segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A foto do dia

Há 40 anos, no calor de Interlagos, um homem cansado mal consegue erguer a bandeira brasileira, para assinalar a sua vitória, a primeira da sua carreira, que já ia na sua quarta temporada. Momentos depois, erguia o troféu num esforço quase titânico, quase a lembrar Ayrton Senna anos depois,  em 1991, quando também venceu pela primeira vez por ali. Estava na Brabham desde meados do ano anterior, depois de passagens pela equipa de Frank Williams (o primeiro brasileiro que teve, antes de Nelson Piquet, os Senna, Rubens Barrichello, Antônio Pizzonia e agora, Felipe Massa) e pela Surtees, que saiu a meio do ano depois de se zangar com "Big John" por causa dos maus chassis que ele tinha e o caos organizativo daquela equipa.

Para quem quiser ver, escrevi hoje sobre esse dia no site Motordrome Brasil, e podemos ver que a vitória de Pace teve o seu quê de sorte: o Shadow de Jean-Pierre Jarier estava a caminhar imparável, rumo a uma vitória quase certa, que tinha lhe sido roubada quinze dias antes, quando o seu carro nem sequer saiu das boxes, após uma surpreendente "pole-position". Jarier tinha repetido a dose em Interlagos, e o facto de Carlos Reutemann,  seu companheiro de equipa, ter sido um "tampão", impedindo que os outros pudessem perseguir Jarier, também ajudou.

No final, o francês ficou sem motor a pouco menos de dez voltas do final. E "Môco" ainda teve forças para aguentar os ataques de Emerson Fittipaldi, que queria repetir a vitória de Buenos Aires para ser o lider destacado do campeonato e tentar o "tri". A diferença entre os dois ficou-se pelos 5,7 segundos. Cansado, saiu do carro e ergueu com dificuldade a bandeira brasileira, perante o delirio do público, que pela primeira vez, viu dois brasileiros no pódio. Só voltaria a celebrar dessa forma onze anos depois, noutro circuito, com uma nova geração de pilotos.

Lembro de ver as publicidades da época. das expectativas de verem Pace como o rival de fittipaldi e que ele poderia ser outro candidato a campeão. O carro de 1975, de facto, era bom, mas quando Bernie Ecclestone decidiu trocar pelos "flat-12" da Alfa Romeo, no ano seguinte, as coisas andaram para trás. poderia ter saído da equipa, como fez Carlos Reutemann, mas não o fez. A primeira grande recompensa aconteceu no inicio de 1977, quando é segundo classificado em Buenos Aires, atrás do surpreendente Wolf de Jody Scheckter

Só não teve tempo para mais. Bernie Ecclestone contou, tempos depois, que se não fosse Pace, não teria contratado Niki Lauda. Mas o gosto brasileiro na Brabham ficou, e ano e meio depois do seu desaparecimento, foi buscar o jovem Nelson Piquet, e ele cresceu ao ponto de conseguir dois títulos mundiais para ele. E lá ficou oito temporadas, até 1985, no mesmo em que a autarquia paulistana decidiu rebatizar o autódromo com o nome de Pace.

No final, só podemos dizer que teve tempo para saborear a vitória. Temos pena que não tenham sido mais vezes, pois não houve tempo para isso. 

Mas mesmo assim... que viva "Moco", viva!

1 comentário:

Por Dentro dos Boxes disse...

Essa foto é emblemática...

Grande Moco!!!

abs...