Ken Tyrrell morreu, faz hoje 15 anos. O "lenhador", que foi um construtor relutante, tornou-se num nome estabelecido por 29 temporadas (1970-98), com grandes pilotos nas suas fileiras, desde Jackie Stewart a Jos Verstappen, passando por outros como Patrick Depailler, Ronnie Peterson, Didier Pironi, Michele Alboreto, Stefan Bellof, Jean Alesi, ou Mika Salo.
Tyrrell, que tinha um negócio de lenha e era piloto de Formula 3 nas horas vagas, meteu-se no negócio do automobilismo no inicio dos anos 60, primeiro na Formula Junior, e no final da década, na Formula 1. E a pessoa que o fez meter nisto era um escocês franzino, com dislexia, mas com enorme talento chamado Jackie Stewart. Em 1968, Tyrrell tinha direito aos motores Cosworth DFV V8, mas não tinha chassis. Surgiu a hipótese de ficar com a gestão da francesa Matra, e chegou a um compromisso: o escocês ficava o V8, e o seu companheiro de equipa, o francês Jean-Pierre Beltoise, ficava com o V12 francês.
Stewart nunca gostou do motor V12 da Matra por achar demasiado fraco. Adiou o que mais podia para provar que tendo os motores ingleses, iria ser campeão do mundo. No final de 1969, quando alcançou o topo (com folga) com o V8 inglês, os franceses o queriam a usar o V12, Tyrrell e Stewart decidiram correr em 1970 com o chassis da March.
Mas Tyrrell e Stewart fartaram-se de andar com a casa às costas. Tinham o melhor motor do mercado, mas precisavam de alguém para construir um chassis. O terceiro elemento nesta história é Derek Gardner, um engenheiro aeronáutico que decidiu pegar num 701 para construir o que viria a ser o chassis 001. E a partir dali, houve um período onde Tyrrell e Stewart dominaram, com dois títulos mundiais.
O auge desse período pode-se dizer que aconteceu em 1973. Tudo estava a acontecer como queriam. O modelo 006 era um dos melhores do pelotão, um dos dois que conseguia derrotar o modelo 72 da Lotus (o outro era o M23 da McLaren), e a dupla de pilotos era a segunda encarnação de "Batman e Robin" com Stewart e o seu escudeiro, o francês Francois Cevért. E Stewart chamava a Tyrrell, (que também era fanático por cricket) de "tio Ken". Mas o escocês chamava-o também de "pai Ken", por causa do modo carinhoso como todos eram criados naquela equipa.
Tudo acabou a 6 de outubro daquele ano, quando Francois Cevért morreu nos treinos do GP dos Estados Unidos. Stewart retirou-se e Ken Tyrrell não mais venceria mundiais. Ganhou corridas e apresentou chassis memoráveis (o Projeto 34 é o melhor de todos), mas a aura daqueles tempos não mais voltaria.
Sem comentários:
Enviar um comentário