Nesta revista argentina, o titulo não está na capa, mas quando se lê a página que dá o título ao artigo, esta é exemplar: "La victoria perfecta". A vitória perfeita. E é verdade: das 16 vezes em que Stirling Moss fez cantar o "God Save the Queen", esta é daquelas que entram na história. Pois era uma que ninguém esperava, e no final, deveu-se a uma mistura, de manhã, técnica e um pouco de milagre.
O Cooper que ele guiou não tinha qualquer chance de vitória contra os Ferrari e os Maserati. Os organizadores achavam que ele tinha feito pouco deles quando apareceu em Buenos Aires com aquele carro de motor traseiro, mas no final, foi uma vitória da astúcia: os pneus aguentarem toda uma corrida, ao contrário dos outros, que tiveram de trocar de pneus e reabastecer ao longo da corrida.
Noss fez das fraquezas, forças e alcançou uma vitória impossivel, que o elevou à qualidade de génio. Ele, e o seu mecânico chefe, Alf Francis, bem como Rob Walker, o chefe de equipa e o privado mais bem sucedido da história da Formula 1. Com Moss ao volante, conseguiu cinco das sete vitórias que alcançou na sua carreira, entre 1958 e 1968.
E ninguém na altura previa isto, mas ele tinha acabado de colocar o primeiro prego no caixão dos carros com motor à frente. Um ano depois, os Cooper dominariam o pelotão e em 1961, todos os carros, até a Ferrari, teriam os seus motores na traseira.
Por coincidência, estava a escrever este post quando li uma noticia no seu site oficial por parte do seu filho, indicando que Moss iria se retirar de vez das reuniões de carros antigos. Os 88 anos e as suas doenças recentes, de uma certa forma, o fizeram tomar tal decisão.
Eis a declaração:
"Para todos os seus muitos amigos e fãs ao redor do mundo, que usam seu site para atualizações regulares, meu pai gostaria de anunciar que o vai encerrar.
Após as graves infecções no final de 2016 e a posterior recuperação, que foi lenta e árdua, foi tomada a decisão de que, aos 88 anos de idade, o infatigável finalmente se iria reformar-se, de modo que ele e minha mãe possam ter um merecido descanso e passar mais tempo uns com os outros e o resto da família.
O extenso clã Moss agradece a todos por todo o seu amor e apoio ao longo dos anos e desejamos a todos um feliz e próspero 2018", concluiu.
De uma certa forma, Moss está a assistir ao pôr do sol da sua vida. Foi longa e cheia, foi amado por tudo e por todos, e sobreviveu a uma época perigosa. E na semana em que, vocês sabem, nos despedimos de outra lenda do automobilismo, Dan Gurney, e no momento em que escrevo isto, poderemos dizer que nós, os que não vimos correr, fomos uns privilegiados por o termos ouvido as suas histórias, e guiado os carros do seu passado, agora muito distante. Ele é o vencedor mais antigo ainda vivo, e um dos dois sobreviventes que venceram corridas ainda nos anos 50 - o outro é Tony Brooks, esse agora com 85 anos.
E em breve, também passará à História. É inevitável, acontece a todos nós. Mas por agora, podemos celebrar o privilégio de o termos visto.
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