edge vendeu a sua parte e retirou-se de vez da industria
automóvel.
A sua última aparição pública foi
em 1937, em Brooklands, quando inaugurou o Campbell Circuit, três anos antes da
sua morte, a 12 de fevereiro de 1940, em Estabourne, no Sussex inglês. Tinha 71
anos.
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