Como é mais do que sabido, a Volkswagen decidiu abandonar o Mundial de ralis este ano, deixando toda a gente surpreendida por uma razão simples: a marca estava a desenvolver o seu carro para a temporada de 2017. Com esse anuncio, passa a ideia de que os testes foram abandonados e o carro irá diretamente para o museu. Contudo, nos dias seguintes ao anuncio, surgiram rumores pouco ou nunca contrariados de que a Volkswagen poderá continuar por outra forma, com os carros a serem inscritos pela Red Bull, numa aventura privada consentida pela marca de Wolfsburgo.
Contudo, Sven Smeets, o diretor desportivo da marca, nega isso: “Homologado não será, porque uma das partes do regulamento da homologação diz que um construtor tem de participar pelo menos durante uma temporada com dois carros. Mas iremos fazer um teste dentro de duas semanas de modo a finalizar o trabalho e completar a documentação necessária e as inspeções”, começou por dizer, em declarações ao jornalista Martin Holmes, na Autosport portuguesa.
Uma janela de esperança? Smeets volta a dizer que não. “Claro que o carro não será homologado até que alguém o inscreva, algo que nós não o iremos fazer. Por agora é apenas algo para fechar este capítulo. É por isso que queremos fazer este último teste, para garantir que tudo funciona, completar a papelada e a inspeção”.
Segundo conta no artigo em questão, todos os construtores tem de ter pelo menos dois carros inscritos em toda a temporada de 2017, e isso custará a médica quantia de 316.830 euros, a que se somam mais 15 mil euros para que esses dois carros marquem pontos no campeonato de construtores. Caso a Volkswagen já tenha feito esse pagamento, poderá facilitar a ideia de que a Red Bull poderá pegar no projeto e continuá-lo, e tem havido algumas ideias nesse sentido. A FIA estaria aberta à ideia de uma Taça dos Independentes, para apoiar pilotos como Martin Prokop, Lorenzo Bertelli, Ott Tanak ou Henning Solberg, entre outros, mas tal coisa é algo do qual esses mesmos pilotos não estão dispostos a passar, preferindo, em alguns casos, continuar na categoria WRC2, pois tem as possibilidades alargadas para o Europeu de Ralis ou campeonatos nacionais, com os modelos R5, um pouco menos potentes e mais baratos.
Contudo, o mesmo Martin Holmes fala de três razões para o qual a Volkswagen queira homologar o Polo, sem ser para "limpar a consciência" e colocá-los no museu da marca e andar a passear nos Clássicos de daqui a 30 anos.
1 – Mais uma vez, porque o pagamento da homologação já tinha sido sido efetuado, e a Volkswagen quer agora rentabilizar esse investimento com um carro pronto a correr que necessita apenas de alguém que queira pegar nele, o que até se coaduna com a nova política de ‘carros-cliente’ anunciada no início de novembro.
2 – Numa tentativa de manter os seus empregos na área que mais gostam, as pessoas gostam de se manter ocupadas com atividades relacionadas com o desporto motorizado de modo a justificar a existência do departamento e das 200 pessoas que trabalham na VW Motorsport.
3 – Talvez a homologação do carro seja necessária para que alguns dos seus componentes (o motor, por exemplo) possam ser utilizados noutras formas de desporto motorizado. O TCR está fora de questão, porque um motor do WRC é de competição e não derivado de série. Mas… e o WTCC?
Se no primeiro caso, há um patrocinador que se coaduna nisso, que é a Red Bull, o segundo pode-se dizer que neste momento já há um preparador para os carros do TCR, quer para o Internacional, quer para os vários campeonatos nacionais e regionais, logo, manter todos eles não é compatível, e alguns teriam de ser dispensados, nomeadamente na área do desenvolvimento dos motores, pela terceira razão explicada.
E sobre essa mesma terceira razão, a ideia de ter mais um construtor num WTCC que está em perda (a Citroen e a Lada vão embora, e a Volvo não é consolação suficiente) não tem muita lógica, quando se sabe que ela tem o Golf no TCR, por exemplo. E ainda se fala que o regulamento desportivo de 2017 ainda não está homologado pela FIA. Isso só vai acontecer no mês que vêm, na reunião do Conselho Mundial, que terá lugar em Viena. E a FIA já demonstrou por mais do que uma vez moldar esse regulamento a favor da marca de Wolfsburgo...
E também tem mais uma coisa: oficialmente, nenhum dos seus pilotos está liberto das suas obrigações contratuais com a marca alemã, apesar de saber que Sebastien Ogier anda a testar com os outros carros do Mundial, como a Toyota, e hoje, a Ford. Apesar de faltar cerca de dois meses para o inicio do Mundial, em Monte Carlo, e haver tempo mais do que suficiente para eles arranjarem um lugar, quer como pilotos oficiais, quer como privados, manter tudo como dantes ainda é uma opção bem válida.
Enfim, veremos como terminará este mistério do WRC.
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