A história que vos vou contar só alguns amigos meus sabem. Eu tenho guardado no meu computador uma pasta com alguns artigos escritos por mim para o dia em que Michael Schumacher morrer. Fi-lo mais ou menos na altura em que ele ainda lutava pela vida no hospital em Grenoble, algures em 2014. Mas não é só o seu obituário. Com o tempo, escrevi mais alguns artigos sobre a sua carreira, e especialmente, sobre as suas polémicas, como a de Adelaide, em 1994, que deu o seu primeiro título mundial.
Há mais, muitos mais incidentes em que o piloto alemão esteve envolvido ao longo da sua carreira. Não foi só Adelaide ou Jerez. Houve outros incidentes, mais pequenos e menos danosos, onde ele esteve envolvido, e claro, deu a reputação de "Dick Vigarista", como dizem os brasileiros.
É interessante - e pode parecer controverso, eu sei - falar sobre este lado negro do piloto alemão. Mas quando se fala destes pilotos, que marcam toda uma geração, e quando se fica numa espécie de "morte para a vida", temos a tendência para esquecer os seus defeitos e endeusar as suas virtudes. Como muitos brasileiros fazem a Ayrton Senna, quase o colocando num pedestal deifico, do qual os detratores os chamam de "viúvas".
Mas quando mostro esta parte, o que mais desejo é humanizar o piloto. Dizer que ele era um ser humano, com virtudes e defeitos. Os títulos mundiais, vitórias e demonstrações de pilotagem como a que teve no GP de Espanha de 1996, por exemplo, não podem ser magnificadas a ponto de esquecermos que teve um lado negro. De propósito ou não, estas coisas aconteceram. E mostrar todos estes lados é a melhor maneira de entendermos quem foi Michael Schumacher, e também adicionam fascínio sobre o piloto alemão, um dos melhores da história do automobilismo, e que faz hoje meio século de vida.
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