A Tag Heuer tem uma frase que cunharam desde o inicio da década de 90, quando Ayrton Senna era o seu "garoto-propaganda": "Don't Crack Under Pressure". A escolha do piloto brasileiro era a ideal porque ele era capaz de ser fenomenal, especialmente nas qualificações. Por 65 vezes, mostrou que era imbatível, concentrava-se como muito poucos e fazia coisas do qual somente "extraterrestres" seriam capazes de fazer. A frase desapareceu com a morte do piloto, em 1994, e somente regressou no ano passado com outro "garoto-propaganda" que também fala português: o futebolista Cristiano Ronaldo.
Neste último fim de semana da temporada de 2016 do Mundial de Formula 1, a uma pessoa resta saber se consegue aguentar a pressão. Não fala português (mas fala espanhol), é piloto de Formula 1 e é filho de um campeão do mundo. Chama-se Nico Rosberg. Hoje, deveria ter tido a tarefa de bater Lewis Hamilton na qualificação, mas não conseguiu. O piloto britânico vai partir da pole-position, e ao vê-lo no segundo posto, há quem comece a pensar que é uma movimentação pragmática - a diferença entre ambos é de 12 pontos - mas há quem também pense que o filho de Keke não tem estofo para ser campeão, como Mark Webber tinha em 2010, antes de se ter deixado passar por Sebastian Vettel. Por exemplo.
Mas vamos ao que interessa.
Debaixo do lusco-fusco árabe, a qualificação começou com os carros da Haas a serem os primeiros, seguido pelo pessoal da Manor, Sauber e Toro Rosso, que normalmente se esforçam para sair da Q1. Depois vieram os pilotos da Mercedes, para marcar um tempo e voltar para as boxes, à espera da segunda parte, com Hamilton a fazer 1.39,487, enquanto que Nico Rosberg fez 1.40,511. Tudo se enfileirou tal como estava hierarquicamente previsto, enquanto que na cauda do pelotão, Felipe Nasr parecia ter uma grande chance para passar. Mas Pascal Wehrlein tirou-lhe o tapete do chão e foi ele que passou para a segunda fase. Nasr ficou assim a fazer companhia ao seu companheiro de equipa, Marcus Ericsson, o companheiro de equipa de Wehrlein, Esteban Ocon, o Renault de Kevin Magnussen e os Toro Rosso de Daniil Kvyat e Carlos Cainz Jr.
Quando se passou para a Q2, os primeiros a sairem para a pista foram os Mercedes de Lewis Hamilton e Nico Rosberg. O inglês colocou o seu carro num tempo de 1.39,382, com Rosberg a aparecer um décimo atrás dele. Atrás, Red Bull e Ferrari lutavam pelo lugar mais baixo do pódio, primeiro com Kimi Raikkonen a marcar um tempo, seguido por Max Verstappen e Sebastian Vettel. Daniel Ricciardo colocou pneus moles, mas não conseguiu mais do que o sexto posto.
Atrás, todos tentavam um lugar para se manter na qualificação. Sabia-se que Williams, Haas e McLaren davam o seu melhor para os lugares em sobra - Force India não contava, porque conseguiu cedo colocar os seus carros em zona segura - e no final, Fernando Alonso e Felipe Massa foram os felizes contemplados. Quem ficou "a ver navios" foram Jenson Button - na última qualificação da sua carreira - Valtteri Bottas, os Haas de Romain Grosjan e Esteban Gutierrez, o Renault de Joylon Palmer e o Manor de Pascal Wehrlein.
Chegados à Q3, era a parte mais interessante, para saber se Hamilton conseguia manter o ritmo das fases anteriores, ou se Rosberg tinha alguma carta na manga. Primeiro, fez 1.39,013 e deixou toda a gente sem grandes chances de responder. E pior, na segunda tentativa, depois de trocar de pneus, baixou para 1.38,755, com Rosberg a conseguir apenas um tempo três décimos superior. Daniel Ricciardo ficou com o terceiro melhor tempo, conseguido superar os dois Ferraris e o seu companheiro de equipa, mas ficou a meros oito décimos de segundo. E Max Verstappen, que ficou com o sexto melhor tempo, ficou a um segundo do tempo do britânico.
Na parte final, os Force India ficaram com a quarta fila, enquanto que Fernando Alonso e Felipe Massa ficam com o nono e o décimo tempo, respectivamente.
No final, parece que o inglês ganhou o primeiro "round" da chance da revalidação do campeonato, mas o alemão tem tudo a seu favor, desde que tudo corra bem. E não precisa de andar na frente dele, basta andar atrás...
Veremos como vai ser amanhã.
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