Depois de uma qualificação anormal, por causa das penalizações, a Formula 1 regressava à acção depois do seu mês de férias com algumas coisas interessantes de se ver. A penalização de Lewis Hamilton poderia fazer com que Nico Rosberg recuperasse a liderança do campeonato, que seria inevitável se o inglês não pontuasse neste domingo. Mas atrás dos (quase) inalcançáveis Mercedes, também teríamos de ver se os Red Bull iriam ser os segundos melhores - ou se preferirem, os melhores do resto - e conseguiriam superar os Ferrari, do qual estariam de novo num processo de renovação após a saída de James Allison.
E em termos de meio do pelotão, mesmo com as penalizações acumuladas de Fernando Alonso (que até parecia que iria largar de Amesterdão ou Colónia, passe o exagero) a colocaram-no à partida fora dos pontos, ver Jenson Button a conseguir um lugar na Q3 poderia indicar que a Honda estaria no seu processo de recuperação para chegar ao meio do pelotão. Ainda não dá para andar ao nível da Force India ou Williams, mas já começa a afastar-se de uma Toro Rosso ou da novata Haas, por exemplo.
Com isso tudo, as expectativas de corrida numa solarenga Spa-Francochamps (é raro, mas é verão!) poderiam ser algo sonolentas, se não fossem as trocas de pneus que se previam nas primeiras voltas da corrida, por causa dos compostos moles. Mas uma coisa que se aprende destes circuitos clássicos é que poderá haver sempre algo que perturbe a pacatez da corrida...
E foi o que aconteceu. A partida e as voltas seguintes do GP da Bélgica foram agitadas. As coisas começaram na primeira curva, em Eau Rouge, quando os Ferraris se desentenderam e bateram um com outro. Kimi Raikkonen foi o mais prejudicado que Sebastian Vettel, pois o carro ficou atravessado na pista, acabando por cair para o fim do pelotão. Mais adiante, mais colisões e furos, com Carlos Sainz Jr. a desistir em Les Combes, com uma asa quebrada e furo na traseira direita.
Max Verstappen tinha o bico da frente quebrado por causa da colisão com as Ferrari, mas atrás, Jenson Button andava tão lento que Pascal Wehrlein enfiou a sua frente na sua traseira por não ter travado a tempo. No final da primeira volta, tínhamos já três desistências e dois atrasos devido a danos. E em algumas equipas, os cabelos estavam já a ser puxados...
Mas nas voltas seguintes, os incidentes não pararam. Até à oitava volta, altura em que Kevin Magnussen perdeu o controle do seu Renault no Radillon, a colina imediatamente a seguir à Eau Rouge, batendo forte na barreira de pneus. Partes do carro foram arrancados com o impacto, mas o filho de Jan Magnussen, incrivelmente, saiu do que restava do carro pelo seu próprio pé!
Contudo, o Safety Car acabou por virar bandeira vermelha porque a barreira de pneus teria de ser devidamente reparada e isso não poderia acontecer com os carros a circular, mesmo andando devagar. E assim, os carros pararam nas boxes no final da nona volta. E nessa altura, a última fila era quarto (Fernando Alonso) e quinto (Lewis Hamilton). Sem terem trocado de pneus, diga-se.
Nas voltas seguintes, Hamilton aproximou-se dos da frente, passando Nico Hulkenberg na volta 18, pouco depois de Max Verstappen ter colocado Kimi Raikkonen em respeito, com o veterano finlandês a mandar mais uma das suas clássicas frases do Kimi em relação aos seus adversários...
Mas a partir daqui, as agitações acalmaram-se e a corrida entrou numa morroda que faria pensar no que isto teria sido, se não fossem os acidentes e as constantes trocas de pneus. Lewis Hamilton chegou ao terceiro posto e nunca conseguiu se aproximar de Daniel Ricciardo, quanto mais de Nico Rosberg - que nunca foi incomodado da primeira até à última volta, diga-se - enquanto que os Force India ficaram juntos na quarta e quinta posições, o seu melhor resultado de conjunto até agora, e a mostrar-se constantemente superiores à Williams.
E a ação nas voltas finais aconteceu a partir de Fernando Alonso. Conseguindo levar o seu carro ao sétimo posto, depois de ser passado por Sebastian Vettel, teve atrás de si uma luta entre os dois Williams e Kimi Raikkonen, que iriam ver quem ficariam com os lugares finais. Felipe Massa, que decidiu ficar demasiado tempo com os mesmos compostos, viu a sua posição degradar-se do sexto até quase perder o último lugar pontuável perante um Max Verstappen em carga, depois do acidente da primeira volta. Valtteri Bottas conseguiu vencer o duelo nacional com Kimi Raikkonen, mas não conseguiu apanhar Alonso, que os engenheiros da Williams julgavam que iria ser "um alvo fácil". Pois...
No final, Nico Rosberg comemorou a sua sexta vitória no ano, mas não alcançou o comando do campeonato, o que faz de Lewis Hamilton o grande vencedor desta corrida. O terceiro lugar fê-lo manter no comando do campeonato, e ele poderá não ter muitas mais penalizações, ao contrário de Nico, que nas oito corridas que faltam, deverá estar numa situação complicada num futuro próximo, que beneficiará sempre o seu companheiro de equipa. Daniel Ricciardo conseguiu um segundo lugar e exibiu uma bandeira australiana para comemorar no pódio, só para mostrar que em casa de Max, ele foi o rei. E ainda deu o seu ténis para que Mark Webber pudesse beber um gole de champanhe!
E no meio disto tudo, soubemos que Kevin Magnussen teve um tornozelo magoado, o que coloca em dúvida a sua participação no GP de Itália. E já sabem qual vai ser o assunto dos próximos dias...
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