Este domingo houve um referendo na Catalunha que, não tendo nada a ver com o desporto, tem mais consequências do que poderemos imaginar. Todos viram que nas últimas semanas, houve um conflito entre o governo central de Madrid, que tenta a todo o custo manter a unidade nacional, e o governo autonómico da Catalunha, que se rebelou, fazendo um referendo do qual segundo os últimos resultados, foi aprovado por 90 por cento dos votos, apesar das tentativas da policia de impedir a votação, com a policia nas ruas a espancar manifestantes. No final, 850 pessoas ficaram feridas.
O desfecho é incerto. De uma certa forma, o que aconteceu este domingo é o final de um capitulo, não o final deste problema. É que tudo está incerto. Uma das hipóteses é uma Declaração Unilateral de Independência (DUI), que poderá acontecer nos próximos dias, a começar na terça-feira. De uma certa forma, isso poderá acitar ainda mais os ânimos, levando a coisas como a presença do exército nas ruas, uma consequência da aplicação do artigo 155, que é o da suspensão da autonomia catalã.
E isso é um problema, daí entrar o aspecto desportivo (e automobilístico da coisa). É verdade que o FC Barcelona, um dos clubes mais poderosos da Europa, poderá desintegrar o campeonato espanhol, caso decida sair, acompanhado por Español e Girona, outros clubes catalães na I Liga. Mas no automobilismo, a Catalunha é um elemento importante, por várias razões.
Primeiro que tudo, o Rali da Catalunha, que se vai disputar no fim de semana de entre 6 e 8 de outubro, dentro de uma semana. É verdade que a corrida está concentrada noutra cidade, em Salou, não muito longe da capital, mas os muitos milhares de espectadores que acompanharão o rali poderão fazer algo do qual possam dar nas vistas aos olhos do mundo, ou então, que a DUI aconteça na véspera ou nos dias desse rali, logo o risco de interrupções poderá ser real.
Depois disso, passamos para os desportos de pista. Montmeló situa-se nos arredores de Barcelona e é palco do GP de Espanha de Formula 1 e da Catalunha de MotoGP. É uma pista importante, do qual os testes de pré-época costumam a ser feitos por lá. Um arrastamento da situação poderá perturbar a corrida no calendário e o futuro da pista, para além de saber se quererá acolher um GP de Espanha num país, à partida... estrangeiro. Sendo assim, se por algum motivo, não se pode acolher corridas em Montmeló, tem de haver alternativas. E o único circuito espanhol que está neste momento com Grau 1 da FIA é o de Jerez, no sul do país, embora também possa acolher os testes de pré-temporada.
Contudo, nesse campo, poderão existir outras alternativas, como o regressado Paul Ricard... e Portimão, que já acolheu testes da Formula 1 em 2009.
Em suma, o problema catalão demonstrou até que ponto o automobilismo e o motociclismo está concentrado na Catalunha. O melhor circuito está em território catalão, o rali que lhes dá cabeça de cartaz está em território catalão, é deve-se começar a pensar em alternativas, caso as coisas por lá comecem a perder o controlo. É que por estes dias, não se sabe bem como é que isto vai acabar, se algum dos lados cede ou o pior pode acontecer. É que muitos ainda se lembram da desintegração da Jugoslávia, há 16 anos...
1 comentário:
Seria ótimo trocar Montmeló por Portimão!
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