Parece que viver com a ideia do que poderia ter sido não é fácil. E por vezes, quando há uma oportunidade para desabafar sobre isso, não se enjeita tal ideia. Toda a gente conhece mais ou menos o que faz a Red Bull com os seus pilotos da formação, que por vezes se transformam em autênticos "carne para canhão". Mas no caso de António Félix da Costa, nem foi o típico piloto que foi lá e foi "triturado", mas sim o piloto ao qual lhe prometerem uma chance e não lhe deram. E embora o piloto português, que fará 25 anos na semana que vêm, continua a sua carreira no DTM e na Formula E, correndo e vencendo, ele ainda pensa no que poderia ter acontecido se tivesse ido para a Formula 1.
"Eu tento realmente abstrair-me do fato de que eu não estou lá", começou por dizer numa entrevista publicada hoje na Motorsport.com "Mas eu estou agora a fazer comentários para a Formula 1 em Portugal [no Eurosport Extra 2], e é realmente difícil quando eu olho para eles. A maioria deles é muito talentosa, mas há outras pessoas por lá onde eu já corri com eles e os venci. E eu vejo-os realmente indo bem por lá", continuou.
"Eu sei que eu poderia ter ido bem lá, mas há uma diferença entre fazer bem e ser campeão do mundo. Eu tenho trabalhado a minha mente para abstrair-me disso. Mas há alguns dias em que eu me sinto melhor do que outros, vamos colocá-lo assim".
Contudo, o piloto de Cascais afirma que a sua ligação à BMW o colocou a correr noutras categorias onde pode continuar a demonstrar o seu talento, como na DTM e na Formula E, onde é piloto da Andretti, que tem um acordo de colaboração com a construtora alemã.
"Você sabe que a carreira de um piloto de corrida não é sobre se você não ir para a Formula 1, logo eu tenho a sorte de trabalhar com um fabricante [BMW], que é conhecido em Portugal, Alemanha, Malásia, Tailândia - de muito prestígio para mim e disso, eu não posso reclamar", declarou.
Sobre o piloto que acabou por ser o seu substituto, o russo Daniil Kvyat, Félix da Costa diz coisas boas sobre ele e espera que recupere dos seus problemas pessoais, especialmente depois da sua despromoção da Red Bull para a Toro Rosso, em abril.
"Daniil é uma pessoa super talentosa, mas quando você coloca estes jovens na Formula 1 e eles não estão prontos - e não falo apenas sobre Daniil mas poderia até mesmo colocar o Carlos [Sainz] e o Max [Verstappen] na mistura, eu poderia colocar todos esses jovens rapazes que se juntaram à Formula 1 - é bom quando tudo está bem, é super fácil lidar com uma boa pressão. Mas assim que você tem um problema, torna-se difícil e você vê todos estes jovens a sofrer um pouco mais do que os estabelecidos. O que é normal, mas o Daniil fez coisas muito boas na Formula 1, especialmente na sua temporada de estreia, que foi muito impressionante contra o JEV [Jean-Eric Vergne]" comentou.
"Eu acredito que ele merece uma chance decente. Eu não acho que aquilo que fizeram estava certo, mas agora está feito e o que agora ele precisa é de lidar com ela, e ver se ele é forte o suficiente. Eu espero que ele seja, eu o conheço bem, eu ainda falo com ele. E eu espero que ele se erga disto", concluiu.
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